• 8 de dezembro de 2024

Escola no Riacho Fundo II planeja compartilhar saberes com a comunidade

Professores e alunos desenvolvem projetos e se unem para mostrar técnicas ambientais aos moradores da região. Pelas iniciativas, o Centro Educacional Agrourbano Ipê participou de prêmio em Abu Dhabi

Levar ensinamentos para fora dos muros da escola é o desafio do Centro Educacional Agrourbano Ipê, no Riacho Fundo II. O colégio reforçou a ideia de incluir a comunidade em ações sustentáveis após participar do prêmio Zayed Future Energy Prize, em janeiro, em Abu Dhabi.

A vice-diretora, Gedilene Lustosa, integrou o grupo que esteve na capital dos Emirados Árabes para apresentar as iniciativas do centro de ensino brasiliense. A viagem também permitiu conhecer técnicas desenvolvidas em outros lugares do mundo. “Tem uma escola no Paraguai que levou a luz solar para uma comunidade que antes não tinha energia”, conta.

Segundo Gedilene, o plano é que moradores da vizinhança aprendam técnicas como a agrofloresta e implementem em casa. “Podemos mostrar como captar a água da chuva e fazer tratamento de esgoto”, exemplifica.

No quintal do Centro Agrourbano Ipê há uma horta, um tanque de peixes e uma casa com bioconstrução. “Isso é para ser uma vitrine para a comunidade”, ressalta a docente.

Centro Educacional Agrourbano Ipê reaproveita água para irrigar os jardins

No colégio do Riacho Fundo II, o esgoto é tratado, e a água pode ser usada para irrigar o jardim ou até mesmo na descarga sanitária. “Não faz sentido a gente dar descarga em uma água limpa”, defende o professor de biologia Leonardo Teruyuki Hatano, um dos principais idealizadores das ações.

“Só de mostrar o tanque (de peixes), consigo ensinar o que é um plâncton, falar de cadeia alimentar, de micro-organismos”Leonardo Teruyuki Hatano, professor de biologia

A água que cai dos bebedouros quando os alunos a tomam também será reaproveitada. A escola está construindo um filtro para que o líquido possa ser usado para irrigar a horta.

O professor acredita que essa metodologia desperta o interesse dos alunos. “Só de mostrar o tanque, consigo ensinar o que é um plâncton, falar de cadeia alimentar, de micro-organismos.”

Para o aluno Odair Ferreira, de 18 anos, o método alternativo de ensino funcionou. “Não sou bom em decorar livros, mas me lembro do professor explicando sobre a morfologia das plantas aqui.”

O jovem foi escolhido pelo engajamento nas ações de sustentabilidade da escola para ir a Abu Dhabi representar os colegas. Agora, ele pensa em prestar vestibular neste ano para engenharia ambiental.

O Centro Educacional Agrourbano Ipê tem 560 alunos e fica no Combinado Agrourbano de Brasília I (Caub), local formado por vila urbana, chácaras e área de proteção ambiental.

Entre as ações do colégio estão:

  • Agrofloresta: combinação de diferentes espécies arbóreas com cultivos agrícolas de forma simultânea. Na escola, já foram plantados: banana, batata-doce, cajuzinho-do-cerrado, ingá, mamão, jenipapo, mandioca e maracujá. A banana, por exemplo, foi consumida na merenda como ingrediente da farofa.
  • Captação de água da chuva: feita por meio de um cano ligado a uma calha no teto da escola. A água é filtrada e levada ao tanque onde são criados peixes em sistema de aquoponia.
  • Aquoponia: une a piscicultura (cultivo de peixes) e a hidroponia (cultivo de plantas sem o uso do solo, com as raízes submersas na água). No tanque, são produzidas tilápias com a água da chuva e plantas submersas. Elas, por sua vez, são alimentadas pelos minerais das fezes dos peixes.
  • Tratamento de esgoto: como não há rede de esgoto na região, a água da fossa será tratada. A escola produziu um filtro de água cinza (para eliminar as substâncias químicas) e de carvão (para matar as bactérias). Parte do recurso filtrado será usada para regar as plantas, e parte será reaproveitada na descarga nos banheiros.
  • Sala ecológica: a estrutura foi construída com a técnica superadobe, processo que utiliza sacos de polipropileno preenchidos com solo argiloso. O teto foi feito com caixas de leite recicladas. A sala é utilizada para ações extraclasse, como contação de histórias.

Centro Educacional Agrourbano Ipê no Fórum Mundial da Água

As ações farão com que a escola represente a Secretaria de Educação na Vila Cidadã do Fórum Mundial da Água, em março.

A vila ocupará uma área de 10 mil metros quadrados no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. A entrada será gratuita, e os visitantes deverão se cadastrar no local ou, previamente, no site.

Matéria da Agência Brasília

Foto: Divulgação/Agência Brasília

 

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