José Fernando Vilela 
Se depender de Hugo Motta, Rollemberg não senta na cadeira de deputado
O ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) recebeu na última terça (17), do TRE-DF, o diploma de deputado federal, em cumprimento às decisões do STF e determinação do TSE. Rollemberg, considerado o pior governador que já passou pelo Buriti, conseguiu levar uma penca de puxa-sacos para fazer a claque para postar vídeos e fotos nas redes sociais. No entanto, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, do Republicanos-PB, contestou a decisão do STF, com embasamento jurídico apresentado à Corte pela Advocacia da Câmara. O argumento? A decisão fere a segurança jurídica e abre precedentes perigosos para futuras eleições. Os ministros têm até a próxima terça (24) para analisar os embargos de declaração protocolados pela Câmara. A tese dos advogados da Casa é que mudanças nas regras eleitorais só valem se aprovadas até um ano antes do pleito, no caso, abril de 2023, com validade apenas para as eleições de 2024. Ou seja: 2022 já era.
Nos bastidores, Hugo Motta está sendo pressionado por todos os lados — tanto para cumprir quanto para ignorar a decisão do STF. O presidente da Câmara está pisando em ovos. Entre os interessados na confusão está o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que monitora de perto cada movimento. Há um temor nos corredores da Câmara de que o relator, ministro Flávio Dino interfira junto aos demais. Apesar de vestir toga, Dino ainda é visto com desconfiança nos corredores por seus laços com o PSB, seu ex-partido. Há quem tema que ele articule para que a Corte confirme a posse de Rollemberg. Mas, se depender de Hugo Motta, o ex-governador vai continuar longe da cadeira e com o diploma pendurado na parede como mera peça de decoração.
Gilvan Máximo pode voltar ao GDF
Se os ventos soprarem a favor do pior governador da história de Brasília, o atual detentor da cadeira, o deputado federal Gilvan Máximo, do Republicanos, passa a ser o 1º suplente do partido. Contudo, Gilvan pode voltar para o GDF. O parlamentar sempre foi um aliado de primeira hora do governador Ibaneis Rocha e da vice Celina Leão. Há rumores de que se tudo der errado no STF para o parlamentar republicano, ele seja convidado a integrar o secretariado do governo Ibaneis novamente. Gilvan Máximo foi secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação no primeiro mandato do emedebista. Coincidentemente, a pasta até poucos dias atrás era apadrinhada pelo federal Fred Linhares, correligionário de Gilvan, que perdeu o comando do órgão por usá-lo como trampolim para se lançar ao GDF. Aliás, o Republicanos do DF vive dias de turbulências e disputa por espaço.
Derrotados à distrital voltam a delirar com vaga na CLDF
Com a possível volta de Rollemberg à Câmara, surgiram delírios de alguns candidatos derrotados à distrital em 2022. Gente que anda dizendo que conversou com magistrado, já escolheu o terno da posse e está só esperando a convocação. Faltou combinar com o TSE. Durante o julgamento no STF, o Tribunal Superior Eleitoral foi claro: a decisão só vale para vagas de deputado federal. Técnicos da Justiça Eleitoral descartaram a aplicação da regra para os deputados estaduais ou distritais. Ou seja, os derrotados podem guardar o terno e parar de espalhar fake news por aí. É melhor engolir o choro e pensar já em 2026.
PO de olho na chapa majoritária
O ex-vice-governador e presidente do PSD-DF, Paulo Octávio, já ensaia seus movimentos de olho na chapa majoritária de 2026. Recentemente, ele e lideranças do partido se reuniram com Ibaneis Rocha. PO chegou a sugerir que o emedebista poderia ser o vice de Ratinho Jr., presidenciável pelo PSD. Mas, nos bastidores, a intenção real é marcar território e garantir espaço no palanque da “Leoa”.
O PSD, que cresceu nacionalmente após bom desempenho nas municipais de 2024, quer emplacar um nome na chapa de Celina. O partido tem dois distritais na base governista. Para o ano que vem a meta é eleger três distritais e indicar um dos suplentes de Ibaneis, que deve disputar o Senado em 2026 e planeja voltar ao Buriti em 2030. Paulo Octávio, que se aventurou nas eleições de 2022 a enfrentar Ibaneis e perdeu feio, está focado em eleger o filho, André Kubitschek, bisneto de JK, como deputado distrital. A ideia é passar o bastão com pompa. O cenário ideal para o empresário? PO como suplente de Ibaneis no Senado, com o emedebista e André eleitos no mesmo palanque. Na política, PO sairia de cena em alta.
Kiko Caputo deseja encarar as urnas em 2026
Quem anda ensaiando concorrer nas eleições do ano que vem é o ex-presidente da OAB/DF Francisco Caputo, o ‘Kiko’. Recentemente, o advogado posou para foto ao lado do presidente do União Brasil-DF, Manoel Arruda, chegando a ser citado como um possível indicado da legenda para composição de chapa majoritária. No entanto, o União e o Progressistas, partido da vice Celina, estão finalizando as tratativas para criar a Federação União Progressistas, o que inviabiliza o projeto inicial de Kiko Caputo que é concorrer ao GDF, já que a “Leoa” é quem vai encabeçar a chapa.
Contudo, há rumores de que o ex-presidente da OAB/DF concorra a um cargo proporcional. Considerando a quantidade de advogados que atuam na capital federal e simpatizam com os ideais do grupo que ele pertence, Kiko teria chances para se eleger tranquilamente para distrital. Já como federal, o cenário é mais hostil. A régua é alta e, para um estreante, o risco de passar vergonha nas urnas é grande. Que ninguém se iluda com o exemplo de Ibaneis em 2018, pois o contexto hoje é outro. Para Caputo, o caminho mais seguro é mesmo a CLDF se quiser mesmo encarar a opinião pública.
Frase do Fino
“Só Tarcísio e Michelle podem salvar o Brasil das garras do Lula”, mensagem enviada por um leitor do Expressão Brasiliense.
Mistério da Semana
O que tanto cochichavam quatro caciques partidários do DF, dois de centro-esquerda, um da direita e outro de centro-direita, num restaurante refinado da Asa Sul, em plena véspera de Corpus Christi? Mistééééério…
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral. Já trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do Expressão Brasiliense. Foi presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – de 2021 a 2024. E apresenta o podcast Café Expressão, pela TV Expressão no YouTube, entrevistando autoridades políticas, parlamentares, dirigentes de entidades representativas, artistas, empresários, profissionais liberais, entre outros.
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