Candidato a deputado distrital nas próximas eleições, o mineiro de Patos de Minas, Geraldo Magela Pereira (61 anos), mais conhecido como Magela, casado e pai de uma filha, já esteve no cargo o qual irá pleitear em outubro deste ano. Ele já foi deputado distrital por dois mandatos, deputado federal três vezes e já esteve no comando da Secretaria de Habitação em dois governos, Cristovam Buarque e Agnelo Queiroz. Mas, antes foi aprendiz de sapateiro, entregador de pão, engraxate e auxiliar de escritório. Apesar das dificuldades, ele conseguiu conciliar o trabalho com os estudos e foi aprovado em concurso público para o Banco do Brasil no ano de 1976.
O petista Magela chegou em Brasília em 1979 transferido pelo banco onde se aposentou. Começou a sua carreira política no movimento sindical dos bancários e também militou na área cultural. Foi fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) no DF em 1980 e nunca saiu da agremiação partidária. Como parlamentar, é dele a autoria das leis que criaram alguns parques do DF, o Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e também conseguiu transformar em lei o projeto que garantiu a gratuidade da certidão de nascimento nos cartórios aos recém-nascidos.
Confira a entrevista exclusiva que o petista concedeu ao Expressão Brasiliense, na sexta-feira (09), falando de sua trajetória e de sua atuação como político:
Expressão Brasiliense: Magela, primeiramente, queremos saber quem é o Magela? O que já fez? Quantos anos tem? Como veio para Brasília?
Geraldo Magela: Sou um mineiro que veio para Brasília transferido pelo Banco do Brasil. Eu morava em Patos de Minas, depois morei em Uberlândia, Frutal e Itapagipe. Cheguei aqui no início de 1979 e logo eu comecei a minha atuação no Sindicato dos Bancários. Minha vida aqui começou no movimento sindical. Mas, eu também participei do movimento cultural. Assim que cheguei eu fui atuar num cineclube que ficava no final da Asa Norte, chamado Cineclube Olhos D’Água que deu origem ao Parque Olhos D’Água. E fui um dos fundadores do Partido dos Trabalhados no DF. O PT foi fundado em 1980. Foi o único partido o qual eu me filiei e nunca tive outra filiação. E de lá pra cá, eu tive uma trajetória no movimento sindical e depois na política fui eleito deputado distrital por duas vezes. Tive dois mandatos como distrital, de 1990 a 98. Depois fui eleito deputado federal em 1998, ficando até 2002 quando disputei a eleição a governador com Joaquim Roriz. Todas as pessoas que tem idade mais avançada sabem que foi a eleição mais disputada que já houve no DF. Eu tive metade dos votos. Perdi por 0,5% (meio por cento). E depois eu voltei a ser deputado federal por dois mandatos (2006 a 2014). Fui secretário de Habitação, duas vezes. A primeira vez no governo do Cristovam Buarque, em 1997 e 98. E depois fui secretário de Habitação, de 2011 a 2014, no governo Agnelo.
EB: O senhor está com quantos anos hoje?
GM: Tenho 61 anos.
EB: É casado? Tem filhos?
GM: Sou casado e tenho 1 filha.
EB: Atualmente, o senhor ainda atua no movimento sindical dos bancários?
GM: Hoje, na verdade, eu estou muito mais atuando na função partidária. Eu sou da direção do PT/DF, e nesses três anos depois do governo Agnelo, eu fiquei sem mandato e fiquei sem função pública. Então, hoje, eu estou preparando a minha campanha para este ano.
EB: Na sua atuação parlamentar, qual lei o senhor destaca aqui para o DF que considera que valeu a pena ser deputado distrital?
GM: Como presidente da CLDF, eu tenho o orgulho e a honra de dizer que fomos o primeiro legislativo estadual que teve o seu Código de Ética. Nenhuma Assembleia (Legislativa) dos estados tinha um Código de Ética e aqui no DF nós aprovamos esse código. Eu tenho orgulho de como deputado distrital, ter sido o parlamentar que mais votou leis que criou parques. Por exemplo, a criação do Parque Olhos D’Água, no final da Asa Norte, é de minha autoria. O Taguaparque, Taguatinga, é de minha autoria. O Parque Canela de Ema, que ainda não foi implantado, em Sobradinho, é de minha autoria. O Parque Vivencial do Gama teve a minha participação. E teve várias outras leis que nós ajudamos, especialmente, na cultura. Eu fui o autor da lei que criou o Fundo de Apoio à Cultura, o FAC, que ajudou muito o movimento cultural. Eu tenho várias leis, várias iniciativas, mas essas são as que eu destaco.
