Expressão Brasiliense A participação do senador Izalci Lucas, do PL-DF, em um debate da CNN, na última segunda-feira (19), acabou se transformando num problemaço tanto para o próprio parlamentar quanto para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a transmissão, Izalci afirmou que levou ao conhecimento de Bolsonaro, ainda em 2018, as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que hoje estão sob investigação da Polícia Federal.
A declaração do senador causou revolta entre parlamentares bolsonaristas, que consideraram sua performance desastrosa diante de um deputado petista. Já a bancada do PT na Câmara dos Deputados não perdeu tempo: aproveitou o deslize do ex-tucano para solicitar à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de uma investigação criminal contra Izalci e Bolsonaro por omissão.
Desde então, Izalci virou alvo de piadas e memes nas redes da militância lulista. No debate, o senador comentou que recebeu peritos do INSS em seu gabinete com informações sobre um suposto “rombo de mais de R$ 70 milhões” — número que ele mesmo corrigiu para “bilhões”, mas que, segundo as investigações, foge completamente da realidade e é considerado um delírio de sua parte.
“Nós levamos isso na transição para o presidente Bolsonaro, que imediatamente fez todo um estudo e editou a Medida Provisória 871, que eu fui o presidente”, gabou-se o congressista.
Percebendo a gravidade da confissão ao vivo, o deputado Alencar Santana, do PT-SP, que participava do mesmo debate, reagiu na hora. Disse que, caso seja instalada a CPI (agora já se fala em CPMI) para investigar o esquema criminoso no INSS, Izalci deve ser convocado a prestar esclarecimentos.
“Se for aberta a CPI, eu quero que o senhor seja convocado e dê esse depoimento: diga o dia em que recebeu a denúncia, qual providência efetiva foi feita para se investigar, qual encaminhamento o senhor fez à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal ou à Controladoria-Geral da União e aquilo que o Bolsonaro fez. O senhor acaba de assumir aqui, ao vivo, que não fez nada para apurar, nem o governo Bolsonaro”, enfatizou o petista.
Nos bastidores, a esquerda vibra com as declarações de Izalci. O escândalo do INSS, que vinha sendo usado para atacar o governo Lula e entidades sindicais com laços no Planalto, agora vira contra os próprios acusadores.
O impasse criado por Izalci é tudo o que Bolsonaro queria evitar neste momento delicado, em que sua vida com a Justiça anda aos trancos e barrancos e as eleições se aproximam. Ter que explicar por que não solicitou nenhuma sindicância ou investigação formal sobre um esquema que roubou milhares de aposentados pode ter impacto real nas urnas.
Essa safadeza no INSS o povo não perdoa. Lula vinha sendo o principal alvo, acusado pelo envolvimento de entidades sindicais. Mas, se Bolsonaro realmente recebeu a denúncia e não fez nada, o eleitorado vai chiar, pois não gosta de saber que o autoproclamado “caçador de corruptos” deixou a raposa tomando conta do galinheiro.
Em suma, o ex-tucano Izalci ainda não aprendeu a fechar o bico e falou demais. Agora, Bolsonaro terá que dizer se sabia, ou não, que a roubalheira estava correndo frouxa na Previdência Social do país.
CPMI do INSS
Sobre a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes no INSS, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União Brasil), anunciou que uma sessão será realizada no próximo dia 17 de junho para decidir sobre a instalação do colegiado.
Pelo visto, a CPMI do INSS promete se transformar num palanque eleitoral para os dois lados. Resta saber se Izalci e Bolsonaro vão se juntar ao ex-ministro Carlos Lupi e o Frei Chico, irmão de Lula e dirigente de uma das entidades investigadas, na lista dos que podem ser convocados a depor.
Foto: Desenvolvida por IA
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