• 22 de novembro de 2024

“Vamos recuperar o que perdemos nos últimos anos no DF”, disse Izalci para o Expressão Brasiliense

O senador eleito Izalci Lucas (PSDB) concedeu uma entrevista exclusiva ao Expressão Brasiliense para falar de seus oito anos como deputado federal, as expectativas para o novo cargo, o cenário político local e nacional. O tucano atribui a sua eleição para o Senado Federal graças ao trabalho que realizou enquanto deputado. Izalci foi apontado como o melhor parlamentar da bancada do DF nas duas últimas legislaturas (2011/2014 – 2015/18). Sempre presente e atuante, ele nunca foge do debate. Ligado ao segmento educacional, o futuro senador defende o projeto “Escola sem Partido” e está acompanhando a polêmica sobre a indicação de Rafael Parente para a Secretaria de Educação. Izalci ressaltou que apesar de não fazer parte da base do governo Ibaneis irá ajudar, mas disse que o advogado poderia ter prestigiado nomes do DF ao invés de trazer muitos nomes de fora. Confira a entrevista.

Expressão Brasiliense: Senador, cumpriu seu papel na Câmara dos Deputados? Qual o aprendizado que leva da casa?
Izalci Lucas:
A gente sempre pode fazer um pouco mais. Mas, eu vejo que cumpri meu papel sim na Câmara e a prova disso foi o reconhecimento da minha eleição para senador. Aprendi que lá na Câmara, na prática, você só consegue ter bom resultado se você deixar questões e interesses pessoais de lado, e colocar as questões de interesse da cidade acima. Desse jeito, você consegue muito mais coisas. Por exemplo, eu deixei de apresentar vários projetos, que dificilmente seriam aprovados, para apresentar emendas em Medidas Provisórias que seu nome não aparece. Você pega um projeto que não é seu, é do (Poder) Executivo, e você acrescenta uma emenda que a cidade precisa para ser contemplada no projeto. Eu consegui fazer muita coisa em função disso. O projeto sai e seu nome não aparece, mas o mais importante é que as coisas aconteçam. E eu aprendi isso logo no início.

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Izalci com deputados visitando o futuro presidente da República, Jair Bolsonaro.

EB: Então, para quem está começando na Câmara, é uma boa dica saber lidar com isso?

IL: Sem dúvida. A pessoa tem que abrir mão desse negócio de querer aparecer. Pode ter certeza que é uma grande dica para quem está chegando lá. Se eu tivesse feito questão de que meu nome aparecesse em projeto ou na Lei em si, dificilmente não teria feito o que fiz.

EB: Qual o projeto que o senhor atribui que fez valer a pena ter sido deputado federal?

IL: Tem um projeto que eu atuei, que é um avanço muito grande para a Educação e que a população ainda não percebeu, foi a Reforma do Ensino Médio. A mudança também na legislação na área da Ciência e Tecnologia, que eu acompanhei de perto, foi muito importante.

EB: E agora no Senado Federal, como será a atuação do Izalci?

IL: Eu vejo que no Senado a atuação parlamentar é mais tranquila. Primeiro, pela quantidade menor de parlamentares. Na Câmara são 513, então fica difícil você aprovar qualquer coisa, pois são 512 que querem o mesmo que você e que podem questionar o seu projeto. Já no Senado são 81, o que possibilita que você apresente mais projetos.

EB: Qual a sua expectativa para o governo Bolsonaro?

IL: A minha expectativa, como de toda população, é que ele faça um bom governo. Eu vou fazer de tudo para ajudar, independente de estar participando ou não do governo. A expectativa é grande e acredito que vamos melhorar qualidade do governo na área federal.

EB: E como fica a questão do seu partido em relação ao governo Bolsonaro? Vai ser independente ou será base do governo?

IL: Bem, eu vou ajudar o governo dele. Eu, inclusive, tive convite para participar do seu governo como Ministro da Educação (Izalci era um dos nomes defendidos pela bancada evangélica), mas não deu certo. Tem muitas coisas que eu defendo que são bandeiras do Bolsonaro também.

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Izalci e Bolsonaro.

