• 26 de abril de 2024

20 ANOS DO ATENTADO | 11 de setembro marca o declínio e o fim da hegemonia dos EUA como potência mundial

Os ataques de 11 de Setembro marcaram um ponto de inflexão, e a retirada das tropas americanas do Afeganistão, 20 anos depois, é a prova de que os EUA agora colocam interesses domésticos acima de tudo, opina Ines Pohl.

Em vários aspectos, o ataque terrorista às Torres Gêmeas e ao Pentágono atingiu os EUA no coração. Um atentado dessa magnitude nunca havia ocorrido antes em solo americano, não apenas em termos de número de mortos e feridos, mas também na precisão com que os terroristas destruíram os símbolos da supremacia econômica e militar do mundo em apenas uma hora.

Foi apenas graças a alguns passageiros corajosos que, depois das Torres Gêmeas e do Pentágono, o quarto avião não conseguiu concluir seu voo mortal se chocando contra a Casa Branca ou o Capitólio.

Um choque existencial quase esquecido

Neste sábado (11/09), 20 anos depois, o choque e a comoção existencial teriam sido quase esquecidos pelo menos por quem tem menos de 30 anos e quase não tem lembranças da data e dos dias seguintes que se seguiram. Mas também para muitos outros americanos que vivem longe de Nova York ou Washington os eventos se tornaram história antiga.

As medidas de segurança nos aeroportos podem ainda incomodar, mas as pessoas se acostumaram às filas mais longas, já retiram os sapatos voluntariamente e estão preparadas para pagar 4 dólares por uma garrafa de água após passarem pelo controle de segurança.

O 20º aniversário dos ataques provavelmente teria mudado pouco a esse respeito se o atual presidente dos EUA, Joe Biden, não tivesse vinculado a retirada das tropas americanas do Afeganistão àquela data fatídica.

Ele designou 11 de setembro como a data em que todas as tropas americanas iriam definitivamente deixar o país, provavelmente para indicar que a missão foi concluída com sucesso.

Mais uma vez, ressentimento islamofóbico

É difícil falar do sucesso de uma política externa tendo em vista a situação atual de Cabul. E, internamente, a discussão política sobre como lidar com os refugiados do Afeganistão reacendeu os ressentimentos islamofóbicos vistos nos primeiros anos após os ataques de 11 de Setembro.

Está ficando claro também que os muçulmanos estão sendo transformados em fantoches políticos na campanha eleitoral suja que antecede as eleições legislativas, e as imagens de terror de 20 anos atrás serão usadas exatamente para esse fim.

Ao longo dos anos, bilhões de dólares foram usados na chamada guerra contra o terror, e tanto os serviços secretos quanto os militares foram modernizados: era uma narrativa aceita de que os EUA estavam sob ameaça externa e que deveriam fazer tudo para acabar com essa ameaça de uma vez por todas.

Um sonho tornado realidade

Mas a cada ano que o impacto das imagens das Torres Gêmeas em colapso ia arrefecendo, a disposição de sacrificar mais vidas e gastar bilhões em guerras intermináveis diminuiu.

A elite política estava, portanto, apanhada em uma armadilha. Para justificar as guerras, pelo menos desde o assassinato de Osama bin Laden no Paquistão, em 2011, o foco principal deixou de ser o combate às redes terroristas.

Cada vez mais, o foco mudou para o apoio às forças democráticas: o objetivo era transformar o Afeganistão em um país com uma forma de governo ocidental.

Como no Vietnã, as pessoas sucumbiram à falácia de que poderiam exportar seu próprio sistema político e, assim, proteger o mundo do comunismo, do extremismo e do terrorismo.

(Istoé)

Foto: Reprodução/Google Imagens

Expressão Brasiliense

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