Antes tratada como preocupação isolada de setores como o agrícola, energético e ambiental, o debate sobre a proteção do meio ambiente no governo Jair Bolsonaro desembarcou de vez na equipe econômica.
O temor de que os fluxos de dólares sejam afetados pela imagem do País em relação à área ambiental provocou uma situação praticamente inédita na Esplanada dos Ministérios. Em reunião do Conselho de Governo, no dia 21 de janeiro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou os presentes para os riscos de o debate ambiental afetar os fluxos financeiros globais para o Brasil.
No dia seguinte, foi a vez de o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, fazer o mesmo alerta. Durante entrevista sobre dados da dívida pública, Mansueto disse que os gestores dos fundos de investimento estrangeiros que procuram o governo enfatizam a questão ambiental. “Esse é um movimento global. Fundos da Europa e do Canadá enfatizam muito essa questão, assim como empresas. A questão é de esclarecimento. Precisamos mostrar que o País se importa com isso”, disse.
Não é à toa que Campos Neto e Mansueto foram os porta-vozes do problema. Eles comandam as áreas que mais têm relação com os fluxos de recursos para o País. Os investidores estrangeiros são “clientes” do Tesouro na compra de títulos da dívida pública no Brasil e no exterior. E Campos Neto comanda a gestão cambial, afetada pela entrada e saída de dólares.
Foi na reunião do Conselho de Governo que Bolsonaro anunciou a criação do Conselho da Amazônia e da Força Nacional Ambiental, que atuarão na “proteção do meio ambiente da Amazônia”. O vice-presidente Hamilton Mourão vai coordenar os trabalhos.
As medidas foram acertadas com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O próprio Bolsonaro informou, após a reunião ministerial, que Paulo Guedes, “deu sinal verde” para criação da Força Nacional Ambiental.
(Agência Estadão Conteúdo)