Ibaneis Rocha tem sido alvo de armação política para tentar tirá-lo do cargo
O afastamento de Ibaneis Rocha, do MDB, do cargo de governador do Distrito Federal por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, além de ter a sua legalidade questionada por juristas, advogados, parlamentares, partidos políticos e entidades da sociedade civil, vem sendo apontado como uma ação política orquestrada silenciosamente nos bastidores do poder em Brasília envolvendo os cabeças do Executivo, Legislativo e Judiciário da esfera federal. A meta é aproveitar o que aconteceu no dia 8 de janeiro e ampliar a intervenção no DF.
Enquanto Ibaneis demonstra que está a disposição para colaborar com as investigações em curso e provar que foi vítima de uma suposta sabotagem envolvendo seus auxiliares, a oposição se movimenta com o intuito de forçar uma intervenção federal em todo o GDF e, com isso, tomar o Buriti de assalto por meio da indicação do presidente Lula.
Nada a temer
Apesar de todo o barulho que foi feito pela ‘velha imprensa’ com a operação da Procuradoria-Geral da República (PGR) realizada contra o governador afastado, Ibaneis Rocha, na última sexta (20), o emedebista se mostrou calmo e tranquilo. Experimentado no mundo jurídico, Ibaneis sabia que isso poderia acontecer, ainda mais agora que há fortes evidências de uma aliança para tirá-lo do cargo. Como Ibaneis não se encontrava em Brasília na ocasião, a defesa dele divulgou que na segunda (23) o celular do governador será entregue à PF.
Pagando o preço da sabotagem
Em meio a toda essa confusão, já é consenso entre observadores, analistas e cientistas políticos que Ibaneis Rocha foi escolhido para bode expiatório e está pagando um preço altíssimo pela suposta sabotagem tramada para que as ‘manifestações pacíficas’ culminassem num golpe de estado. Já é de conhecimento público que o governo federal também falhou no dia 8 de janeiro e só agora resolveu trocar o comando do Exército para dizer que alguém foi penalizado. No entanto, desde os ocorridos daquele trágico domingo, só Ibaneis Rocha vem sendo massacrado pela opinião pública.
OAB nacional reage contra operação em escritório
A ida da PF ao escritório de advocacia de Ibaneis Rocha fez com que o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Beto Simonetti, reagisse. Na nota divulgada, o dirigente mencionou os cargos que Ibaneis ocupou enquanto serviu a entidade e citou que a legislação estabelece quais são as circunstâncias e de que forma esse tipo de ação pode ser realizada para que não haja violação das prerrogativas da advocacia.
Simonetti destacou que “a inviolabilidade dos escritórios de advocacia é uma pauta extremamente cara para toda a classe” e que a luta dos advogados para a sua inclusão na legislação como um dos pilares do Estado Democrático de Direito precisa ser garantida. No documento, o presidente da OAB ressalta que se forem constatadas violações das prerrogativas da profissão na decisão que determinou a operação, elas serão enfrentadas.
CPI só depois carnaval
Na última quarta, dia 18 de janeiro, os deputados distritais se reuniram em sessão extraordinária na Câmara Legislativa do DF (CLDF) para ler o requerimento de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar os atos antidemocráticos e criminosos do dia 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro. Apesar da demonstração de celeridade, a CPI só vai começar os trabalhos apenas em fevereiro. Os assessores e servidores mais experientes da Casa disseram para O Fino da Política que a comissão deve começar para valer depois do carnaval. Ou seja, só em março.
Governador só vai se quiser
Durante a sessão da CLDF, a oposição ficou fazendo barulho para a imprensa de que Ibaneis Rocha vai ser convocado para depor na CPI. O líder do governo, deputado Robério Negreiros, do PSD, que é subescritor do requerimento da comissão, lembrou aos pares que o governador não pode ser convocado e sim convidado. Contudo, a legislação permite que Ibaneis se recuse a comparecer. Em suma, ele só vai à CPI se quiser.
Oposição quer relatoria
A composição dos integrantes da CPI ainda não está definida. Falta ser publicado no Diário da CLDF, a proporcionalidade dos blocos partidários para saber quantos parlamentares cada grupo vai poder indicar. A comissão terá duração de 180 dias e será composta por sete distritais. Especula-se que a base governista terá cinco deputados e a oposição dois. A escolha do presidente, do vice-presidente e do relator deve ocorrer na primeira reunião. Parlamentares da oposição têm manifestado interesse em ficar com a relatoria. Como nem tudo que a gente quer, a gente pode. Vai ser difícil a oposição conseguir esse feito.
Novatos ainda desconhecem o regimento
O uso da palavra por alguns deputados novatos durante a sessão extraordinária da CLDF deixou nítida a falta de conhecimento de alguns deles sobre o regimento interno da Casa. A desenvoltura de alguns distritais no plenário foi percebida também pelos veteranos.
O deputado Chico Vigilante, do PT, que está no seu quinto mandato, disse à coluna, sem citar nomes: “É bom o pessoal ter conhecimento do regimento para não falar bobagem”.
PEC da federalização das forças de segurança do DF não agrada PMs, bombeiros e policiais civis
A proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria do senador Alessandro Vieira, do PSDB-SE, que trata da federalização da segurança pública do Distrito Federal não foi bem recebida pelos policiais e bombeiros militares, e policiais civis. Para o senador tucano, os comandos da PCDF, PMDF e Corpo de Bombeiros devem ser indicados e subordinados à Presidência da República, e os escolhidos teriam que ser aprovados pelo Senado Federal. Nos bastidores, entidades que representam as três categorias já começaram a se movimentar para não deixar a PEC de Alessandro Vieira prosperar no Congresso Nacional. O gaúcho de Passo Fundo e senador da República pelo Estado de Sergipe passou a ser considerado persona non grata em Brasília pelos agentes das forças de segurança da capital federal.
Damares Alves é bombardeada nas redes sociais por crise sanitária dos Ianomâmis
A crise sanitária nas terras indígenas dos Ianomâmis, em Roraima, está respingando sobre a senadora eleita do DF, Damares Alves, do Republicanos. A ex-ministra do governo Bolsonaro está sendo duramente criticada nas redes sociais por causa da informação divulgada pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, responsabilizando o governo anterior pela situação de desnutrição em que foram encontrados adultos e crianças.
O que mais causou revolta nos internautas foi saber que 570 crianças ianomâmis morreram de fome nesses últimos quatro anos e o governo Bolsonaro simplesmente se calou. Quem acompanha a pauta indígena, sabe que pesa contra Damares Alves o pedido feito por ela para que o ex-presidente Jair Bolsonaro vetasse a lei de proteção às comunidades indígenas durante a pandemia, que depois foi derrubado pelo Congresso Nacional.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É o atual presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias.
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