José Fernando Vilela As mudanças de rumo na política brasileira com a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial, no último domingo (30), atingem também a capital federal. O próprio governador reeleito do DF, Ibaneis Rocha, do MDB, sabiamente, já sinalizou que quer manter diálogo com o novo morador do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República em Brasília.
A volta de Lula ao Planalto vai influenciar, mesmo que indiretamente, na composição da mesa diretora da Câmara Legislativa do DF (CLDF). De acordo com o regimento interno, a eleição do comando da casa deve ocorrer no mesmo dia que os distritais são empossados, dia 1º de janeiro, numa sessão a ser realizada às 15h.
Apesar da CLDF não fazer parte da política nacional, as eleições para escolher os parlamentares que vão compor a mesa diretora da casa, agora, mais do que nunca, precisam contemplar aliados do presidente Lula a fim de proporcionar uma aproximação junto ao novo governo, que assumirá o comando do País a partir de janeiro de 2023.
Como o Executivo tem interesse que a presidência da CLDF fique nas mãos de um aliado, dada a relevância do cargo que tem a prerrogativa de pautar as votações no plenário, é provável que nas negociações e articulações os apoiadores de Lula sejam contemplados com a vice-presidência da mesa diretora.
Além desse posto na mesa diretora, os distritais ‘lulistas’ devem querer a presidência de uma comissão permanente importante da CLDF. Ainda não se sabe qual eles vão escolher, mas, certamente, diante da nova conjuntura política, eles vão presidir uma comissão que dê visibilidade e voz ao trabalho dos distritais do grupo.
Na nova configuração da CLDF, o partido de Lula, o PT, conseguiu eleger três distritais. O PSol, outra legenda que apoiou o petista, vai ocupar duas cadeiras. E o PSB, partido do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, conquistou uma das 24 vagas. Em suma, o grupo de apoiadores de Lula já tem seis distritais, o que equivale a 1/4 do total de cadeiras do plenário.
Com isso, o distrital que deseja presidir a CLDF a partir de janeiro vai ter que se viabilizar politicamente e, de quebra, contemplar a ‘companheirada’ para que possa sentar na cadeira mais cobiçada. Quem quer comandar os trabalhos da casa vai ter que mostrar traquejo e muita habilidade para trazer o grupo para seu lado e compor com eles.
Até janeiro, ainda tem muita água para passar embaixo da ponte e a vitória de Lula mexeu no tabuleiro político do DF.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É o atual presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias.
Foto: Divulgação/CLDF
