A euforia dos arrudistas que sonham em ver o ex-governador José Roberto Arruda de volta ao Buriti pode acabar a qualquer momento — ou se arrastar até a campanha eleitoral de 2026. Nesta segunda-feira (6), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, deu um prazo de cinco dias para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), apresentem as razões que motivaram as mudanças na Lei da Ficha Limpa.
Entre as principais polêmicas geradas pela alteração da legislação está a retroatividade da aplicação da lei, que pode beneficiar políticos condenados como Arruda, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, e o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, entre outros nomes com a ficha bem conhecida pela Justiça brasileira.
O dispositivo aprovado no Congresso e arquitetado por senadores e deputados pretendia permitir que a Lei da Ficha Limpa retroagisse como uma espécie de “salvo-conduto” para quem foi condenado por improbidade administrativa ou corrupção. Mas Lula vetou a manobra.
Fontes no Congresso afirmam, no entanto, que o veto petista foi combinado com os parlamentares. Em bom português: Lula veta agora, e depois deputados e senadores derrubam o veto — aquela velha encenação de Brasília que o eleitor já conhece de cor.
Nos corredores do Congresso Nacional, circula o rumor de que os parlamentares estão dispostos a derrubar os vetos de Lula para abrir caminho ao retorno de políticos “mais sujos do que pau de galinheiro”, como Arruda, Cunha e companhia.
Diante desse cenário, a ministra Cármen Lúcia determinou que Lula e Alcolumbre apresentem explicações formais nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) protocolada pelo partido Rede Sustentabilidade contra a flexibilização da Ficha Limpa.
O partido também pediu que a ministra suspenda os efeitos da mudança na lei, de forma cautelar. Conhecida por sua prudência e rigor, Cármen Lúcia preferiu cobrar explicações antes de decidir.
Vale lembrar que em 2022, a ministra Cármen Lúcia foi quem barrou a candidatura de Arruda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Arruda segue inelegível
Como antecipou a coluna O Fino da Política no último domingo (5), José Roberto Arruda continua inelegível. Se as eleições fossem hoje, o ex-governador do DF estaria fora da disputa pelo Buriti.
Especialistas em Direito Eleitoral afirmam que Arruda não está apto a concorrer, embora o próprio político insista em criar uma narrativa de que já estaria liberado para disputar qualquer cargo nas eleições de 2026.
Nos bastidores, há quem diga que Arruda quer repetir a estratégia de 2014, quando levou sua candidatura até o limite do prazo e acabou deixando seus apoiadores “chupando dedo”, entregando o comando do GDF de bandeja para Rodrigo Rollemberg, considerado o pior governador da história de Brasília.
Amigo do forasteiro
E se o novo “ungido” de Arruda for o forasteiro Ricardo Cappelli, pré-candidato ao GDF pelo PSB, apadrinhado pelo ministro Flávio Dino, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo próprio Rollemberg — e que já conta com o apoio de Lula?
Arruda e Cappelli, aliás, se encontraram recentemente numa feira no Paranoá e Itapoã, trocaram elogios e abraços em público. Coisa linda de se ver — bem a cara dos dois.
Agora imagine uma chapa ao GDF com José Roberto Arruda e Ricardo Cappelli. Brasília já viu esse filme antes, com Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli, e sabe muito bem como terminou. Mas, tratando-se de Arruda e Cappelli, não duvide: uma aliança entre os dois pode acontecer, uma vez que o ex-governador precisa de legenda para concorrer e quem sabe a esquerda não lhe ofereça um lugar ao sol.
Brasília que se prepare porque o jogo político já começou. E narrativas falsas, a exemplo do que faz Arruda nas redes sociais dizendo que está liberado, vão surgir a todo momento.
Foto: Reprodução/Google Imagens
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