• 22 de novembro de 2024

Lava Jato mira 45 doleiros em operação no DF e em mais quatro estados

Em mais um desdobramento da Operação Lava Jato, a Polícia Federal cumpre, nesta quinta-feira (3/5), 45 mandados de prisão no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Uruguai e Paraguai.

A ação, que conta com a parceria do Ministério Público Federal (MPF), tem como alvos doleiros que enviavam dinheiro para o exterior sem passar por instituições financeiras. O esquema envolve cerca de três mil offshore em 52 países, que movimentavam US$ 1,6 bilhão. As empresas eram usadas para ocultar os verdadeiros donos dos recursos. Segundo as investigações, o grupo usava até softwares para monitorar o dinheiro.

Na mira da operação está o doleiro Dário Messer, que já foi investigado nos esquemas do Banestado e do mensalão. A delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, resultou na operação. Ambos trabalhavam em esquema que envolvia o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB).

A operação foi batizada de Câmbio Desligo e os mandados autorizados pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Estão sendo cumpridos um total de 43 ordens de prisão preventiva no Brasil e seis de prisão preventiva no exterior, quatro de prisão temporária, e 51 mandados de busca e apreensão.

Principal alvo da operação, Messer é um antigo doleiro do Rio de Janeiro que após o caso Banestado – maior escândalo de lavagem de dinheiro da história do Brasil – mudou sua banca para o Uruguai e para o Paraguai. A “Câmbio, Desligo” também cumpre mandados judiciais nos dois países.

Doleiros dos doleiros
Messer seria o nome por trás do operador Juca Bala. Ele é conhecido como “doleiro dos doleiros”. Na primeira delação de Alberto Youssef, em 2004, ele apontou Messer como um dos responsáveis por dar “cobertura de mercado” a outros operadores financeiros menores que atuavam no dólar-cabo e em outras transações para lavagem de dinheiro.

Em um depoimento dado em 2004 ao juiz Sergio Moro e aos procuradores da força-tarefa CC5, Youssef disse que naquela época eram poucos “doleiros de doleiros” no Brasil e que um deles, além do próprio Youssef, era Messer.

“Bom, um era eu, a Tupi Câmbios, a Acaray, Câmbio Real, Sílvio Anspach, o Messer do Rio, o Rui Leite e o Armando Santoni. O Antônio Pires, eu nunca negociei com ele, então, o meu relacionamento com ele era praticamente zero, eu conheço de nome, e sei com quem ele operava, mas nunca assim”, disse Youssef.

Operador de uma das contas da Beacon Hill, conta-ônibus no JP Morgan Chase, de Nova York, no qual vários doleiros brasileiros mantinham sub-contas, Messer foi um dos alvos da operação Farol da Colina, sob tutela do até então desconhecido juiz Sergio Moro. Somente na Beacon Hill, as autoridades encontraram movimentações de US$ 13 bilhões provenientes de brasileiros.

Quando os investigadores do Banestado chegaram a Messer, ele se mudou, segundo Youssef, para o Uruguai. “A mesa do Messer foi para o Uruguai, eles estão trabalhando lá com sistema de call back, o Juan Miguel que é do Integracion também está no Uruguai, também estão trabalhando com o sistema call back. Sobrou o pessoal do Rio que está lá, estão quebrados, mas ainda continuam no mercado operando um pouco”, afirmou o doleiro que deu origem à Lava Jato.

Outros doleiros
A Câmbio Desligo também lançou olhares para outros dois doleiros: Sergio Mizhay e Enrico. Segundo os agentes que participam da operação, eles integravam um sofisticado esquema para lavar dinheiro por um sistema batizado de “Bank Drop”. O primeiro foi surpreendido pelos federais em um luxuoso apartamento de Ipanema.

Às 6h02, a PF cumpriu o mandado prisão de Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro, no centro de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Cordeiro é acusado de ser um dos operadores da Odecrecht no contato com integrantes do governo federal. Além da detenção, os agentes federais levaram computadores e documentos da casa dele. O suspeito já havia sido preso, em 2016, na 26ª fase da Lava Jato.

Matéria do site Metrópoles

Foto: Google Imagens

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