José Fernando Vilela 
Petistas do DF sonham reviver 1994 com filiação de Márcia Abrahão, ex-reitora da UnB
Sem nomes internos com força suficiente para mudar os rumos do partido nas eleições do ano que vem, o PT do Distrito Federal vai apostar todas as fichas na ex-reitora da Universidade de Brasília (UnB), a professora Márcia Abrahão. A esperança é reviver o feito de 1994, quando outro ex-reitor da instituição, Cristovam Buarque, derrotou Valmir Campelo, então apoiado por Joaquim Roriz, e foi eleito governador do DF, mesmo sem nunca ter disputado um cargo político. Embora a pesquisadora não tenha declarado quando seria o cargo que tem a intenção de concorrer, seu nome passou a ser cogitado para a chapa majoritária. O ato de filiação da professora foi bastante prestigiado e os militantes petistas mais empolgados acreditam que Márcia, por não ter ainda sua imagem atrelada aos tropeços da ‘companheirada’, em especial ao desastroso governo Lula 3, possa ser o nome da legenda na disputa ao Buriti. Mesmo com todo esse frisson em torno da professora Márcia, os petistas não estão considerando que os tempos são outros. Naquela época, o próprio PT tinha mais força e a forma de fazer política e atrair eleitores eram completamente diferentes. Hoje, o eleitor está mais informado. Por exemplo, tirando a comunidade da UnB e alguns nichos aqui e ali, quem conhece Márcia Abrahão? Sem desmerecer a trajetória acadêmica da geóloga, o fato é: no nosso quadradinho, ela ainda é praticamente uma desconhecida.
A iniciativa dos petistas em querer mostrar uma nova cara ao eleitor brasiliense não é das piores considerando que a sigla nunca promoveu uma renovação em seus quadros. As caras são as mesmas até hoje. Entretanto, o cenário atual não é favorável para a esquerda brasiliense. Ainda mais com o governo Lula envolto no mar de lama do jeito que está. O povo tem reclamado demais da economia e todos os setores da cadeia produtiva brasileira estão agonizando devido a falta de mão de obra por causa de tantos auxílios concedidos pela gestão petista. Como que o Brasil vai crescer assim? Os efeitos da administração do presidente Lula vão impactar diretamente nos resultados das urnas. Aqui no DF, só um erro de percurso muito grave ou uma tragédia irreparável pode tirar o Buriti das mãos da direita em 2026.
Fogo amigo e articulações silenciosas movimentam bastidores
Especialistas em marketing político dizem que o ano pré-eleitoral é tão importante quanto o ano da eleição. E nesse período, dois ingredientes são sempre parte do cardápio: o famoso fogo amigo e as articulações silenciosas. Pois bem, por aqui, esses dois elementos já estão em plena ação. Um exemplo recente do fogo amigo veio da senadora Damares Alves, do Republicanos, que apresentou requerimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para ouvir os presidentes do BRB e do Banco Master sobre a operação envolvendo as duas instituições. A ” santa inquisição” proposta pela senadora pegou mal e o sinal de alerta acendeu no Buriti. A atitude de Damares demonstrou que ela pouco se importa com a repercussão negativa que sua iniciativa pode acarretar e prejudicar uma operação do banco, que se transformou no símbolo do resgate da capital federal das garras da esquerda, pois quando Ibaneis Rocha assumiu o GDF, toda a diretoria do BRB estava na cadeia. Pelo visto, Damares resolveu dividir o palco com os adversários da vice-governadora do DF, Celina Leão, de quem ela diz ser muito amiga. Afinal, o que a senadora Damares está ganhando com isso?
Já as articulações silenciosas de bastidores não param e seguem firmes. Padarias e cafés do Plano Piloto viraram QGs informais de políticos, assessores e dirigentes partidários. Se esses estabelecimentos tivessem câmeras com áudio, muita coisa viria à tona. Até as convenções partidárias, tem muita água para rolar. Quem não estiver se mexendo agora, corre o risco de ficar para trás. Os mais entendidos da política sabem que uma campanha começa quando termina a outra, tanto para quem está no poder como para quem quer chegar até lá.
Izalci recuou ou alguém o enquadrou?
