As rusgas e embates entre petistas e emedebistas são coisas do passado. Prova disso foi o encontro organizado pelo PT, na manhã desta terça-feira (8), na Câmara dos Deputados, para oficializar o convite ao MDB para que integre o conselho político da equipe de transição do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A reunião foi conduzida pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e contou com a presença do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), além de políticos e parlamentares das duas legendas.
Essa reaproximação põe fim às especulações de bastidores de que ainda havia resquícios de mágoas nessa relação devido a suposta traição dos emedebistas quando foi instalado o processo de impeachment da então presidente, Dilma Rousseff, do PT, em 2016, culminando na queda da petista e gerando perdas a legenda que só foram superadas com a eleição de Lula neste ano.
Para que o terceiro mandato do petista tenha êxito e ajude a reposicionar os principais atores da legenda no cenário político, já pensando na aposentadoria de seu líder máximo, o núcleo duro do futuro governo sabe que precisa construir alianças sólidas para que lá na frente Lula possa eleger o seu sucessor, assim como fez com Dilma.
Interesse do MDB
Portanto, esse convite ao MDB, quer queiram eles ou não, também é de interesse dos emedebistas, pois além de voltar a ocupar cargos e a comandar órgãos do governo federal, a direção do partido vislumbra ter o seu próprio candidato em 2026, assim como foi neste ano.
Como a candidata derrotada da sigla na disputa presidencial, a senadora Simone Tebet (MS) já desponta como um dos nomes a fazer parte da lista de possíveis candidatos a suceder o petista, ela já está largando na frente dos demais concorrentes que venham a surgir para o próximo pleito. Se os rumores de que ela vai se tornar ministra se concretizarem, Tebet surge como forte candidata. Resta saber se os caciques da sigla vão deixá-la alçar voos maiores.
A articulação em andamento para atrair o MDB para o novo governo Lula visa também impedir que a legenda prossiga com as tratativas com o PSDB e Cidadania de uma possível fusão ou o ingresso dos emedebistas na federação que já foi criada entre as duas siglas.
Na eleição deste ano, o MDB aumentou sua bancada de deputados. Até o momento, a sigla tem 37 parlamentares e, em 2023, o partido passará a ter 42 e será a quarta maior bancada da Câmara, o que faz com que eles tenham o poder de influenciar no resultado final de qualquer votação. No Senado, a legenda será composta por 10 senadores, se tornando a terceira maior bancada da Casa.
Votos dos emedebistas
Quem leu este texto até aqui, agora consegue entender o porquê que os petistas querem tanto que o MDB faça parte do governo de transição e, a depender da negociação, também do terceiro mandato de Lula. A impressão que fica é que o governo do PT quer contar com os votos dos emedebistas no Senado e na Câmara dos Deputados para que suas propostas e projetos sejam aprovados sem empecilhos ou cobranças futuras.
No término do encontro, Baleia Rossi disse que gostou do que viu e ouviu, mas que essa decisão ele não tomará sozinho e sim com todos os emedebistas. O deputado prometeu reunir a cúpula do MDB para debater o assunto e dar uma resposta o mais rápido possível.
E aí? Para você, o MDB vai ou não aceitar o convite? Fiquemos de olho.
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