EB: E como Deputado Federal?
GM: Como federal!? É preciso esclarecer que, normalmente, o deputado federal quase não consegue aprovar leis porque o Congresso Nacional aprova muitas leis do governo. O deputado federal e o senador, na maioria das vezes, quase não aprova leis. Mas, eu consegui aprovar três leis. E são leis importantes na minha avaliação. Eu acredito que do DF eu tenha sido o parlamentar que mais tenha conseguido aprovar leis. Uma delas é a que descriminalizar o grafite, separa o grafite da pichação. Pichação é crime e grafite é arte. Outra lei foi a regulamentação da função de instrutor de trânsito, que era uma profissão, mas que não era regulamentada. E a outra, que considero muito importante, é a que obriga os cartórios a emitirem a certidão de nascimento sem cobrar nenhuma taxa. Antigamente, nós tínhamos uma situação que muitas famílias não conseguiam registrar os filhos porque entre pagar a taxa do cartório e comprar fraldas, remédios, alimento para o recém-nascido, elas acabavam fazendo isso e deixavam a certidão para um segundo plano. Hoje, tanto as certidões de nascimento como a certidão de óbitos são gratuitas e já podem ser feitas no próprio hospital onde a criança venha a nascer.
EB: E as pretensões do Magela para este ano? O senhor vai querer ter mais um mandato?
GM: Eu sou candidato à deputado distrital. Olhando o cenário político, eu me convenci, especialmente quando estive como secretário de Habitação dessa última vez porque Brasília é uma cidade que vem perdendo a qualidade de vida. Nós tivemos vários governos que não se preocuparam com o planejamento e com a qualidade de vida da população. E há uma rápida deterioração dessa qualidade de vida. Quando olhamos a composição da Câmara Legislativa, nós temos lá empresários da área de vigilância, prestação de serviços, tem deputados que representam as suas categorias profissionais e eu quero representar toda a população do DF, não vou ser o deputado apenas da cidade A ou da cidade B. Eu vou ser o deputado de todas as cidades e vou estar preocupado com todos os problemas. Eu não vou me preocupar apenas com uma categoria aqui ou cidade ali. Eu vou me preocupar com todo o DF, mas especialmente com a qualidade de vida da nossa população. Eu sei que o deputado distrital tem a obrigação de olhar para a sua cidade e é isso que eu quero fazer com a experiência que eu já adquiri como deputado que fui várias vezes, como secretário e como candidato a governador, e trazer essa experiência para ajudar a melhorar a nossa cidade.
EB: Bom, e caso venha ocorrer esse possível retorno, tem algum projeto já em vista ou em mente que o senhor queira chegar na CLDF e apresentar?
GM: Eu acho que hoje eu tenho a obrigação que é concluir os bairros habitacionais que nós começamos, construímos habitações e o governador atual abandonou. Por exemplo, dentro do projeto do Paranoá Parque, do Parque do Riacho, do Jardins Mangueiral, já deveriam estar construídas diversas escolas, postos de saúde, postos policiais, o comércio já deveria estar sendo implantado, mas o atual governador abandonou. Então, essa é a minha primeira tarefa. Ser um fiscal, um cobrador, mas, sobretudo, ajudar a concluir a implantação desses bairros porque onde tem 6 mil famílias morando é preciso ter a moradia junto com a escola, junto com a segurança, junto com a saúde, e com o comércio funcionando. Isso, infelizmente, não teve continuidade no atual governo. Esse é o meu primeiro grande projeto. Mas vou olhar para outras questões. Nós precisamos cuidar muito da juventude. Hoje ela está sem perspectiva nenhuma. Nem de cultura, nem profissional, nem de educação. Então, a juventude receberá uma atenção especial da minha parte.
EB: E o Magela no Executivo. Quais foram as principais conquistas que o senhor destaca?
