Apontado como o nome mais forte da direita para enfrentar Lula e sua turma nas eleições de 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, jogou um balde de água fria nos entusiastas de uma chapa puro-sangue bolsonarista. Em entrevista concedida nesta terça (17), no interior paulista, Tarcísio foi direto: não será candidato a presidente em uma eventual dobradinha com Michelle Bolsonaro.
Nos bastidores, os rumores de uma chapa Tarcísio-Michelle vinham ganhando força nos últimos dias, alimentados, claro, pela ausência de rumo no QG bolsonarista desde que o ex-presidente passou a trocar o discurso do “mito” por depoimentos protocolares e decepcionantes ao ministro Alexandre de Moraes.
Ao ser questionado sobre sua possível candidatura ao Planalto, o governador de São Paulo mandou logo o recado com todas as letras: “Não. Sou candidato à reeleição no estado de São Paulo.”
Coincidentemente, a declaração veio junto com a divulgação de pesquisas eleitorais que colocam Tarcísio e a ex-primeira-dama como os únicos nomes da direita com chances reais de derrotar Lula.
A leitura entre líderes partidários e simpatizantes do campo conservador é de que Bolsonaro, acuado, sem mandato e inelegível, precisa urgentemente ungir um sucessor. Mas Tarcísio, ao que tudo indica, não está disposto a assumir essa bronca. Pelo menos não agora.
Com aprovação em alta e favoritismo apontado para 2026 no plano estadual, o ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro parece determinado a não trocar o certo pelo duvidoso. Avalia, e com toda razão, que pode liquidar a fatura da reeleição já no primeiro turno, sem correr o risco de sair da disputa presidencial com as mãos abanando e sem mandato.
Outro fator que pesa para ele não compor com a ex-primeira-dama é que se aceitar entrar numa chapa com Michelle Bolsonaro como vice seria, inevitavelmente, aceitar também a cobrança de um eventual indulto ao ex-presidente.
Tarcísio não é novato no jogo. Ele ocupou cargos de relevância nos governo Dilma, Temer e Bolsonaro, e sabe exatamente onde está pisando. Embora haja uma pressão, inclusive vinda da Faria Lima, que sonha com um “candidato do mercado” viável e palatável, o governador tem se mostrado reticente em embarcar numa aventura presidencial que pode desmoronar dependendo do desfecho da ação penal que acusa Bolsonaro e aliados de arquitetarem um golpe de Estado antes da posse de Lula.
A fala de Tarcísio, aliás, confirma o que a coluna O Fino da Política, assinada pelo nosso editor-chefe, José Fernando Vilela, já havia antecipado no último domingo (16): os partidos do Centrão não querem saber de Michelle e muito menos dos filhos de Bolsonaro como protagonistas de uma chapa presidencial. Até Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro e Michelle, já tem conhecimento dessa restrição, mas finge que não sabe de nada.
Apesar da negativa pública, os empresários, especialmente os da Faria Lima, continuarão pressionando Tarcísio a vestir a faixa verde e amarela. As articulações e costuras de alianças para 2026 estão apenas começando, e até lá muita coisa pode mudar.
Quem sabe, até lá, Tarcísio de Freitas não seja convencido a não desperdiçar aquela que pode ser a única chance real de sua carreira política de chegar ao topo da República. Fiquemos todos com os olhos e ouvidos bem abertos.
Foto: Reprodução/Google Imagens
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