• 13 de outubro de 2024

Opinião: Dois anos decisivos

Por Fred Lima*

Findadas as eleições de 2018, a Associação dos Blogueiros de Política do Distrito Federal e Entorno (ABBP) se volta agora para o seu pleito interno, que ocorrerá no início de 2019 para eleger uma nova diretoria. Neste ano, a instituição participou pela primeira vez da cobertura de uma eleição, pois foi fundada em dezembro de 2014.

Há quatro anos, a blogosfera política da capital resolveu se organizar em associação com o objetivo de fortalecer a categoria de blogueiros que andava dispersa. De lá para cá, avançamos em determinados assuntos, mas ainda não conseguimos progredir muito no que tange à ética jornalística.

Desde o início da década, o monopólio da informação vem perdendo força e os smartphones estão se transformando em editorias de jornais, capazes de publicar notícias e vídeos dos fatos em tempo real. O lado negativo desta facilidade é o aumento das barrigadas (termo jornalístico conhecido quando o repórter publica uma matéria equivocada) pela falta de um editor-chefe.

Com o advento das mídias digitais, o surgimento das fake news se tornou uma ameaça visível a toda a sociedade. A meu ver, o desafio da próxima gestão da ABBP será rasgar o véu da marginalização que ainda paira sobre parte da blogosfera política. Tal mantilha se encontra também desdobrada sobre alguns veículos da mídia tradicional, algo que certos veteranos das redações fazem vistas grossas ao tratar do tema espinhoso.

Para que a categoria de blogueiros seja mais respeitada do que temida, a nova diretoria executiva terá o desafio de promover políticas educativas que visem à conscientização dos sócios quanto às regras básicas do jornalismo. Ao mesmo tempo, o Conselho de Ética deverá se manifestar toda vez que alguém ferir a ética jornalística, como preconiza o Código de Ética. Se o Departamento Jurídico existe para assegurar o amparo judicial aos sócios que são injustamente processados, o Código é o regulamento que impede práticas do mau jornalismo, evitando, desta forma, possíveis dores de cabeça para os administradores dos blogs que terão que responder ações na Justiça.

A ABBP não pode interferir na linha editorial dos veículos de seus associados. Cada blog tem o livre arbítrio de decidir o rumo que quer tomar. Mas uma coisa é ser livre ao optar pela linha que quer seguir, outra é confundir liberdade de imprensa com libertinagem, achaque e chantagem no intuito de difamar políticos e autoridades, manchando, com isso, o nome da entidade que o representa e contribuindo para que o véu maculado continue sendo estendido.

Agora, imagine o atual cenário sem a criação da ABBP? Seria uma verdadeira Torre de Babel. Com certeza, a categoria estaria dividida e buscando apenas interesses individuais e não coletivos, como deve ser. Além disso, não haveria norma para frear práticas errôneas e inescrupulosas, que crescem assustadoramente não só no DF, mas em todo o país.

Um dos principais méritos da associação nestes quatro anos de existência foi propiciar um ambiente de troca contínua de informações, o que favoreceu para que aumentasse a fiscalização das ações do Executivo, Legislativo e Judiciário, operando como uma fábrica de notícias, pautando, por diversas vezes, os veículos convencionais. Por este e outros motivos, a sobrevivência da instituição é fundamental para o fortalecimento da imprensa livre.

Talvez a próxima gestão precise ser a mais pragmática de todas para manter a classe organizada e instruída. O regulamento já existe e deve ser praticado. Na República, a Constituição é a bússola. Na ABBP, o Estatuto Social precisa ser o norte junto com o Código de Ética. Neles estão contidos os ideais para que a entidade atinja os objetivos pelos quais foi criada.

Por fim, a busca e a meta da diretoria do próximo biênio deve ser por qualidade, não quantidade. Crescer de forma ordenada é outro grande desafio, não que um número elevado de sócios seja ruim. Se a maioria compreender a importância da consolidação da categoria por meio da ética jornalística e da luta pelo cumprimento da Emenda à Lei Orgânica n° 74/2014, de autoria da deputada distrital Luzia de Paula (PSB) – a qual destina, no mínimo, dez por cento da verba de publicidade do Poder Público do DF para os veículos de comunicação alternativos –, teremos alcançado um dos alvos que sempre almejamos.

*Fred Lima é jornalista, radialista, fundador e presidente de honra da ABBP.

Foto: Reprodução do artigo

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