Lula aposta em Grass e Cappelli para subir em dois palanques no DF em 2026

Diante da perspectiva real de a esquerda perder nas urnas para o grupo que hoje comanda o Governo do Distrito Federal, o Palácio do Planalto passou a avaliar com mais atenção a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar apoio simultâneo às candidaturas de Leandro Grass (PT) e Ricardo Cappelli (PSB) na disputa pelo Palácio do Buriti em 2026.
Esse sentimento ganhou força após a divulgação das últimas sondagens eleitorais, que indicam a preferência do eleitorado brasiliense pela continuidade do projeto iniciado por Ibaneis Rocha em 2019.
De acordo com interlocutores próximos ao Planalto, Lula avalia que é politicamente mais vantajoso ter dois “companheiros” em campanha no Distrito Federal do que apostar todas as fichas em um único nome. A leitura interna é pragmática: com chances reduzidas de vitória da esquerda, o melhor cenário seria garantir dois palanques para o presidente subir, discursar e tentar mobilizar sua base na capital federal.
Nesse contexto, a cúpula nacional do PT designou o deputado federal José Guimarães (CE) para coordenar o processo de definição das candidaturas aos governos estaduais no Centro-Oeste. O recado já foi dado: o partido respeitará a decisão do PT-DF, que bateu o martelo em favor de Leandro Grass como candidato ao GDF. Em outras palavras, os petistas só aceitam uma composição com o PSB se Ricardo Cappelli ocupar a vaga de vice.
Do outro lado, o PSB do Distrito Federal, sob a liderança do ex-governador Rodrigo Rollemberg, considerado por muitos o pior gestor da história recente do DF, insiste em bancar o nome de Ricardo Cappelli. Mesmo desconhecido do eleitor brasiliense, Cappelli vem ganhando espaço nas propagandas da legenda, numa tentativa clara de construção artificial de imagem.
A trajetória de Cappelli, no entanto, joga contra, pois ele foi secretário de Comunicação de Flávio Dino no Maranhão e carrega o estigma de ter participado de um governo que deixou o estado no topo do ranking da extrema pobreza no país.
Voltando à estratégia do Planalto, o objetivo não parece ser eleitoral, mas simbólico. A ideia é fazer barulho, marcar posição e manter Lula presente no debate local. As pesquisas mostram que o DF segue inclinado a projetos de centro-direita, o que torna improvável um retorno da esquerda ao comando do Buriti.
Sendo assim, Lula não vê problema em dividir o apoio entre Grass e Cappelli, já que ambos tendem apenas a cumprir tabela. Os números indicam que a dupla não teria força eleitoral suficiente nem para uma eleição de condomínio na capital federal.
Eleitores brasilienses não querem a volta de Arruda ao Buriti

Por mais que o ex-governador José Roberto Arruda tente vender a narrativa de que tem sido ovacionado nas ruas do Distrito Federal e estimulado pelo povo a voltar a disputar o Buriti, a realidade captada pelas pesquisas eleitorais mais recentes é bem diferente. O eleitor brasiliense não demonstra ter estômago para rever Arruda no comando do GDF.
É verdade que o nome do ex-governador aparece entre os mais lembrados, mas também lidera com folga o índice de rejeição. Desde que voltou a se movimentar politicamente, todas as sondagens apontam que o eleitor ignora seu chamado.
Do ponto de vista estratégico, Arruda caminha para o fracasso, sobretudo porque sequer tem seus direitos políticos plenamente restabelecidos. O que se vê nas ruas é mais encenação do que viabilidade eleitoral.
Nos bastidores, aliados demonstram preocupação. A recepção nas cidades é muito diferente do recorte publicado nas redes sociais. Há relatos de hostilidade aberta, xingamentos e até ameaças de agressão. Em alguns casos, o sentimento popular é tão forte que eleitores dizem preferir qualquer coisa, até o capeta, a ver Arruda novamente em campanha para 2026.
O desgaste é ainda mais acentuado entre eleitores mais jovens, que associam o nome de Arruda a um período marcado por corrupção e crises institucionais, mesmo sem terem vivido diretamente naquele governo. A rejeição se cristalizou e virou consenso em segmentos importantes do eleitorado brasiliense.
As feridas deixadas por sua passagem pelo GDF seguem abertas. O discurso de vítima não cola mais. O eleitor aprendeu, à própria custa, que as raposas não devem cuidar do galinheiro.
No DF de hoje, a preferência da maioria é clara: olhar para frente, não para os capítulos mais sombrios da história política do Buriti.
Mistério da Semana
Quais são os parlamentares que passaram a ser rotulados como “traidores” por militantes do próprio partido após apoiarem propostas de adversários políticos? Quem são? Quem são? Quem são? Mistéééério…
*José Fernando Vilela é jornalista especializado em marketing político e eleitoral, com ampla experiência em órgãos públicos, entidades representativas e na iniciativa privada. Editor-chefe e colunista do Expressão Brasiliense, atua na cobertura e análise dos bastidores da política nacional e local. É apresentador do podcast Café Expressão e do programa Fala Aí, na JK FM 102,7, aos sábados, a partir das 6h.
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