Quem teve uma atitude um tanto quanto estranha e duvidosa durante a semana passada foi o senador Izalci Lucas, do PL-DF. O parlamentar estava coletando assinaturas para criar uma comissão parlamentar de inquérito mista (CPMI) para apurar possíveis irregularidades sobre a compra do Banco Master pelo BRB. A CPMI na verdade serviria como pano de fundo para Izalci e outros adversários atacarem a gestão Ibaneis-Celina. O senador quer concorrer ao GDF novamente no próximo ano e tem sido um crítico contumaz das ações do GDF. O ex-tucano não deixa nada passar em branco. Ele sempre está criticando o governo nas redes sociais ou em seu programa de rádio. No entanto, de forma repentina, Izalci anunciou que teve uma conversa com o presidente do BRB e tudo foi esclarecido. Nos bastidores do Senado, os aliados da esquerda não gostaram nada dessa mudança de postura. Perguntam se o senador realmente recuou ou se foi enquadrado. Por quem? Valdemar? Bia Kicis? Vale destacar que até a Justiça, em ação movida pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, a mando da deputada Érika Kokay, reconheceu que quem deve decidir sobre a legalidade da operação financeira é o Banco Central. Parece que o nobre senador percebeu que a encenação teatral, à moda da esquerda, não vai render bons frutos para ele na mesa de negociação do ano que vem.
Direção da federação União Progressista no DF vai ficar a encargo de Ciro e Rueda
A recém-formada federação entre União Brasil e Progressistas, a União Progressista, chega com força no cenário político nacional e local. No DF, a definição sobre quem vai comandar o grupo ainda está em aberto. O União Brasil está sob o comando do advogado Manoel Arruda, que é suplente da senadora Damares Alves. Já o PP é presidido pela vice-governadora Celina Leão. Interlocutores do União Progressista afirmaram a este colunista que a direção da federação no DF vai ser decidida pelos presidentes Ciro Nogueira e Antônio Rueda, PP e União Brasil, respectivamente. Do ponto de vista político e estratégico, o caminho natural é que o União Progressista fique com a ‘Leoa’ para que ela possa conduzir os trabalhos de construção da aliança partidária de seu projeto de reeleição.
Eduardo Pedrosa reforça time de Celina na CLDF
Mesmo sendo da base governista, o distrital Eduardo Pedrosa, do União Brasil, tem uma atuação independente e sensata. Com a criação do União Progressista, ‘Pedrosinha’, como é chamado nos bastidores, passa a fazer parte oficialmente do pelotão da ‘Leoa’ na Câmara Legislativa do DF. Até então, o União Brasil era o partido do suplente Manoel Arruda e do distrital Eduardo Pedrosa. Com a federação, a referência muda de nome e todos os correligionários passam a fazer parte do União Progressista da vice-governadora Celina Leão, que é a detentora do cargo mais alto entre os representantes do grupo. Outro fato que é importante registrar é que a federação União Progressista já tem sua candidata ao GDF. Ou seja, as especulações de que ‘Pedrosinha’ seria candidato ao Buriti caíram por terra.
Desembargador Belinati não tem pretensões de voltar à ser político
Na edição do Café Expressão que foi ao ar no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, tive a honra de entrevistar o desembargador Roberval Belinati, 1º vice-presidente do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT). Durante a nossa conversa, o doutor Belinati falou de sua trajetória de vida, como ingressou na magistratura e se posicionou sobre questões polêmicas como o PL da Anistia e a descriminalização do aborto. O desembargador reiterou que cabe ao Congresso decidir os critérios da proposta de anistia e ao STF avaliar a constitucionalidade da lei. Quanto ao aborto, Belinati, que é um católico fervoroso, defendeu a vida desde a sua concepção. Questionado sobre uma possível volta à política, já que foi vereador em Londrina (PR) e vem de família política, Belinati revelou ter sido convidado, mas recusou. Disse que juiz não pode disputar eleição e pretende seguir na magistratura até os 75 anos, quando se aposentará. Figura respeitada, Belinati aproximou a Justiça Eleitoral do eleitor e da imprensa brasiliense durante sua passagem pelo TRE-DF. Pelo visto, o doutor Roberval Belinati continuará servindo à Justiça e não à política.
Mistério da semana
Qual assessor de um político do DF anda usando os perfis de parentes nas redes sociais para elogiar o chefe, se autoafagar, atacar adversários e puxar o saco de jornalistas que publicam seus releases? O sujeito acha que ninguém percebeu a encenação. Mas já tem gente do próprio grupo comentando a falsidade e o narcisismo do falastrão. Mistéééério…
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral. Já trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do Expressão Brasiliense. Foi presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – de 2021 a 2024. E apresenta o podcast Café Expressão, pela TV Expressão no YouTube, entrevistando autoridades políticas, parlamentares, dirigentes de entidades representativas, artistas, empresários, profissionais liberais, entre outros.
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