Inelegível até 2032, a filiação de José Roberto Arruda ao PSD, na noite de segunda-feira (15), remete o eleitor brasiliense a mais uma versão de um filme já assistido nas campanhas eleitorais de 2014, 2018 e 2022. Afinal, em todas elas o desfecho foi sempre o mesmo: o ex-governador abandona a disputa após ser impedido pela Justiça.
Nesta nova releitura, Arruda promete um final diferente, mas esqueceu de combinar com a Justiça, que recentemente o tornou inelegível até 2032, em mais um de seus inúmeros processos, herança direta dos desdobramentos da Operação Caixa de Pandora, investigação da Polícia Federal que culminou em sua prisão no auge da carreira política, em 2010.
Ainda assim, o ex-governador tem conseguido enganar um bocado de besta com o discurso de que estaria livre para disputar as eleições de 2026, amparado em interpretações otimistas de seus advogados.
No meio jurídico, porém, especialistas e juristas renomados sustentam o óbvio: Arruda segue inelegível e só poderia voltar a disputar cargos eletivos em 2034, quando já estará com 81 anos.
Dessa forma, os arrudistas mais eufóricos correm o risco de, mais uma vez, nadar e morrer na praia. O roteiro é conhecido.
Arruda deve se lançar candidato ao GDF, protocolar o pedido de registro na Justiça Eleitoral e aguardar o previsível indeferimento, para então recorrer ao velho discurso de perseguição política e vitimismo, algo que, diga-se de passagem, ele domina com perfeição.
Para concorrer sem qualquer impedimento jurídico, José Roberto Arruda ainda dependeria de uma decisão da própria Justiça ou do Congresso Nacional para derrubar os vetos do presidente Lula às mudanças na Lei da Ficha Limpa o que, ironicamente, também poderia acabar judicializado.
E ainda tem a questão política. Embora o evento de filiação tenha reunido um número razoável de apoiadores, muitos atraídos mais pela promessa de festa, comida e bebida grátis. O problema é que saíram de lá com fome e a goela seca, num prenúncio simbólico do que costuma acontecer ao final dessas aventuras eleitorais.
Chamou atenção também o perfil das lideranças presentes. A maioria está em fim de carreira, como Izalci e Alberto Fraga, ambos com desempenhos vergonhosos nas últimas eleições. Outros tentam ressuscitar politicamente, como o ex-senador Gim Argello. E tem aqueles que praticam o achaque eleitoral: estão lá para apresentar uma fatura para ficar ao seu lado.
A chegada de Arruda ao PSD-DF também provocou um racha interno. O presidente regional da sigla, o empresário Paulo Octávio, que está fechado com Ibaneis e Celina, sequer apareceu no evento, e o partido sofreu uma debandada com a filiação do ex-governador. A legenda perdeu seus dois deputados distritais na CLDF, além de outros filiados que pediram para sair.
Arruda ingressou no partido com as bênçãos do presidente nacional, Gilberto Kassab, e de alguns deputados federais. Vale lembrar que nenhum deles tem voto no Distrito Federal para transferir ao correligionário.
Apesar do barulho, no meio político e jurídico cresce o ceticismo quanto à real viabilidade da candidatura de José Roberto Arruda.
Como já observado em eleições passadas, Arruda conhece bem o calendário: sabe que tem até 16 de setembro do ano que vem para ser substituído na chapa. É por isso que figuras como Izalci, Fraga, Gim Argello e até Paula Belmonte sonham em ocupar a vaga de vice.
Não restam dúvidas de que o ex-governador deva, mais uma vez, aprontar com sua rede de apoiadores. O resultado tende a ser o de sempre: muita gente vai cair do cavalo e ficar sem nada.
No fim das contas, essa nova releitura do filme exibido em 2014, 2018 e 2022 caminha para o mesmo desfecho previsível: Arruda abandona o palco, enquanto seus puxa-sacos seguem chupando o dedo.
Charge: Desenvolvida por IA
Acompanhe o Expressão Brasiliense pelas redes sociais.
Dá um like para o #expressaobrasiliense na fanpage do Facebook.
Siga o #expressaobrasiliense no Instagram.
Inscreva-se na TV Expressão, o nosso canal do YouTube.
Receba as notícias do Expressão Brasiliense pelo Whatsapp.













