• 16 de maio de 2024

O FINO DA POLÍTICA | Silenciosamente, políticos do DF já se mexem nos bastidores mirando a sucessão de Ibaneis Rocha

Silenciosamente, políticos do DF já se mexem nos bastidores mirando a sucessão de Ibaneis Rocha 

Foto: Renato Alves/Ag. Brasília

Apesar de 2026 estar bem longe para se falar em eleições, os possíveis candidatos à sucessão de Ibaneis Rocha, do MDB, e seus respectivos grupos de apoiadores, já estão se movimentando, silenciosamente, nos bastidores. Como o emedebista está em seu segundo mandato, e a lei só permite uma reeleição para cargos no Executivo (presidente, governador e prefeito), os players que almejam sentar na cadeira querem estar bem posicionados e com força para vencer a disputa eleitoral. Os mais experimentados na política sabem que o projeto de uma campanha majoritária se inicia assim que acaba a eleição anterior. Essa estratégia de colocar a cara para fora e começar a articular uma aliança futura faz parte do jogo. Quem optar pelo discurso de que ainda é cedo para se discutir as eleições de 2026, quando chegar a época, vai ficar ‘falando sozinho’ como diz o mineiro.

Voltou com moral e vai influenciar 

Como ocupante da cadeira de governador do DF, Ibaneis Rocha tem tudo para fazer o seu sucessor em 2026. O emedebista voltou com a moral lá em cima depois de ter sido afastado do cargo, de forma arbitrária e sem provas de qualquer interferência ou envolvimento com os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro, logo após o início de seu segundo mandato. Ibaneis sabe que seu apoio, dependendo de como esteja a sua popularidade e os números de seu governo, vai influenciar e deve ser fator determinante na futura disputa eleitoral. 

Sucessora natural

Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

Articulada e com bom trâmite no meio político na esfera distrital e federal, a vice-governadora Celina Leão, do PP, larga na frente dos demais concorrentes. Celina é a sucessora natural de Ibaneis Rocha. Em 2026, ela estará com a caneta e a máquina governamental na mão, caso as notícias de que Ibaneis vai concorrer ao Senado se confirmem. Contudo, a leoa tem ciência que terá que medir bem os seus passos e suas ações para não gerar ciúmes e não correr o risco de ser abatida da disputa até lá. É como se ela estivesse numa posição de vantagem e desvantagem ao mesmo tempo.

Politicamente, Celina e seu grupo estão bem posicionados e foram contemplados com cargos na estrutura do GDF, o que ajuda a projetar a imagem da leoa no cenário e a coloca em evidência para o eleitor. Por ora, nesses últimos dias, Celina Leão resolveu submergir após passar mais de 60 dias exercendo a titularidade do cargo. A leoa já deu sinais de que está se preparando para encarar a disputa.

Herdeiras do bolsonarismo

Foto: Reprodução/Facebook

Além de Celina, outras duas mulheres também figuram entre as possíveis postulantes ao GDF em 2026: a senadora Damares Alves, do Republicanos, e a deputada federal Bia Kicis, do PL. Pode-se dizer que as duas são herdeiras do bolsonarismo aqui no DF e vão buscar cooptar os simpatizantes do ex-presidente, que devem se manter num bom número até 2026, para entrar no pleito. Das duas, Bia Kicis já falou, inclusive em entrevista no Café Expressão, podcast do Expressão Brasiliense, que tem a pretensão de concorrer a um cargo majoritário nas próximas eleições. A federal disse que tanto pode disputar uma das duas vagas ao Senado, como tentar o GDF. Já a estreante Damares, ainda tem muito chão para percorrer caso queira entrar nessa disputa. A senadora concorreu a um cargo eletivo pela primeira vez tendo como cabo eleitoral de luxo a então primeira-dama Michelle Bolsonaro. Como tem mandato de oito anos no Senado, nos bastidores cogita-se que Damares possa se lançar na disputa só para marcar posição e quem sabe ajudar a colega bolsonarista Bia Kicis a trocar de casa no Congresso Nacional. 

Correligionário distante

Foto: Divulgação/Site Dep. Rafael Prudente

Outro que é apontado como pretendente ao cargo de governador do DF, que por sinal é do mesmo partido de Ibaneis Rocha, o MDB, é o deputado federal Rafael Prudente. Nos bastidores, o nome do ex-presidente da CLDF tem sido propagado por seu grupo. Com a ida para o Congresso Nacional, Prudente vem tentando se cacifar como um dos líderes da bancada do DF e vem travando uma disputa com o senador Izalci, do PSDB-DF, para tentar exercer a função de coordenador do grupo. Já estamos em abril e até agora nada. Quanto a uma possível candidatura de Rafael Prudente ao GDF com o apoio de Ibaneis e do restante do MDB, tudo dependerá do cenário. Por enquanto, o federal tem ficado na sua, só observando, e seus apoiadores se movimentando na surdina nos bastidores. 