EB: Mas o PSDB não pode querer influenciar na sua atuação?

IL: Não, não. Na verdade, a tendência é que o PSDB faça uma nova avaliação do seu governo lá para março ou abril. A tendência é ajudar o governo. Tem questões que estão acima dos interesses do partido.

EB: E como fica a situação política do seu partido?

IL: Olha deve ter uma mudança interna agora. O grupo que venceu as eleições neste ano deve passar a ocupar mais espaço. Isso é natural.

EB: Vamos agora falar do DF. Quais são suas expectativas para o governo Ibaneis? Gostou do secretariado que ele montou?

IL: Tem tudo para dar certo. Eu não estou integrando o governo, não indiquei ninguém, mas eu vou ajudar independente disso. O papel do senador inclusive é defender o Estado. Eu vou defender o governo do DF participando ou não dele.

EB: Quanto aos nomes que o futuro governador Ibaneis escolheu. Alguns estão gerando polêmicas, como o secretário de Educação, que é um setor que o senhor conhece muito bem. O que o senhor acha?

IL: Não tem nenhum Estado que tenha tanta gente capacitada como o DF. Para mim, ele deveria ter aproveitado um pouco mais e valorizado as pessoas daqui. Mas, cada um tem um estilo. Pode ser que trazer gente de fora possa ter ajudado em suas articulações. Eu não sei o que ele está pensando, mas eu vou ajudá-lo. Só acho que ele poderia ter escolhido gente mais do DF.

EB: E quanto ao secretário de Educação (Rafael Parente)?

IL: Realmente, espero que suas escolhas e posicionamentos sociais não interfiram na questão da Secretaria de Educação. Eu defendo a “Escola sem Partido”, o qual sou um dos coautores, e a forma que ele se posiciona nas redes sociais, não é bem o que a gente defende e a população não quer isso. Eu estou com receio quanto a isso. Mas, vamos ver. O governo vai ter que agir com cuidado quanto a esse tema.

EB: E o seu partido em relação ao governo Ibaneis?

IL: Bom, nós vamos ajudar. Mas não estamos no governo.

EB: O PSDB não indicou ninguém? Nenhum cargo?

IL: Nós não estamos na base do governo do DF. Acho que pelo fato de não termos um deputado federal ou um deputado distrital não tenha tanta importância para ele.

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Izalci exibindo o diploma de Senador eleito do DF.

EB: Mas o PSDB tem um senador que é o senhor?

IL: Sim, mas… eu acho que essa avaliação ele só vai conseguir fazer quando estiver no cargo. Acho que aí ele vai perceber a importância de ter um partido como o nosso ao seu lado. Mas, volto a frisar, independente de estar ou não participando, nós vamos ajudar o DF. Como sempre fizemos, inclusive, no governo Rollemberg. Nós nunca nos furtamos em ajudar o DF. O Rollemberg mesmo sendo oposição, eu o ajudei muito.

EB: O senhor se sentiu desprestigiado por não ter indicado ninguém para compor o governo do DF?

IL: Não, não. Até porque nós, no primeiro turno, apoiamos outro candidato (Fraga). No segundo turno, nós o apoiamos, mas ele não assumiu compromisso nenhum conosco. Portanto, ele não deve nada. Não teve nenhum compromisso de campanha.

EB: Para finalizar, o que o senhor esperar para 2019 e o que o eleitor pode esperar do Izalci – Senador?

IL: Pode esperar que vou trabalhar muito por Brasília. Vamos recuperar o que perdemos nos últimos anos. Brasília perdeu muito no ponto de vista dos recursos para o DF. E isso, os senadores que estavam no cargo não souberam fazer isso. Não podia ter deixado esse tempo todo perder o que perdemos em investimentos. A guerra fiscal contra os outros Estados diminuiu a nossa capacidade de arrecadação e por consequência de investimentos. O eleitor do DF pode contar comigo para trabalhar e fazer Brasília crescer e ser o que era antes, referência para o restante do país. Desejo a todos um Feliz 2019 e podem contar comigo.

Da Redação

Fotos: Reprodução do Facebook do Dep. Izalci e Google Imagens

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