Movimentações de Bolsonaro e Moro mexem com articulações e alianças no DF
As alianças realizadas pelos partidos em âmbito nacional, com vistas a potencializar as chances de vitória nas urnas numa disputa eleitoral, tendem a se repetir nos estados. Na semana que passou, os bastidores da política ficaram movimentados com o anúncio da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, partido de Valdemar Costa Neto, que estava marcada para dia 22 deste mês e foi adiada neste domingo, e com a chegada do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos.
No DF, esses dois partidos possuem em seus quadros dois políticos que podem se enfrentar nas urnas no ano que vem ou não. O PL-DF tem como sua maior estrela a ministra e deputada Flávia Arruda, que hoje está na Secretaria de Governo da Presidência cuidando de uma parte da articulação política do governo Bolsonaro junto ao Congresso Nacional. Já no Podemos, o senador Reguffe é a menina dos olhos do partido.
Flávia e Reguffe ainda não se definiram a qual cargo vão disputar em 2022, mas as chances de haver embate entre eles existe e dependem muito das alianças e articulações realizadas pelas cúpulas de seus partidos para a disputa presidencial.
De que lado ficam os Arrudas?
Com a possível filiação do presidente Bolsonaro ao PL, já se fala nos bastidores que a ministra Flávia Arruda, que comanda o partido no DF, juntamente com seu marido e ex-governador do DF, José Roberto Arruda, está prestes a pular fora do barco de Ibaneis Rocha, do MDB, que anunciou que vai disputar a reeleição no próximo ano, e se candidatar ao GDF com o apoio do presidente Bolsonaro, que vai precisar de um palanque na capital federal. Por isso, tem muita gente se fazendo essa pergunta.
Aliança pré-anunciada
Em maio deste ano, Flávia Arruda foi a casa do governador Ibaneis e firmou aliança para que ela fosse a candidata ao Senado em 2022 na chapa do emedebista. Fontes palacianas garantem que esse acordo ainda está de pé. Contudo, as movimentações dos Arrudas estão sendo monitoradas com lupa. Dizem que Ibaneis está apenas observando, pois do lado dele tudo está transcorrendo conforme o combinado.
2014 pode se repetir
Caso, a ministra e deputada Flávia Arruda se candidate ao GDF, ela pode voltar a sentir o gosto amargo da derrota nas urnas como foi em 2014. Naquela disputa, Flávia era a vice de Jofran Frejat, que encabeçou a chapa substituindo o ex-governador Arruda, impedido de concorrer por ter problemas com a Justiça. Flávia e Frejat perderam para o esquerdista Rodrigo Rollemberg e ficou comprovado que o ex-governador não é um fenômeno eleitoral a ponto de transferir votos.
E como fica Reguffe?
Já o senador Reguffe terá que se definir o quanto antes sobre seu futuro político. O parlamentar vem se esquivando de dar declarações públicas quanto a suas articulações e pretensas futuras alianças para 2022, mas diante das movimentações do Podemos, não lhe restará outra alternativa do que se decidir de uma vez por todas a qual cargo vai concorrer no próximo ano. Interlocutores da legenda disseram a este colunista que Reguffe tem total liberdade para escolher entre ser candidato ao Senado ou ao GDF, desde que garanta palanque para Sérgio Moro.
Eleitores mais para a esquerda
O dilema que Reguffe tem pela frente é com seus eleitores. O senador sempre se elegeu defendendo ideais e celebrando alianças com partidos de esquerda e a maioria dos que votam nele são simpatizantes dessa corrente política. Vai ser difícil Reguffe convencer seu eleitorado a votar em Sérgio Moro para presidente, que defende ideais de direita. Pelo visto, nem o próprio senador Reguffe está convencido em votar em Sérgio Moro, ele não esteve no ato de filiação do ex-juiz.
Antiga casa
Se permanecer no Podemos, o senador pode ter a sua trajetória política interrompida, pois o perfil do eleitor ‘morista’ diverge do eleitor ‘reguffista’. A solução pode ser a ida para outra legenda. Antes do Podemos, Reguffe estava no PDT, inclusive já se fala que ele voltará para sua antiga casa. No entanto, ainda não temos notícias se ‘o bom filho a casa retorna’ ou se será ‘rejeitado como um filho bastardo’. Vamos acompanhar.
Pulando a cerca de novo
O diretor do Detran-DF, Zélio Maia, está ganhando a fama de ‘bom pulador de cerca’. Recentemente, Zélio andou se engraçando com um grupo político adversário ao governo Ibaneis. Enquadrado, o diretor jurou amores ao atual comando do GDF e segue no cargo. Eis que uma foto deixou muita gente no meio político intrigada. Será se Zélio está pulando a cerca de novo?
Parceria com José Gomes
O diretor da autarquia já andou manifestando publicamente o seu desejo de se candidatar no próximo ano. Com isso, o deputado José Gomes, recém-empossado presidente do PTB-DF, convidou Zélio para a legenda e o advogado aceitou e fez juras de amor ao distrital e ao partido. Gomes passou então a contar com o diretor no seu rol de pré-candidatos.
Namoro com Negreiros e PSD
O que o deputado não esperava era ver Zélio Maia numa foto ao lado de Robério Negreiros, deputado distrital do PSD e que atua no mesmo ramo empresarial de José Gomes, no ato de filiação do senador Rodrigo Pacheco ao partido do colega distrital. Além de Negreiros, Zélio posa na foto com Paulo Octávio, presidente do PSD-DF, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. Parece que ele andou jurando amores por lá também e José Gomes já sabe da pulada de cerca.
Julinha ‘paz e amor’
A deputada Julia Lucy, do Novo, anda mostrando que sabe cortar para os dois lados. Na CLDF, Julia faz parte do rol de distritais que fazem oposição ao governo Ibaneis. Só que na última quinta (11), a distrital se fez presente na entrega de escrituras pela Codhab a moradores de Samambaia.
Julia divulgou em suas redes que destinou emenda de R$ 1 milhão para a construção de casas populares na região. Parece que a distrital adotou uma nova postura em relação ao governo Ibaneis, é a Julinha ‘paz e amor’.
Luiz Estevão começou a aparecer
O ex-senador Luiz Estevão está aos poucos voltando a aparecer em público. Na última terça, dia 9, ele participou de reunião da Federação de Futebol do DF que definiu as regras e calendário do Candangão 2022, principal torneio do esporte na capital. Ele esteve acompanhando a sua filha Luíza Estevão, vice-presidente do Brasiliense, e sentou-se à mesa como patrocinador do clube. Ele não participava desse encontro desde 2015. No ano seguinte, ele foi preso.
Comando do PRTB
O fato de Luiz Estevão ter ‘aparecido’ no meio futebolístico levantou suspeitas de que ele está prestes a fazer o mesmo no meio político. O ex-senador ainda detém o comando do PRTB e as últimas movimentações de suas empresas de comunicação dão a entender que ele quer estar inserido nas eleições de 2022.
Tudo junto e misturado
Recentemente, Luiz Estevão mudou as sedes da emissora de rádio e do portal de notícias que pertencem a seu grupo para o mesmo prédio. A ideia é integrar os dois canais de comunicação e fazer com que ambos atuem de acordo com seus interesses. Já existe até a figura do censor, assim como se fazia na época dos militares, e nada sobre política passa despercebido aos olhos do chefe.
* José Fernando Vilela é editor-chefe e colunista deste portal. A coluna O Fino da Política é publicada todos os domingos.