Retorno de Bolsonaro a Brasília não empolga políticos do DF que o apoiaram
Depois de ficar três meses nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, está de volta ao Brasil, em especial, para Brasília. A militância bolsonarista ocupou as ruas próximas ao hotel onde fica a sede do partido do ex-presidente, na última quinta (30) para saudá-lo. A festa para receber Bolsonaro fez o barulho planejado, apesar da baixa adesão de seus apoiadores. Quando estava em alta, esse tipo de evento com o então presidente Jair Bolsonaro reunia muito mais pessoas do que na quinta. Porém, o que mais chamou a atenção da maioria no decorrer da recepção foi a ausência de políticos do DF. Até mesmo alguns parlamentares do PL não compareceram ao ato. Nos bastidores, assessores dão conta que o bolsonarismo perdeu muita força, não só no DF como em todo o País. Talvez seja esse o motivo principal que fez com que os políticos daqui, inclusive os mais próximos e que o apoiaram no ano passado, mantenha distância da nau bolsonarista.
Fiéis escudeiras
Reza a lenda que são nos momentos mais difíceis da vida que a gente passa a identificar quem são nossos verdadeiros parceiros ou amigos. Durante o ato organizado na sede do PL, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ver e confirmar in loco quem realmente está com ele. Daqui do DF, a senadora Damares Alves, do Republicanos, e a deputada Bia Kicis, que é a presidente do PL-DF, compareceram ao evento para prestigiar Bolsonaro. As duas sempre integraram a tropa de choque do capitão.
Anderson Torres substitui advogado por ter ligação com a família Bolsonaro
Delegado da Polícia Federal, o ex-ministro do governo Bolsonaro e ex-secretário da SSP-DF, Anderson Torres, sabe que precisa se distanciar do clã Bolsonaro. A última ação de Anderson nesse sentido foi a substituição de seu advogado de defesa durante a semana que passou em meio aos rumores de que ele apresentou proposta de delação premiada à PF. Rodrigo Roca é muito próximo do senador Flávio Bolsonaro, do PL-RJ, e já se posicionou publicamente que é contrário à delação premiada.
Estudando e limpando o Batalhão
Um dos últimos feitos de Roca para o ex-ministro foi conseguir que ele obtivesse autorização da Justiça para estudar e trabalhar como auxiliar de serviços gerais no prédio do 4º Batalhão da PMDF, local onde está preso. O ex-ministro tem passado os seus dias de detenção, desde o começo do mês de março, estudando e varrendo o chão do batalhão. O advogado Eumar Novacki assumiu a defesa de Anderson Torres.
PT do DF segue sem espaço no governo Lula
Os petistas da capital federal andam reclamando pelos corredores do poder que estão se sentindo desprestigiados pelos ‘companheiros’ da esfera nacional. A bronca toda é que já se passaram 90 dias que Lula retornou ao comando do Palácio do Planalto e, até agora, nenhum petista do 1º escalão do DF foi chamado para ocupar um lugar de destaque na estrutura do governo federal. Foi feito um ensaio para que o ex-deputado federal Geraldo Magela se tornasse vice-presidente de governo da Caixa, mas ele foi rifado no meio do caminho. E mesmo que Magela emplacasse, ele não seria da cota do PT-DF. A cúpula do diretório brasiliense está articulando nos bastidores para que o ex-presidente da legenda e ex-deputado federal, Roberto Policarpo, seja nomeado para coordenar a unidade da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) no DF. O cargo é muito cobiçado por ser responsável por administrar terras e imóveis da União na região. No primeiro governo Lula, a SPU/DF doou um terreno no Riacho Fundo II para o movimento habitacional, a 4ª etapa da cidade, onde foram erguidas casas e apartamentos populares.
À procura de um líder para 2026
Essa movimentação do PT/DF em busca de um lugar ao sol no governo Lula tem como objetivo resgatar a imagem dos ‘companheiros’ daqui com a cúpula nacional, além de reposicionar a sigla para 2026. A legenda perdeu muita força no DF ao longo dos últimos anos e o retorno de Lula ao Planalto pode contribuir para que o partido volte a ter destaque. Nos bastidores, a militância petista reconhece que a força política de antigamente não existe mais e que é necessário que surjam novos líderes com capilaridade de mobilização.
Os petistas do DF estão correndo contra o tempo para não deixar que um novo forasteiro, como foi com o ex-distrital Leandro Grass, do PV, que já está contemplado com o cargo de presidente nacional do Iphan, venha a aparecer no cenário e a ‘companheirada’ tenha que engolir seco como foi na eleição passada. O problema maior é que até agora não tem ninguém com esse perfil para liderar. Recentemente, o diretório regional promoveu uma reorganização na estrutura da Executiva, mas não teve nada de novo. Por enquanto, segue a busca. A quem diga que a esperança é a volta do ex-distrital Paulo Tadeu, que está no TCDF, e é muito benquisto pela militância.
Empresários da construção civil exaltam parceria com GDF
Na última sexta (31), o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) comemorou os seus 59 anos de atuação como entidade representativa do setor. O governador do DF, Ibaneis Rocha, do MDB, compareceu à cerimônia de celebração e fez anúncios que deixaram os empresários do ramo empolgados. Em seu discurso, Ibaneis exaltou a importância do segmento para o desenvolvimento da cidade e disse que o GDF vai construir novos hospitais e erguer novos bairros. Os empresários gostaram da fala de Ibaneis e já vislumbraram a possibilidade de entrar na disputa para seguir tocando seus negócios. “Esse aí não tem duas palavras. É por isso que eu gosto dele”, disse um empresário que estava sentado ouvindo o discurso de Ibaneis. O Sinduscon-DF reúne as maiores construtoras do DF.
Hermeto e o cassetete da discórdia
O deputado distrital, Hermeto, do MDB, é subtenente da reserva da PMDF e tem uma atuação voltada a defender sua corporação. Na última quinta (30), durante a reunião da CPI da CLDF que colhia o depoimento do coronel Jorge da Silva Pinto, um dos responsáveis pelo setor de inteligência da SSP-DF, Hermeto lembrou de quando ele atuava nas manifestações que ocorriam na Esplanada dos Ministérios nos anos 90. O distrital destacou que os equipamentos utilizados hoje pela tropa são mais modernos. Hermeto fez questão de frisar que no seu tempo “o cassetete era mais pesado”. O comentário do deputado não pegou bem na caserna. O pessoal entendeu que o distrital insinuou que os PMs da atualidade não gostam de encarar as ruas. O cassetete nos tempos de Hermeto era de madeira e bem pesado. O de hoje, que agora se chama bastão expansível, é feito com um material mais leve. Os praças da PMDF ressabiados com o distrital.
Bancada do DF está sob o comando de Bia Kicis até resolver impasse
Na edição passada da coluna O Fino da Política, nós divulgamos que a bancada de parlamentares do DF estava sem um coordenador. A deputada Bia Kicis, do PL-DF, entrou em contato com este colunista informando que ela está como coordenadora da bancada desde o ano passado e que continua exercendo a função até que os deputados e senadores da atual legislatura decidam quem vai comandar o grupo. Há uma disputa nos bastidores entre o senador Izalci, do PSDB, e o deputado Rafael Prudente, do MDB. Enquanto eles não resolvem, Bia Kicis vai ficando. Provavelmente, essa ‘rinha de galo’ entre o tucano e o emedebista ainda vai demorar.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – desde 2021.
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