Com um discurso de candidato à Presidência da República, o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro se filiou ao Podemos na quarta (10) perante um auditório lotado de aliados e admiradores num centro de convenções em Brasília. Recepcionado ao coro de “Moro, presidente!”, o agora político mexe com o tabuleiro da disputa ao Palácio do Planalto em 2022.
E o surgimento do ex-juiz como um possível candidato para presidente no cenário já começa a ficar perceptível aos olhos do eleitor brasileiro. Uma pesquisa divulgada pela Genial/Quaest, na quarta, aponta que Sérgio Moro já aparece em terceiro lugar, um ponto a frente do pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. Moro tem 8% e Ciro, 7. O chamado empate técnico. Nesse levantamento da Genial/Quaest, Lula tem 48% e Bolsonaro, 21.
Apesar de todo o frisson em torno da candidatura do ex-juiz, numa superficial análise de cenário, o partido pelo qual ele vai concorrer não tem força e nem capilaridade política para transformá-lo no candidato único da 3ª via. O Podemos terá dificuldades para atrair outros partidos para o seu projeto, principalmente, por ter uma atuação dentro do Congresso considerada contraditória. Uma hora, o partido está com a maioria. Em outra, quer ser independente. A legenda e seus parlamentares, nos bastidores, são considerados pelos outros líderes como ‘inconfiáveis’.
Primeiros ataques
Assim que a imagem do candidato Sérgio Moro ganhou as redes sociais, os primeiros ataques vieram. Ciro Gomes opinou em seu perfil no Twitter sobre a candidatura de Moro. Seus aliados, inclusive começaram o movimento #prefirociro.
A candidatura de Moro só vai agravar sua crise de identidade. Ele vivia disfarçado de juiz e agora quer se disfarçar de político para resolver suas enormes contradições. Nenhuma das vestes lhe cabe. #CiroNaCNN
— Ciro Gomes (@cirogomes) November 10, 2021
Por parte da família Bolsonaro, somente o ’03’, deputado Eduardo Bolsonaro, ainda no PSL, comentou a entrada do ex-juiz para a política. Ele postou no Twitter que Moro é “odiado pela esquerda”.
Moro é odiado pela esquerda. Imagino que seus(a) conselheiros(a) políticos digam que ele venha a ter votos no público não esquerdista.
Abaixo, enquete da Jovem Pan, meio de comunicação de linha não esquerdista: “você votaria em Moro?” pic.twitter.com/sndQ6xlWxB
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) November 10, 2021
Já o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que pretende lançar o senador Rodrigo Pacheco (MG) como candidato do partido para presidente, descartou em entrevista a possibilidade de aliança com Sérgio Moro. “Eu acho que o perfil vencedor será aquele que representa a união do País, a pacificação, o compromisso com a solução dos problemas da saúde, em especial com essa questão da pandemia, e a melhoria na educação pública”, disse o dirigente.
Dispostos a conversar
No entanto, nem tudo está perdido para o ex-juiz da Lava Jato, operação que o projetou nacionalmente e internacionalmente. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, sinalizou que pode haver uma aproximação com Moro, mas só depois das prévias. Eles conversaram na semana passada por telefone.
O deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL e futuro comandante do União Brasil, fruto da fusão do seu partido com o DEM, indicou que pode sentar com Moro, porém, adiantou que há um projeto em andamento.
“O MDB, o PSDB e o União Brasil estão juntos para montar uma candidatura de terceira via. Se o Sérgio Moro quiser entrar nesse bloco também, a gente vai discutir em conjunto”, argumentou Bivar. “Não existe veto.”
Já Roberto Freire, presidente do Cidadania, declarou que o ex-juiz pode ser uma opção. Contudo, Freire fez um alerta sobre a tal dianteira do ex-juiz em relação a outros nomes do grupo da terceira via não necessariamente vai se manter no ano que vem. “Qual o cenário de 2022? Pesquisa agora é uma fotografia de um processo que mal se iniciou”.
Com informações da Agência Estadão Conteúdo
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