Cavando um espaço 

Foto: Renato Alves/Ag. Brasília

Quem pode tentar chegar novamente ao Palácio do Buriti será o senador Izalci. O tucano adota o discurso de que ainda é cedo para se falar em 2026, mas, como mineiro que é e gosta de comer quieto, o senador já está correndo o trecho. Izalci vem buscando cavar um espaço junto ao governador Ibaneis. Ele tem sido convidado para eventos com o emedebista, que passou a ver o tucano com outros olhos após ele ser um dos primeiros a sair em sua defesa no período em que esteve afastado. Muito se fala que o gesto de Izalci serviu para Ibaneis Rocha passar a medir com outra régua seus aliados. Muitos ficaram ‘caladinhos’ enquanto Izalci, e até mesmo outro adversário, o deputado Alberto Fraga, do PL, pediram publicamente o seu retorno ao cargo.

Grupo ficou sem rumo 

Foto: Reprodução/Google Imagens

Um outro assunto que é muito especulado nos bastidores é como vai ficar o grupo do ex-casal Arruda. Ainda não se sabe ao certo como ficará a questão da atuação política do ex-governador José Roberto Arruda e da ex-deputada e ex-ministra, que ainda se apresenta nas redes sociais como Flávia Arruda. Os seus apoiadores ficaram sem rumo após o acontecido. Com isso, não se sabe ao certo como eles chegarão para o pleito em 2026. Porém, como já se viu de tudo na política do DF, não será surpresa para ninguém que eles atuem juntos.

Esquerda quer voltar ao jogo

Foto: Reprodução/Google Imagens

Com o retorno de Lula ao Palácio do Planalto, os partidos da esquerda do DF, em especial o PT e o PSB, passaram a alimentar o desejo de voltar a comandar a capital da República. Contudo, a ‘companheirada’ precisa resolver as pendengas entre eles. O PT hoje não possui um líder à altura de entrar num pleito desse porte. Na última eleição, os petistas tiveram que engolir um ‘violeiro de araque’ como eles dizem. Nos bastidores, alguns ‘companheiros’ tentam cooptar o conselheiro do TCDF, Paulo Tadeu, que era uma das estrelas do partido, e convencê-lo a antecipar sua aposentadoria para entrar em campo em 2026 para que seja o candidato de Lula e do PT ao GDF. Tadeu foi distrital por três mandatos e exerceu o cargo de deputado federal por dois anos até ir para o órgão de controle. Até então, ele não fez nenhum gesto. Já o PSB, está esfacelado desde o governo deprimente de Rodrigo Rollemberg. Na última eleição, os pessebistas tiveram um desempenho pífio. Rollemberg pode ter uma sobrevida caso tenha a sorte grande e consiga voltar para a Câmara dos Deputados. O STF está julgando uma ação movida por seu partido requerendo a última vaga na distribuição das sobras. Se a esquerda bobear vão continuar sendo meros coadjuvantes.

Impressões do momento

Só para deixar claro para o leitor da coluna que essas análises sobre a disputa para 2026 refletem uma leitura do que está acontecendo no atual momento nos bastidores. Todas essas impressões podem mudar de acordo com as movimentações e articulações, e o que vir a acontecer sem estar no script. O que podemos afirmar, com toda certeza, é que ninguém está parado esperando chegar 2026.

Primeiros 100 dias de governo Ibaneis

Os primeiros 100 dias do segundo governo Ibaneis foram praticamente 64% comandados pela sua vice Celina Leão. A instabilidade política ocasionada pelos atos de vandalismo que ocorreram na capital da República prejudicou o desempenho do GDF nesse período. Havia um clima de tensão e todos estavam aguardando ansiosos a retomada da autonomia política do DF por completa com a volta de Ibaneis Rocha ao cargo. No entanto, o GDF conseguiu avançar e realizar algumas benfeitorias e ações pontuais nesses 100 dias. O governo Ibaneis já vem cumprindo algumas promessas de campanha como a concessão de reajuste para os servidores do GDF, o envio do pedido de reajuste para as forças de segurança pública do DF, nomeou e deu posse a novos servidores, regularizou algumas áreas, entregou e lançou obras, entre outros feitos.

Gilvan Máximo nas mãos de ‘Xandão’

Foto: Divulgação/Ag. Câmara

O julgamento das ações movidas por partidos junto ao STF questionando o cálculo da distribuição das vagas das sobras eleitorais pode tirar o mandato de deputado federal do ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF, Gilvan Máximo, do Republicanos. Como já citado acima, o PSB, partido de Rodrigo Rollemberg, aguarda uma posição do Tribunal em relação à nova regra aplicada pela Justiça Eleitoral nas eleições passadas. Com a mudança, os partidos que não alcançaram 80% do quociente eleitoral não têm direito a participar da terceira etapa da distribuição das cadeiras remanescentes, situação em que ocasionou que Gilvan ficasse com a vaga. O STF começou a julgar o caso, mas o ministro Alexandre de Moraes pediu vista e o julgamento foi suspenso. O placar está favorável para Gilvan, mas já se fala nos corredores do Judiciário que ‘Xandão’ pode abrir um voto divergente do relator, ministro Ricardo Lewandowski, que está de saída. Lewandowski entendeu que a regra só deve valer a partir de 2024, o que salvaria a pele de Gilvan Máximo.  

Feliz Páscoa a todos!

* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – desde 2021.

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José Fernando Vilela

José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado), partidos políticos, parlamentares e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É presidente da ABBP - Associação Brasileira de Portais de Notícias - desde 2021.

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