Os inúmeros erros de estratégias e a falta de traquejo político do neófito pré-candidato a Presidência da República, Sérgio Moro, do Podemos, podem levá-lo a desistir da disputa ao Planalto. A única alternativa viável para o ex-juiz será tentar se eleger para a Câmara dos Deputados.
Na avaliação de analistas e observadores da política nacional, o ex-ministro de Jair Bolsonaro queimou a largada na corrida eleitoral. Quando voltou dos Estados Unidos, Sérgio Moro já desembarcou como pré-candidato sem ao menos saber suas reais chances de entrar num pleito dessa magnitude e obter êxito.
A falta de experiência fez com que Moro se antecipasse as articulações e movimentações dos partidos e hoje colhe os frutos de suas burradas. Ele não procurou entender como e com quem se faz política.
Em meio a tantos erros, o ex-juiz teve a sorte grande de ser acolhido pelo Podemos, que abriu as portas do partido e a sua presidente, a deputada Renata Abreu, mesmo sob ataques de fake news, se mantém leal e defensora do ex-ministro. Se o partido falhou, foi deixar que ele queimasse a largada. Esqueceram de ensinar a Moro que na política é preciso ter uma base de aliados bem sólida para querer alçar um voo dessa magnitude, pois para entrar na disputa para chefiar o Palácio do Planalto, não é para qualquer um. Não basta apenas posar para as câmeras como um juiz herói ou salvador da pátria.
Outra falha de Sérgio Moro foi escolher para coordenar sua campanha um profissional que nunca disputou uma eleição presidencial no Brasil. Moro tem que entender que amizade é uma coisa e política é outra. É preciso profissionalismo para encarar uma disputa tão acirrada como é a da Presidência da República.
Segundo a visão de muitos analistas, Sérgio Moro está se unindo a grupos políticos sem expressão e a movimentos sociais com alta taxa de rejeição como o MBL, por exemplo.
Ou seja, a falta de ‘feeling’ político da equipe de campanha do ex-ministro está aumentando ainda mais o buraco em que ele pode vir a cair e de lá não sair nunca mais. E dessa vez não tem como dizer que o Podemos é culpado, até porque nos bastidores o pessoal que coordena a campanha acha que ele é maior que o partido, o que não é.
Com os rumores de que está flertando com o União Brasil e pode se filiar a legenda, Sérgio Moro vai aumentar ainda mais a pecha de que é um traidor, afinal de contas, o Podemos lhe deu guarida e agora ele vai simplesmente deixar a sigla falando sozinha no meio do caminho.
Portanto, cabe ao ex-juiz tomar logo uma decisão: desistir da presidência ou tentar ir para o Congresso Nacional.
Na verdade, o que resta para Sérgio Moro é se contentar com os 10%, enquanto não entender que ele precisa somar o que o Podemos faz bem com os profissionais gabaritados do mercado, ou se candidatar a deputado federal, o que já vai ser uma grande vitória para quem ainda não aprendeu a fazer política caso venha a se eleger.
Foto: Marcos Côrrea/PR