• 5 de outubro de 2025

O Fino da Política: Temendo a volta de Eduardo Cunha, Lula se move para manter veto na Ficha Limpa e barrar Arruda e outros políticos condenados

Temendo a volta de Eduardo Cunha, Lula se move para manter veto na Ficha Limpa e barrar Arruda e outros políticos condenados

Ao vetar a mudança na Lei da Ficha Limpa que pode beneficiar políticos condenados pela Justiça, como Eduardo Cunha, José Roberto Arruda e Anthony Garotinho, entre outros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinaliza que sabe muito bem o que está fazendo. O esforço hercúleo do petista nos bastidores para não deixar que Cunha, que já comandou a Câmara dos Deputados, retorne com toda honra e glória é uma tentativa clara de evitar que ele volte ao Parlamento e reassuma a cadeira de presidente da Casa.

Lula e sua turma não suportam nem sequer ouvir falar o nome de Eduardo Cunha. Muitos esquerdistas atribuem a ele a culpa pelo processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff ter seguido adiante, culminando em sua cassação, ou no “golpe”, como alguns de seus “companheiros” preferem chamar.

Além disso, o presidente petista tem feito a leitura, junto com seus auxiliares mais próximos no Planalto, de que, se Cunha voltar à Câmara dos Deputados, certamente será eleito presidente da Casa. Esse é um dos maiores temores de Lula. Se for reeleito no ano que vem, o petista vai trabalhar para que a direção das duas Casas Legislativas fique sob seu guarda-chuva em um eventual quarto mandato, o que é bem difícil, tratando-se de Câmara e Senado.

Contudo, se Eduardo Cunha adentrar o Congresso Nacional para tomar posse em fevereiro de 2027, e dependendo da quantidade de parlamentares de cada campo político e ideológico, Lula pode se tornar mais um presidente da República a sofrer impeachment no Brasil. É por isso que o petista tem se movimentado nos bastidores, juntamente com aliados, para que o veto na Lei da Ficha Limpa, que possibilita a volta de Cunha, seja mantido, evitando dar outra chance a ele e, de quebra, a políticos condenados como Arruda, Garotinho e mais uma leva de fichas-sujas.

Por enquanto, não consta na agenda do Congresso Nacional nenhuma sessão deliberativa,  instância em que são analisados os vetos presidenciais. Apenas sessões solenes e reuniões das duas CPMIs em andamento aparecem no site como eventos previstos. Como o Planalto não tem interesse nessa pauta, quanto mais o presidente do Senado e do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), adiar a apreciação dos vetos de Lula, melhor. Até lá, o petista segue articulando para que Eduardo Cunha não volte a ser o carrasco da esquerda.

Presidente Hugo “Nutelinha” Motta não tem comando na Câmara dos Deputados

Presidente Hugo “Nutelinha” Motta não tem comando na Câmara dos Deputados
Foto: Reprodução/Google Imagens

O apelido carinhoso de “Nutelinha”, dado ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por assessores e parlamentares, evidencia que o dirigente não tem comando. Muitos de seus colegas esperavam que ele estabelecesse a pauta de votações conforme os interesses do Parlamento, para costurar acordos junto ao Executivo e viabilizar mais emendas para seus redutos eleitorais. No entanto, diante da falta de traquejo político e liderança de Motta, sua autoridade está evaporando: deputados ignoram suas sinalizações, líderes partidários tomam decisões paralelas e as votações mais espinhosas viram jogo de empurra-empurra. Na prática, a mesa presidencial da Câmara, sob a batuta do parlamentar paraibano, funciona mais como ornamento do que como centro de comando.

Sem pulso na Câmara, as consequências são imediatas e abriram espaço para que o seu antecessor, o deputado Arthur Lira (PP-AL), voltasse a reinar no plenário. Diante da falta de comando do “Nutelinha”, as pautas de interesse do Planalto não avançam, projetos estratégicos perdem prioridade e negociações que exigem coordenação central acabam sendo resolvidas nos corredores ou em gabinetes de líderes, sem passar pela presidência. O vácuo de comando também abre espaço para caciques regionais e bancadas fecharem acordos por conta própria, enfraquecendo qualquer tentativa de articulação nacional coerente.

O dano político é duplo: além de comprometer a governabilidade, o episódio escancara a imagem de quem deveria liderar como alguém sem capacidade de comando, o que rendeu piadas nos corredores. É daí que vem o grito dos famigerados parlamentares, diretamente da cloaca do Congresso, que pedem a volta de Eduardo Cunha.

Arruda pode repetir 2014 e fazer barulho até o final

Arruda pode repetir 2014 e fazer barulho até o final
Foto: Reprodução/Google Imagens

Enquanto o Congresso Nacional não decide se vai derrubar ou manter os vetos de Lula na Lei da Ficha Limpa, o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, deve seguir fazendo sua campanha nas ruas e nas redes sociais, com direito a encontro e abraços em Ricardo Cappelli, no Itapoã, neste domingo (5). Durante a semana, Arruda divulgou um vídeo dizendo que está livre para voltar à política depois de 15 anos. Ele tem se valido dos argumentos de seu advogado de que pode concorrer.

