• 25 de abril de 2024

MAIS DE 400 MIL ESTUDANTES | Pandemia aumenta inadimplência nas faculdades e abandono dos estudos

A inadimplência no ensino superior cresceu 29,9% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. E os prejuízos causados pela pandemia vão além do atraso nos boletos por parte dos alunos. A evasão subiu 14%. O setor estima a perda de 423 mil alunos entre trancamentos de matrículas, desistências e pessoas que deixaram de ingressar no segundo semestre. Isso significa encolhimento de quase 10% do mercado, que abrange 6,5 milhões de alunos.

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Os dados são de uma pesquisa do sindicato das entidades mantenedoras (Semesp) com 53 instituições de ensino. Em São Paulo, a inadimplência, índice de alunos que terminaram o semestre com algum tipo de pendência financeira, foi ainda maior. O aumento foi de 47,7%. A taxa de evasão também subiu mais em São Paulo do que no cenário nacional: o índice foi 18,7% maior que no mesmo período de 2019. “Não havia expectativa de um crescimento tão grande da inadimplência e da evasão. Mas a pesquisa semestral acompanhou os levantamentos dos meses de abril e maio. O quadro não foi piorando ao longo do semestre”, avalia Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

O ingresso de novos alunos no segundo semestre, período que representa 30% dos calouros no ano, também ficou abaixo dos últimos anos. No Brasil, o porcentual de queda chegou a 19,8%, com uma redução de 38,2% para cursos presenciais, o segmento mais prejudicado. “Essa perda se refere apenas à pandemia. Ainda temos as desistências normais de alunos que não conseguem fazer o pagamento ou não se adaptam ao curso, por exemplo”, acrescenta Capelato.

Composto por 90% de alunos das classes C, D e E, de acordo com o Semesp, o público do ensino superior privado sofreu com desemprego, diminuição ou perda de renda e suspensão ou redução de contrato de trabalho. Esse cenário, que também atingiu grande parte da população, é o pano de fundo dos trancamentos e desistências.

Perspectivas

A pesquisa do Semesp traz ainda pequenos indícios de recuperação do setor para o ano que vem. As rematrículas para o segundo semestre ficaram próximas do patamar do ano passado. No País, esse indicador ficou em 89,7%, taxa 2,6% menor que no mesmo período de 2019. O principal fator de otimismo para 2021 é a retomada das aulas presenciais teóricas, o que deve estimular novas matrículas.

Na opinião de Capelato, muitos que não ingressaram nas faculdades neste segundo semestre, ainda por causa das restrições ao ensino presencial e pela crise econômica, devem retomar os planos em 2021. Depois que o marido conseguiu emprego em uma gráfica, Bruna entrou nesta lista e pretende voltar às aulas em 2021. “A situação está melhorando um pouco. Quero voltar para pegar meu diploma”, diz. Já Thainá vai recomeçar tudo e prestar vestibular no fim deste ano.

(Agência Estadão Conteúdo)

Expressão Brasiliense

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