Ibaneis prepara terreno para Celina continuar no Buriti
Já não é de hoje que esta coluna vem noticiando que as movimentações para as eleições de 2026 no Distrito Federal estão em curso. Durante a semana, o grupo do governador do DF, Ibaneis Rocha, do MDB, deu um passo importante em busca da continuidade do trabalho que estão realizando à frente do GDF desde 2019 e da permanência da vice-governadora, Celina Leão, do PP, no Palácio do Buriti. Visando dar condições para que a leoa não tenha dificuldades na construção de alianças futuras e para acabar com os boatos e o ti-ti-ti da rádio corredor, Ibaneis e aliados mais fiéis do MDB promoveram a troca do comando da legenda, saindo o deputado federal Rafael Prudente, que vinha sendo apontado nos bastidores como um possível adversário de Celina, e escolheram o deputado distrital, Wellington Luiz, presidente da CLDF, para presidir a sigla na capital federal.
Vitória na Câmara sobre o Fundo Constitucional ‘lacrou’ parceria
A mudança no comando do MDB ocorre logo após a vitoriosa articulação encabeçada por Celina Leão junto ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, que também é do Progressistas, e demais congressistas, que garantiu a manutenção da atual legislação que estabelece as regras do repasse anual feito pela União para o DF por meio do Fundo Constitucional (FCDF) para arcar com as despesas nas áreas da segurança, saúde e educação da capital federal. O FCDF é responsável por 40% do orçamento distrital. O GDF estimava uma perda de R$ 87,7 bilhões nos próximos 10 anos caso houvesse a alteração na legislação. O esforço da leoa para salvar o Fundo Constitucional não foi em vão e ‘lacrou’ a parceria entre ela e o governador.
Volta em 2030
A estratégia de Ibaneis Rocha de construir a permanência de Celina no Buriti demonstra que o emedebista realmente aprendeu como se faz política. Como ele anunciou recentemente que deve concorrer ao Senado em 2026 e tem pretensões de disputar o GDF novamente em 2030, eleger a leoa é o pontapé inicial desse projeto. Como já dissemos aqui, Ibaneis Rocha pode chegar a ultrapassar a quantidade de mandatos de Joaquim Roriz.
Fiel escudeiro no comando
A escolha de Wellington Luiz para presidir o MDB é também uma vitória para o grupo político da vice-governadora. O presidente da CLDF é um aliado de primeira hora de Celina. Os dois são muito próximos. Quando Wellington ficou sem mandato em 2019, a leoa, que tinha sido eleita deputada federal, foi quem avalizou seu nome para comandar a Codhab/DF durante o primeiro mandato de Ibaneis. Celina Leão também participou efetivamente para que Wellington Luiz, ao retornar à CLDF neste ano, fosse eleito presidente do parlamento distrital. Em suma, o comando do MDB passou para as mãos de um fiel escudeiro e não está mais com quem estava fazendo sombra.
Hermeto puxou as rédeas do grupo
Após a divulgação na edição anterior da coluna O Fino da Política de que o futuro político do deputado Hermeto, do MDB, estava comprometido devido a brigas internas em seu grupo, o distrital resolveu puxar as rédeas da situação. O parlamentar não hesitou em chamar os integrantes de sua base para uma conversa. A viúva do ex-deputado Jorge Cauhy, Zoraide, foi a primeira a ser enquadrada, tendo em vista que as suas movimentações nos bastidores apontavam para uma provável deserção junto com o ex-administrador da Candangolândia, Pablo Valente, além da declaração dada por ela em praça pública de que concorreria para distrital em 2026. Além da herdeira de Cauhy, o distrital também conversou com um grupo de ex-administradores do Núcleo Bandeirante e Candangolândia e lideranças da Zonal 10 que o apoiam. Todos reafirmaram a aliança com Hermeto.
Ex-administrador perdeu o cargo e os pseudoaliados
Quem perdeu mesmo foi o ex-administrador Pablo Valente. Nos bastidores, a culpa de toda essa confusão passa por ele. Pablo, além de querer aparecer mais que o deputado, começou a propagar na surdina que estava se preparando para sair candidato à distrital em 2026, independente de estar com Hermeto ou não até lá. Pelo visto, o ex-administrador vai ficar pelo meio do caminho, pois perdeu o cargo que lhe dava projeção e visibilidade política. Ficou também sem os pseudoaliados de primeira hora que tinha quando estava exercendo a função. No decorrer da semana, ele divulgou um vídeo agradecendo o governador Ibaneis e, por último, citou o distrital Hermeto dando ênfase à parceria de um ano e oito meses com o deputado. Ou seja, a aliança durou apenas enquanto Pablo permaneceu na cadeira. Se ele vai fazer falta para o grupo, só o tempo dirá.