GM: Olha, eu tenho a certeza e a convicção que o DF foi a unidade da federação que mais fez moradias de 2011 a 2014. Mais do que São Paulo, que Minas Gerais, que o Rio de Janeiro. Porque nós tivemos a capacidade de fazer um planejamento e construir bairros inteiros e de boa qualidade. Nós conseguimos atender a população de baixa renda e a população de classe média. Nós temos, por exemplo, em Santa Maria um prédio que ninguém fala que é de programa habitacional. Acha que foi de uma grande empresa imobiliária dada a qualidade que nós implantamos lá. Isso que eu acho que é a grande marca nossa, ser realizador, ter capacidade de realizar, ter condições de fazer aquilo que planeja. Nós entregamos mais de 20 mil habitações e deixamos cerca de 5 mil para serem entregues pelo atual governo. Mas, mais do que isso. Nós criamos o programa Mutirão das Escrituras que entregou escrituras, por exemplo, para a Vila Planalto, que existia antes de Brasília e recebeu as suas primeiras escrituras da nossa mão. A Cidade Estrutural recebeu as primeiras escrituras da nossa mão e vários outros lugares que a gente começou a entregar escrituras e que agora está tendo continuidade pelo atual governo de forma muito equivocada, mas tudo começou porque nós tivemos a capacidade de fazer o projeto andar. As escrituras da Estrutural, do Riacho Fundo II e de vários outros lugares, só saíram porque nós estávamos na secretaria de Habitação.
EB: Então para o senhor valeu a pena se licenciar do mandato e trabalhar no Executivo?
GM: Eu acho que foi a experiência mais exitosa que eu tive. Até porque se eu ficasse como deputado federal, de 2011 a 2014, eu, provavelmente, ia ajudar o governo federal, mas não ia conseguir realizar o que nós realizamos aqui. Como secretário de Habitação, hoje eu vou no apartamento que a pessoa mora e vejo que é um apartamento simples, é modesto, mas é daquela família. Isso sim é o maior orgulho que eu tenho. Ver uma pessoa que morava na Estrutural há mais de 20 anos e não tinha escritura e receber a sua escritura, isso tem um valor enorme para quem faz política.
EB: E por que o Magela quer ser deputado distrital e não deputado federal? Muitos podem ver isso como um retrocesso, o senhor não vê isso como um retrocesso?
GM: Eu acho que voltar a ser distrital não é um retrocesso. Muita gente às vezes se engana achando que quando você deixa de ser federal, deixa de ser candidato a senador, ou a governador, e volta a ser candidato a distrital as pessoas pensam que você está dando um passo para trás. Na verdade, não é. A gente sabe que aqui no DF, eu considero, os dois cargos mais importantes são o de governador e o de deputado distrital. Você vai cuidar da cidade, você vai pensar na cidade, você vai resolver os problemas da cidade. E eu gostaria muito de ser candidato a governador, mas se eu sou candidato a deputado distrital e ganho a eleição, eu posso olhar para o futuro com a possibilidade de disputar o governo.
EB: E como o senhor avalia o atual governo?
GM: O atual governo é o pior da história do DF. Nós temos um governador que ele, infelizmente, demonstrou que não tem capacidade de gestão. Mas o que é pior. Ele não tem capacidade de articulação política e é muito arrogante. É um governo de nariz empinado. Não tem a humildade de reconhecer as suas dificuldades e de pedir ajudar. Qualquer pessoa tem virtudes e tem dificuldades. Quando você tem dificuldades, você pede ajuda. Se você não pede ajuda, é uma postura arrogante. O DF sofreu um profundo retrocesso quanto ao governo.
EB: Então o senhor concorda que faltou capacidade administrativa como muitos políticos daqui falam?
GM: Concordo plenamente. O atual governador não tem nenhuma capacidade administrativa, nenhuma. E, acima de tudo, é arrogante e de nariz empinado.
EB: Vamos agora falar do PT. Como o senhor acha que vai ser a composição do seu partido para as eleições deste ano? Podem haver possíveis alianças com aliados do passado como o senador Cristovam Buarque, por exemplo?
GM: Olha nós temos um debate que está sendo desenvolvido dentro do PT e nós temos uma direção, feita pela presidenta, deputada Érika Kokay, que está demonstrando que o partido corre o risco de ficar sozinho. Nós temos uma posição adotada de não fazer aliança com o senador Cristovam Buarque.
EB: Por que?
