“Sabe aquele prédio ali? Ajudei a construir. Tá vendo aquele outro na esquina? Também trabalhei na construção dele”, aponta Rodrigo Batista Meira, 44 anos, ao andar por uma rua em Águas Claras. Mas nem a experiência adquirida em mais de sete anos de profissão impediu o morador do Gama de fazer parte, por anos, de uma triste estatística: o de trabalhadores sem carteira assinada.
Desde março de 2012 ele não tinha um emprego fixo, com benefícios aos quais trabalhadores formais têm direito. “Em janeiro e fevereiro deste ano era registrado, mas foi um trabalho temporário”, conta.
No começo do mês, no entanto, o mestre de obras foi contratado por uma grande construtora de São Paulo que faz as obras da unidade de Águas Claras do Hospital Brasília. “Sou muito grato. Ganho um ótimo salário e tenho muitos benefícios, como um excelente plano de saúde”, comemora. “Eles têm obras no país inteiro e, quando a gente é contratado, assina um termo se colocando à disposição para viagens. Para onde me mandarem eu vou.”
Assim como Rodrigo, a quantidade de trabalhadores do setor privado aumentou em três mil pessoas em julho, em comparação com o mês anterior, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF) divulgada nesta terça-feira (26) pela Secretaria de Trabalho e pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). No total, 702 mil pessoas trabalham no setor privado do Distrito Federal, 594 mil delas (84%) com carteira assinada.
Há uma tendência de queda do desemprego em todo o país e o DF segue essa inclinação, como mostra a Pnad Contínua divulgada pelo IBGE no final de julho Jean Lima, presidente da Codeplan
Rodrigo foi encaminhado ao novo emprego por uma agência do trabalhador, serviço mantido pela Secretaria do Trabalho do DF que ajuda na inserção de pessoas no mercado. Ele trabalhava como mestre de obras, mas a vaga chegava ao fim em 31 de julho. Dias antes ele procurou a Agência do Trabalhador do Plano Piloto, que funciona no Setor Comercial Sul, fez a entrevista no dia seguinte e acabou contratado.
“Fui só cadastrar meu currículo, mas dei a maior sorte. Cheguei lá e vi essa vaga no quadro. No mesmo dia mandei meu currículo. Fiz a entrevista no outro dia e em 1º de agosto estava começando aqui”, relata Rodrigo, que havia precisado abrir mão de algumas despesas desde 2012, entre elas a mensalidade da escola do filho de 15 anos (R$ 900). “Sou separado, mas tenho a guarda dele, que é o caçula. Hoje ele estuda em uma escola pública no Gama que é excelente”, acrescenta.
Tendência
A PED-DF mostrou que a taxa de desemprego no DF caiu de 19,5% para 18% entre os meses de junho e julho de 2019. É a menor taxa de desempregados desde outubro de 2018. Entre julho do ano passado e julho deste ano, a taxa de desemprego total também teve queda: de 18,7% para 18%.
Em números absolutos, o DF voltou aos patamares de janeiro de 2019 – a menor quantidade de pessoas desempregadas em todo o ano. “Isso aconteceu antes do que a gente esperava. Nossas previsões mostravam que chegaríamos a esse número em dezembro”, afirma o presidente da Codeplan, Jean Lima, acrescentando que até o final do ano ainda há uma leve tendência de queda do desemprego.
Atualmente, o DF tem 308 mil desempregados, 28 mil pessoas a menos que em julho, quando havia 336 mil pessoas desempregadas na capital da República. Esse resultado decorreu da pequena elevação da ocupação (criação de seis mil postos de trabalho) e da redução da população economicamente ativa (PEA): 22 mil pessoas que saíram do mercado de trabalho.
Aquecimento
O contingente de ocupados foi estimado em quase 1,4 milhão de pessoas, resultado decorrente de contratações nos setores de comércio (mais quatro mil ocupados) e de serviços (mais sete mil pessoas trabalhando). O contingente inclui a administração pública, que recebeu mais dois mil empregados.
“Há uma tendência de queda do desemprego em todo o país e o DF segue essa inclinação, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada pelo IBGE no final de julho”, acrescenta o presidente da Codeplan.
R$ 3.896 é a remuneração dos assalariados, que vem crescendo desde março no DF
Ainda segundo Jean Lima, uma boa notícia é o aumento da massa de rendimentos dos ocupados, que vem subindo desde março deste ano. Em junho – a PED pesquisa dados referentes ao mês anterior – cresceu a remuneração tanto dos assalariados quanto dos autônomos, que passou a equivaler a R$ 3.896 e R$ 2.113, respectivamente.
A taxa de desemprego diminuiu de 16,5% para 15,8% nas cidades que compõem o grupo de regiões administrativas de média-alta renda (Águas Claras, Candangolândia, Cruzeiro, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Sobradinho I e II, Taguatinga e Vicente Pires) e caiu três pontos percentuais (de 23,8% para 20,8%) nas regiões de média-baixa renda (Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Riacho Fundo I e II, SIA, Samambaia, Santa Maria e São Sebastião).
Fonte: Agência Brasília