A agricultura, a silvicultura e outras atividades que usam o solo representam 23% das emissões humanas de gases do efeito estufa. A estatística consta do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado no dia 8 de agosto.
“O solo já em uso poderia alimentar o mundo num clima em (um contexto de) mudanças e fornecer biomassa para a energia renovável, mas é necessária uma ação antecipada e extensa entre várias áreas”, afirma Jim Skea, co-presidente do grupo de Trabalho III do IPCC.
Segundo o pesquisador, o mesmo vale para a conservação e a restauração de ecossistemas e da biodiversidade. Os processos naturais do solo absorvem um volume de dióxido de carbono equivalente a quase um terço das emissões de dióxido oriundas de combustíveis fósseis e da indústria.
O relatório ressalta que as mudanças climáticas estão afetando todos os quatro pilares da segurança alimentar: disponibilidade (rendimento e produção), acesso (preços e capacidade de obter comida), utilização (nutrição e preparo dos alimentos) e estabilidade (rupturas na disponibilidade).
Respostas aos desafios
Como uma das possibilidades para a estabilização da produção, os especialistas sugerem uma gestão de riscos, que pode aprimorar a resiliência das comunidades a eventos extremos, que impactam os sistemas alimentares.
“Isso pode ser alcançado por meio de mudanças nas dietas ou de ações para garantir variedade nas culturas plantadas, de modo a prevenir a degradação do solo e aumentar a resiliência a um clima extremo ou inconstante”, diz o relatório.
“Dietas balanceadas, com alimentos baseados em vegetais, como grãos alternativos, legumes, frutas e vegetais, e alimentos de origem animal produzidos de forma sustentável, em sistemas de baixa emissão de gases do efeito estufa, apresentam grandes oportunidades para a adaptação às mudanças climáticas e para a limitação delas”, também destaca o documento.
“O solo já em uso poderia alimentar o mundo num clima em (um contexto de) mudanças e fornecer biomassa para a energia renovável, mas é necessária uma ação antecipada e extensa entre várias áreas””
Jim Skea
O relatório Mudanças Climáticas e Solo, um relatório especial do IPCC sobre mudanças climáticas, desertificação, degradação do solo, gestão sustentável do solo, segurança alimentar e fluxos de gases do efeito estufa em ecossistemas terrestres é uma publicação que foi preparada por 107 especialistas de 52 países.
A equipe de autores cita mais de 7 mil referências no documento. Para a elaboração da pesquisa, foram considerados 28.275 comentários de revisão feitos por outros especialistas e governos. Essa é a primeira vez na história dos relatórios do IPCC que a maioria dos autores — 53% — é de países em desenvolvimento.
O documento é uma contribuição científica fundamental para as próximas negociações sobre o clima e meio ambiente, como a Conferência das partes da Convenção da ONU para Combater a Desertificação (COP14), em setembro, na Índia.
Fonte: Globo Rural