GM: A militância do partido se sente traída pelo Cristovam em vários momentos. Nós sabemos que nós o ajudamos a elegê-lo como governador e depois duas vezes senador. E hoje a imagem que o Cristovam deixou para o PT é que ele cuspiu no prato que comeu. E isso é muito ruim. A militância vê que não tem como apoiar o Cristovam dessa vez. Então, é muito difícil o PT fazer aliança. Nós chegamos a abrir um diálogo com o Joe Valle (atual presidente da CLDF e do PDT), mas que não avançou até por uma posição do próprio Joe Valle. Então, o PT vai ter candidato a governador, vai ter candidato a senador, vai ter candidato a federal, vai ter candidato a distrital e vai disputar as eleições sem alianças neste ano. Pelo menos essa é a nossa convicção e o quadro que está estabelecido.
EB: Então não há chances de formar aliança com aliados históricos como PDT, PC do B e …
GM: Ainda há diálogos que estão sendo desenvolvidos. O PDT escolheu um caminho de se aliar com o Cristovam, que dificilmente permite formar uma aliança com o PT. Certamente, o PT hoje trabalha com a possibilidade de sair numa chapa sem alianças e com candidaturas para todos os cargos e levando a candidatura do Lula.
EB: Como o senhor vê as possíveis candidaturas da oposição ao governo? Por exemplo, Frejat, Fraga, Izalci e Alírio. Tem gente que considera que eles estão se atrapalhando nas negociações. Como o senhor vê essas movimentações?
GM: O que eu vejo hoje é que o atual governador está jogando para dividir todo mundo. Ele faz um projeto de tentar dividir todos os seus adversários. E claro, à medida que há uma divisão eles saem enfraquecidos. Como a direita tem cacique demais, certamente, esses caciques estão brigando para dar o bote para tomar o comando. Nós sabemos que se eles estiverem unificados, eles têm um potencial muito forte. Não que não sejam imbatíveis, mas é um potencial eleitoral forte. Se eles estiverem divididos correm o risco de não ir nenhum deles para o segundo turno.
EB: No cenário nacional, como o senhor avalia a atual situação do ex-presidente Lula?
GM: A minha avaliação é de que o Lula será candidato. Até por jurisprudência e por decisões que o TSE já tomou liberando candidatos condenados em outros pleitos, especialmente, nas (últimas) eleições municipais, há uma jurisprudência que demonstra que o (ex-) presidente Lula poderá ser candidato. E ele sendo candidato, eu não tenho dúvidas que ele será vitorioso. Se acaso houver alguma decisão questionável dele não ser candidato, eu acredito que qualquer candidato do PT que ele apoiar estará no segundo turno e poderá ganhar a eleição. Eu tenho a clareza que o centro-esquerda num segundo turno se unifica. Se for com o Lula, certamente, ele será o presidente. Se for com outro nome do PT, nós temos a chance de disputar o segundo turno e ganhar. Mas, hoje, eu tenho uma convicção muito firme de que o Lula será candidato e estará disputando o voto na urna.
EB: Mas o senhor não acha que isso venha a ter algum reflexo aqui no DF?
GM: Isso, certamente, terá um reflexo aqui no DF. Se você tem uma candidatura à presidência que é forte, isso, certamente, reflete no DF. O Lula sendo candidato, ele terá uma influência muito grande aqui no DF.
EB: E qual a mensagem que o Magela deixa para os seus eleitores e para a população do DF?
GM: Eu estou começando a organizar a minha campanha para deputado distrital. Quero comunicar que essa é uma decisão já tomada. Quero pedir para àqueles que acreditarem no projeto nosso, possa nos ajudar a organizar essa campanha. Nós não estamos em campanha. A campanha só começará em agosto, mas estamos com a pré-campanha que é uma fase de organização da campanha. Então, as pessoas já podem acessar a minha página geraldomagela.com.br e nos ajudar na campanha em todas as cidades. Vai ser uma campanha complexa, com características de dificuldades para todos por causa da situação política do país. Mas, nós sabemos que a população tem muito claro que tudo começa e que tudo se conclui com a política. Nós temos que saber com quais políticos podemos contar. Ver o passado, ver o presente, ver a história e ver o que tem de propostas cada um desses políticos. E certamente, sendo merecedor da confiança dessas pessoas eu vou honrar a população na Câmara Legislativa mais uma vez.
Da Redação
Fotos: Divulgação/Magela e Expressão Brasiliense
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