A medida que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ia confirmando os nomes dos eleitos em 2018, a população se surpreendia com a quantidade de parlamentares que se elegeram fazendo campanha apenas pelas redes sociais.
Além de parlamentares, vimos também um presidente da República se eleger priorizando a campanha e a apresentação de suas propostas aos eleitores pelas plataformas virtuais.
O uso das redes sociais nas eleições de 2018 foi o principal instrumento de convencimento e conquista de votos. Com isso, surgiu uma nova safra de parlamentares: os políticos-influencers digitais.
Aqui no DF, temos três exemplos de parlamentares que se elegeram nessas condições. Os federais Luis Miranda (DEM) e Bia Kicis (PSL), e o distrital Daniel Donizet (PL).
Até então, os três ‘influencers’ eram desconhecidos no ‘jogo do bicho’ político do DF. Reza a lenda que Miranda se elegeu postando seus conteúdos desde Miami nos EUA e desembarcou por aqui a poucos dias da votação. Já Bia e Daniel foram eleitos graças a forte onda bolsonarista nas redes sociais.
Aliás, eles curiosamente foram beneficiados por apoiar Jair Bolsonaro, que só tinha 8 segundos de tempo de TV e rádio no horário eleitoral, mas soube usar como nenhum outro candidato a internet a seu favor.
No entanto, essa tal nova tendência de se convencer o eleitor não demonstrou a mesma força nas últimas eleições municipais.
Quem se elegeu em 2020, para prefeito ou vereador, teve que adotar o antigo método de gastar muita saliva e sola de sapato nas ruas para conquistar o eleitor, mesmo em tempo de pandemia.
Nos bastidores, observadores da política brasiliense apontam que essa é a motivação que faz com que Luis Miranda e Bia Kicis cogitem se candidatar por outro estado e não mais pelo DF, pois estão considerando a localização da maioria de seus seguidores.
Ou seja, os dois federais não estão dispostos a prestar contas de seus mandatos aos eleitores que os escolheram para representá-los. Vão tentar aplicar a mesma fórmula em outra praça. Quiçá assim consigam continuar no Congresso.
Já Daniel Donizet deve concorrer à reeleição e para o próximo pleito escolheu como público-alvo os donos dos pets (termo usado em inglês para animal de estimação ou ‘preferido’), já que sua atuação parlamentar tem se dedicado a defender a causa animal, em especial, cães e gatos. Só que bicho não vota.
Pelo visto, a narrativa da renovação na política pregada nas últimas eleições não vai colar mais para esses políticos-influencers em 2022 e a saída é buscar outros eleitores. Daí a dificuldade em se reeleger.