Não é de hoje que o ex-governador José Roberto Arruda, do PL, vem tentando conter o crescimento político do atual chefe do Palácio do Buriti, Ibaneis Rocha, do MDB. É notório que Arruda quer impedir que ele se torne o primeiro governador reeleito depois de Joaquim Roriz, pois caso Ibaneis tenha êxito nessa empreitada ele se consolida como a nova força política na capital federal.
O plano do maquiavélico Arruda não tem dado muito certo. Como está inelegível desde quando a Operação Caixa de Pandora o ejetou da cadeira de governador em 2009, ele tem se mantido vivo no cenário político por meio de sua esposa, Flávia Arruda, que se elegeu deputada federal em 2018.
Em 2014, o casal ficou pelo meio do caminho sofrendo uma derrota para o grupo esquerdista liderado por Rollemberg, do PSB, quando Flávia foi candidata à vice na chapa de Jofran Frejat, que naquela época ainda não conhecia as intenções do “diabo” que queria comprar sua alma.
Com a chegada de Flávia ao Congresso Nacional, o grupo Arruda voltou a ter voz no meio político. Seguindo as orientações do marido, a deputada foi parar num ministério e aumentou sua visibilidade ganhando projeção nacional devido ao cargo de ministra.
Em meio as movimentações e articulações para as eleições deste ano, iniciadas já em 2021, nos bastidores criou-se a expectativa de Flávia Arruda viria a romper com Ibaneis Rocha e se lançar ao GDF.
Diante dos rumores e especulações de um eventual rompimento, Ibaneis tratou logo de enquadrar o casal e ficou acordado que Flávia será pré-candidata ao Senado na chapa do emedebista.
No entanto, o ex-governador continuou se movimentando nos tribunais e tem conquistado vitórias importantes, porém a Justiça comum não tem sido tão generosa com Arruda como ele desejava. Dois de seus processos foram transferidos para a Justiça Eleitoral como ele pretendia, mas ele segue inelegível por ter sido condenado por improbidade administrativa em um outro processo.
O processo que trata dessa condenação, que impossibilita sua volta por completa ao jogo político, ainda depende da análise do STF de uma ação que está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, sobre a nova lei de improbidade administrativa.
A defesa de Arruda se baseia nas mudanças da legislação para que ele possa ficar elegível, no entanto Moraes determinou a suspensão de todos os processos que solicitam a prescrição das ações de improbidade até que a ação seja julgada pelo STF.
Com isso, não resta outra alternativa para Arruda a não ser torcer para que Moraes julgue a ação nesse curto espaço de tempo até o fim do prazo de registro de candidatura.
O ex-governador está filiado ao PL e caso restabeleça seus direitos políticos poderá concorrer neste ano. Contudo, mesmo que Arruda entre na disputa, como querem seus aliados, ele corre o risco de perder para o próprio Ibaneis.
Em 1998, Arruda quis enfrentar Joaquim Roriz nas urnas e ficou em terceiro lugar obtendo cerca de 18% dos votos. Roriz foi para o segundo turno com Cristovam Buarque, na época do PT, e venceu.
Neste ano, caso seja liberado, Arruda pode até por o bloco na rua, mas enfrentará um adversário que tem o apoio de vários setores como a classe empresarial, produtores rurais, de uma boa leva de servidores públicos que foram contemplados com seus pleitos e das famílias que tiveram seus imóveis regularizados depois de décadas de espera, além de outros grupos.
Para Arruda conter o crescimento de Ibaneis e impedir que o emedebista se torne um ‘novo Roriz, ele terá que vencer muitos outros obstáculos, não basta só voltar a ser elegível, vai ter que convencer muita gente que num eventual governo comandado por ele os maços de dinheiro e as inúmeras falcatruas que vieram à tona após sua queda não voltarão a acontecer.
Nesse quesito, Ibaneis ganha dele disparadamente, pois em seu governo que tem cometido crimes está indo parar na cadeia. Em outros tempos, quando se descobria uma investigação em curso o delegado responsável era trocado e a bagunça continuava.
Os próximos dias será de fortes emoções na política brasiliense. Uma coisa é certa, Ibaneis continua como franco favorito e até o momento sem adversário capaz de vencê-lo nas urnas. Se Arruda inventar, pode se estrepar.
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