No entanto, para a maioria dos especialistas em Direito Eleitoral e servidores da Câmara e do Senado da área de processo legislativo consultados por este colunista, o ex-governador ainda não está legalmente apto para voltar a disputar uma eleição. Já analistas e cientistas políticos avaliam que Arruda está jogando para a plateia, tentando se manter em evidência até a campanha, enquanto aguarda uma definição legal do seu caso. Se não voltar a ficar elegível, deve retirar sua candidatura nos acréscimos do segundo tempo e direcionar votos a algum aliado.

Nas eleições de 2014, José Roberto usou uma narrativa parecida com a de agora. Vale lembrar que, desta vez, ele não terá o saudoso Jofran Frejat e a ex-esposa e ex-deputada federal Flávia Peres. A situação eleitoral do ex-governador ainda é nebulosa e Arruda continua respondendo a processos na Justiça que podem se arrastar até o ano que vem, deixando-o novamente inelegível. Ou seja: Arruda está jogando com as cartas que tem nas mãos. Se vai ter êxito ou não, só o tempo — ou o Judiciário — dirá. Quem resolveu pular a cerca para o seu lado antecipadamente corre o risco de ser abandonado no meio do caminho, como em 2014.

Cappelli é desprezado por petistas do DF na ‘Escolinha do Professor Rui Costa’

Os petistas de Brasília não gostaram da notícia de que terão que apoiar o pré-candidato do PSB ao GDF, Ricardo Cappelli, por imposição de seu líder máximo, Luiz Inácio Lula da Silva. O petista está numa sinuca de bico: a candidatura de Cappelli é apadrinhada por seu ex-ministro da Justiça e ministro do STF, Flávio Dino; por seu vice, Geraldo Alckmin; e pelo pior governador da história de Brasília, Rodrigo Rollemberg.

Na semana passada, os distritais do PT receberam o ministro da Casa Civil, Rui Costa, em uma Comissão Geral na Câmara Legislativa do DF, para que o auxiliar de Lula desse uma aula sobre os recursos do PAC que serão investidos na capital. O plenário foi ocupado por esquerdistas curiosos com o conteúdo da aula na “Escolinha do Professor Rui Costa”. Entre eles, estava Ricardo Cappelli, que, em vez de cumprir expediente na ABDI, onde recebe uma bolada como presidente, marcou presença no evento.

Apesar de ser tratado por alguns petistas do baixo clero como o candidato de Lula ao GDF, Cappelli não foi chamado à mesa da reunião e teve seu nome mencionado apenas após a fala do professor Rui. Desprezo total. A atitude dos petistas sinaliza que o “menino” de Flávio Dino, Alckmin e Rollemberg ainda vai ter que rebolar muito até conquistar os companheiros da capital. Pelo visto, o forasteiro Cappelli vai penar para ter o apoio da turma de Lula por estas bandas.

Contagem regressiva para as eleições

 

A partir deste domingo (5), entramos em contagem regressiva para as eleições de 2026. Chegou a hora de matar a cobra e mostrar o pau. E da “Leoa” beber água. Quem planeja disputar um cargo eletivo no próximo pleito não pode mais perder tempo. Aqueles que ainda estão pensando no assunto e deixarem para decidir em cima da hora não chegarão a lugar nenhum.

Uma campanha eleitoral vitoriosa precisa ser planejada com antecedência, contando com uma boa estrutura, profissionais qualificados, experientes e com sangue nos olhos, além de recursos financeiros e uma rede sólida de apoiadores. E profissionais desse quilate, meu caro leitor, a essa altura do campeonato, já estão com tudo pronto e começando a executar suas estratégias. Como já citei em outras edições: política é para profissionais.

Frase do Fino

“Essas mudanças na Lei da Ficha Limpa vão trazer de volta o que há de mais podre na política brasileira. O povo não merece ter esses condenados ditando os rumos do país novamente”, enviada por Thales Batista, morador do Novo Gama.

Mistério da Semana

Qual é o político de Brasília que está sentado “no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”? Dizem por aí que a figura está vivendo seus últimos dias de glória na vida pública, se vangloriando nas redes sociais e nas ruas de que “ele é o cara”. Pois já, já vai ter que voltar a se entocar para não puxar cana — de novo. Quem é? Quem é? Quem é? Mistéééério…

*José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral. Tem ampla experiência em órgãos públicos, na iniciativa privada e em entidades representativas. É editor-chefe e colunista do Expressão Brasiliense e apresenta o podcast Café Expressão, com entrevistas e análises sobre política e sociedade. Apresenta o programa Fala Aí, na JK FM 102,7, aos sábados a partir das 6h da manhã.

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