• 24 de novembro de 2024

Mal cuidada, Brasília perto de completar 60 anos sofre com a falta de manutenção continuada da obra de JK

Por José Fernando Vilela*

A notícia de que os ônibus não podem circular no piso superior da Rodoviária do Plano Piloto, levando a interdição do local, preocupa quem ama essa cidade e sofre junto com ela. 

Ver Brasília, essa obra fenomenal iniciada pelo mineiro Juscelino Kubitscheck, tão maltratada e mal cuidada, é de partir o coração. Escolher um culpado para o descaso com nosso patrimônio arquitetônico, na atual conjuntura é fácil, o difícil vai ser recuperá-lo de forma rápida. 

O terminal rodoviário, situado no exato ponto de cruzamento entre os eixos rodoviário e monumental, recebe diariamente 700 mil pessoas. É a partir da Rodoviária que se tem a referência de distância da capital para o restante do Brasil. É o nosso marco zero. Porém, a falta de manutenção continuada do local nos faz conviver com o risco de que venha a desabar e possivelmente acontecer um acidente trágico e que pode deixar feridas que ficarão na nossa memória.

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Mas, não é somente a Rodoviária que precisa de manutenção continuada. Hoje somos obrigados a ver o nosso Parque da Cidade abandonado. Somente os pontos que são explorados por terceiros que funcionam. A Casa de Chá da Praça dos Três Poderes também precisa de atenção especial. Ano passado, parte do viaduto sobre a Galeria dos Estados desabou. Neste ano, peças do viaduto que liga o Setor Policial Sul a EPTG se desprenderam e a região teve que ser interditada. A reforma do Teatro Nacional está engatinhando. A Torre de TV também está passando por reforma. A Concha Acústica abandonada. O Museu Vivo da Memória Candanga sofre com os retalhos.

Se continuar desse jeito, daqui a pouco teremos que alterar a história de Brasília para lembrar que aqui um dia teve um parque, um teatro, uma torre e um terminal rodoviário no centro da cidade. Oxalá, não se tornem ruínas de uma capital que nasceu para nos encher de esperança e jorrar leite e mel. 

Os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, onde quer que estejam, devem estar decepcionados e deprimidos com aqueles que têm a obrigação de zelar pelo patrimônio erguido. Chegar aos 60 anos de fundação com tantos problemas em suas estruturas não era bem isso que os dois idealizaram para a nossa Brasília. 

*José Fernando Vilela é jornalista, blogueiro, radialista, filho, marido, pai e botafoguense.

 

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