Depois de emplacar um ministro ‘terrivelmente evangélico’ no Supremo Tribunal Federal (STF), aliados evangélicos de Jair Bolsonaro querem a vaga de vice na chapa do presidente em 2022. Os líderes partidários do segmento religioso estão se movimentando para ocupar a vaga de Hamilton Mourão, do PRTB, que não deve mais marchar com Bolsonaro no seu projeto de reeleição.
A disputa pela vaga deve ficar concentrada entre os partidos do Centrão, pois a maioria dos parlamentares e líderes do segmento integram uma das legendas da corrente política que reúne o PL, PP, Republicanos, PTB e PSD. Desses, só o PSD de Gilberto Kassab já pulou fora da barca do projeto bolsonarista e tem seu próprio pré-candidato à presidência, o senador Rodrigo Pacheco (MG), atual presidente do Senado.
Nesse disputa entre partidos aliados, o Republicanos pode ser beneficiado e indicar um nome para compor a chapa com Jair Bolsonaro. A sigla é comandada a mão de ferro pela Igreja Universal do bispo Edir Macedo, mas reúne outras congregações importantes como a Assembleia de Deus Madureira do bispo Manoel Ferreira.
No entanto, os evangélicos podem ficar chupando dedo. Há quem diga que nas articulações para a ida do presidente Bolsonaro para o PL foi feito um acordo para que o vice dele no ano que vem seja alguém do PP. O Planalto já tem conhecimento que os bispos estão chateados e os aliados mais próximos de Bolsonaro estão esperando o clima ficar mais ameno para tentar sacodir a poeira, aparar as arestas e iniciar uma nova rodada de negociação.
Como o eleitorado brasileiro é hoje composto por mais de 30% de evangélicos, os líderes religiosos vão cobrar a fatura do presidente e não vão aceitar “um não” como resposta. Caso Bolsonaro e demais aliados não aceitem, o combinado entre os bispos e demais líderes é lavar as mãos na campanha eleitoral e deixar o pessoal livre para fazer suas alianças nos estados. Ou seja, as ovelhas podem vir a ter um ‘antigo pastor’ como líder na corrida presidencial e o resultado pode não agradar aos que são ‘terrivelmente’ bolsonaristas.
Para conter os ânimos da ala evangélica, o presidente tem saído pela tangente e dito por aí que “ainda está cedo para tratar disso” quando é questionado sobre quem poderá ser seu vice em 2022. A única certeza que se tem é que não será o general Mourão.
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