Para acalmar os ânimos e baixar a tensão na Esplanada dos Ministérios, o governador do DF, Ibaneis Rocha, do MDB, foi o escolhido para carregar a culpa pelos atos golpistas, antidemocráticos e terroristas praticados por criminosos que apoiam o ex-presidente derrotado, Jair Bolsonaro, no domingo (8). Ibaneis foi afastado do cargo por 90 dias horas depois da invasão nas sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, na Praça dos Três Poderes.
Na decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, responsável pelas decisões da Corte sobre o assunto, ele argumenta que Ibaneis Rocha foi omisso pelo fato das forças de segurança da capital federal não terem previsto que ‘os até então apoiadores ordeiros de Jair Bolsonaro’ não cumprissem o acordo informal de não chegar à Praça dos Três Poderes.
O fato é que somente Ibaneis está sendo penalizado pela Justiça e vem sendo massacrado pela opinião pública. Os mesmos acusadores que estão apontando o dedo contra o governador do DF esquecem que o ministro da Justiça e Segurança Pública também tinha conhecimento do que estava acontecendo e o que poderia vir a acontecer com a mobilização organizada pelos bolsonaristas.
Ao contrário do esquema que foi planejado para a posse presidencial, desta vez, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsável pelas forças de segurança nacional, optou em atuar apenas como auxiliar das corporações do DF. Porém, um dia antes dos atos, a pasta editou uma portaria autorizando o uso da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios nos dias 7, 8 e 9 de janeiro, para proteger o patrimônio da União.
Contudo, mesmo não querendo se envolver diretamente, o ministro e sua equipe tiveram acesso a todas as informações do serviço de inteligência que monitorava a situação da manifestação programada e anunciada pelas redes sociais.
As declarações de Flávio Dino e do presidente Lula para a imprensa em relação ao governador Ibaneis evidenciam que os dois estão cientes que o emedebista não agiu de forma conivente com os bolsonaristas e que muito menos tenha dado ordens para deixar a coisa correr frouxa na Esplanada.
Diante de toda a confusão, a solução encontrada foi imputar a Ibaneis Rocha toda a culpa pelos atos golpistas e terroristas praticados pelos milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro e não mencionar que quem estaria a encargo de fazer a proteção do patrimônio da União era a Força Nacional, conforme determinava o decreto do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Portanto, além da PMDF, caberia também a Força Nacional estar de prontidão nas proximidades das sedes dos três poderes da República como especificava a ordem de Flávio Dino expedida dias antes das manifestações.
Foto: Reprodução/Google Imagens
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