Brincadeira de péssimo mau gosto
A declaração dada pelo major da PMDF, Flávio Silvestre Alencar, à CPI da CLDF, na última quinta-feira (3), de que a mensagem enviada por ele num grupo de PMs, no dia 8 de janeiro, em que dizia “é só deixar invadir o Congresso” não passou de uma ‘brincadeira infeliz’ do oficial não pegou bem para ele com seus colegas de fardas. Quem conhece as regras e práticas do militarismo na hora da batalha, sabe que militar nenhum gosta de brincar em serviço, pelo contrário, eles sempre são comprometidos e rígidos com si próprios quando estão em ação. O major Alencar ficou conhecido pelo vídeo que circulou nas redes sociais logo após os atos do dia 8 de janeiro em que aparece um oficial descendo de uma viatura dando ordens para que um grupo de policiais militares que estavam próximos ao STF em confronto com os supostos manifestantes se retirasse do local.
Expectativa de ouvir Anderson Torres
Os deputados distritais que integram a CPI da CLDF estão contando os dias para que chegue logo o dia 10 de agosto, data em que está prevista a oitiva do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres. Na primeira tentativa de ouvir o ex-ministro, ele se recusou a comparecer amparado por uma decisão judicial do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que lhe concedeu a prerrogativa de escolha. Anderson preferiu não ir. Dessa vez, como disse o presidente da CPI, deputado Chico Vigilante, do PT, Anderson Torres terá que comparecer. A reunião está marcada para às 10h.
Doutora Jane não alivia para ninguém
O suposto envolvimento do deputado Daniel Donizet, do PL, num episódio de violência sexual e física entre um ex-assessor com uma garota de programa que veio à tona recentemente ainda está dando o que falar nos corredores da CLDF. A deputada Doutora Jane, do MDB, que é procuradora especial da Mulher da casa, está no encalço do colega. Ela quer saber se o distrital teve ou não algum tipo de envolvimento nesse caso. A turma que conhece a delegada anda dizendo que ela não perdoa quem comete algum tipo de delito contra uma mulher, não importa quem seja. “Se a deputada, que é uma exímia investigadora, pegar qualquer indício de envolvimento do Daniel Donizet, ele pode já fazer a carta de renúncia. Aqui na PCDF, todo mundo sabe, que a delegada Jane nunca aliviou ninguém. Na Câmara Legislativa, pode ter certeza, que ela não vai mudar”, afirmou uma fonte próxima a deputada.
Sardinha e Agaciel na expectativa de voltar à CLDF
Diante do que vem ocorrendo com o deputado Daniel Donizet, dois ex-parlamentares estão acompanhando o desenrolar de tudo isso de perto: o atual administrador do Sudoeste/Octogonal, Reginaldo Sardinha, e o secretário de Relações Institucionais do DF, Agaciel Maia. Se a coisa complicar para Donizet e ele chegar a perder o mandato, Sardinha, que é o primeiro suplente, assume a titularidade e pode ceder a cadeira para Agaciel, permanecendo na Administração do Sudoeste/Octogonal. A turma do Buriti vê com bons olhos a possível volta de um desses aliados à CLDF. Daniel Donizet que estava como secretário de Meio Ambiente do DF teve uma atitude que manchou seu currículo com o pessoal. Ele pediu para sair do GDF no dia seguinte aos atos do 8 de janeiro. O distrital tinha assumido o cargo junto com o governador no dia 1º e na primeira crise, resolveu abandonar o barco.
Bola fora de Fred Linhares
O deputado federal Fred Linhares, do Republicanos, pagou o preço de continuar como apresentador de telejornal da emissora a qual faz parte. Aproveitando uma matéria que denunciava a grilagem de terras na região da Ponte Alta, que fica entre o Recanto das Emas e o Gama, o parlamentar soltou a pérola de que o local ‘é lugar de vagabundo’. Moradores que assistem o programa apresentado por Fred não gostaram de suas declarações e foram às redes sociais criticar o deputado. No dia seguinte, um morador gravou um vídeo diante das câmeras da emissora o qual o parlamentar pertence com uma faixa exigindo que o deputado respeitasse seus antigos eleitores. Pelo visto, em 2026, o deputado não pode mais contar com a Ponte Alta. O apresentador ainda fez um vídeo pedindo desculpas e apresentando um ofício com solicitações de algumas ações para a região. Se a tática deu certo, ainda não se sabe. Vai ver só em 2026 é que o deputado vai ter sua resposta.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É apresentador do podcast Café Expressão. É presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – desde 2021.
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