Ibaneis é o candidato ao GDF dos evangélicos
Os evangélicos são um dos segmentos religiosos mais atuantes na política brasileira. Não é à toa que todo candidato que disputa um cargo para o Poder Executivo, seja para presidente, governador ou prefeito, sempre trabalha para conquistar as bençãos e o apoio de seus líderes quando vão para o embate eleitoral.
Aqui no DF, o atual governador, Ibaneis Rocha, do MDB, já é apontado como o candidato ao GDF dos eleitores evangélicos. De acordo com a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), mais de 800 mil evangélicos vivem no DF, o que equivale a 30,8% da população.
Valorização do segmento
Nesses mais de três anos de governo, Ibaneis sempre manteve um diálogo muito próximo com os líderes das igrejas e congregações evangélicas. Com isso, nada mais natural que o segmento ocupe cargos estratégicos e relevantes na estrutura do governo.
Os evangélicos hoje têm o comando de algumas secretarias, administrações regionais e outros órgãos do GDF, além de ter uma bancada significativa de parlamentares na Câmara Legislativa do DF (CLDF) que pertencem as igrejas. Vale registrar que os indicados possuem um bom desempenho nas ações realizadas pelo governo Ibaneis e demonstram que não estão nos cargos apenas como figurantes ou por composição política, o pessoal tem mostrado trabalho e agradado o chefe do Buriti.
De olho na vaga de vice de Ibaneis
Dada a essa proximidade e ao trabalho realizado, fontes palacianas disseram a este colunista que nos bastidores os evangélicos se movimentam para que o candidato a vice na chapa de Ibaneis Rocha seja do segmento religioso.
Nessa disputa, duas igrejas já sinalizaram a intenção de indicar nomes para compor a chapa majoritária: a Sara Nossa Terra e a Igreja Universal (IURD). Pela Sara, o indicado seria o seu líder máximo, o bispo Robson Rodovalho, que já foi deputado federal e é o mentor político do distrital Delmasso, do Republicanos. Já a Universal, apesar de não ter um nome definido, também pleiteia para indicar um dos seus.
Apoio da Universal
Na semana que passou, o emedebista esteve reunido com parte da cúpula da Igreja Universal (IURD) responsável pelas articulações políticas, juntamente com os dois representantes da igreja no legislativo, o federal Julio Cesar e o distrital Martins Machado, ambos do Republicanos, para selar o apoio da Universal ao seu projeto de reeleição.
Culto na Mundial
Já no sábado (29/1), Ibaneis Rocha esteve presente no culto da Igreja Mundial, em Taguatinga. Na ocasião, o governador destacou a importância da atuação das igrejas para a população do DF, principalmente, neste momento de pandemia. A celebração foi dirigida pelo bispo Alex Silva. O secretário de Ciência e Tecnologia, Gilvan Máximo, foi quem convidou Ibaneis para participar do culto. Gilvan, que pertence a Igreja Universal, é um dos grandes articuladores do emedebista junto ao segmento evangélico.
Conamad com Ibaneis
As conversas e articulações com os evangélicos já estão na pauta de Ibaneis Rocha desde o fim do ano passado. Em dezembro, o governador participou de um encontro com líderes religiosos da Convenção Nacional das Assembleias de Deus Madureira (Conamad), que tem como presidente o bispo Manoel Ferreira.
A Conamad também já sinalizou que vai marchar com Ibaneis no seu projeto de reeleição. No DF, o coordenador político das Assembleias de Deus Madureira é o administrador de Vicente Pires, Daniel de Castro, que deve deixar o cargo para concorrer a uma das 24 cadeiras da CLDF.
Reunião com a ADEB
Ainda em dezembro de 2021, Ibaneis Rocha também se reuniu com líderes da Assembleia de Deus de Brasília – ADEB, em Taguatinga. Na ocasião, o governador reforçou o seu compromisso com o segmento. A ADEB é uma das igrejas evangélicas mais antiga do DF e também já vista como apoiadora de Ibaneis nas eleições deste ano.
Apoio de outras congregações
O governador Ibaneis ainda vai se reunir com líderes de outras congregações evangélicas em busca de apoio ao seu projeto de reeleição. Existem outras igrejas que já firmaram acordo com os opositores do emedebista. Alguns desses líderes inclusive foram contemplados com cargos num gabinete do Senado. Porém, a parcela de maior peso do segmento evangélico já declarou apoio a Ibaneis Rocha.
Dirigentes de partidos
Outro fator importante a favor dos evangélicos é que eles possuem o comando de alguns partidos importantes do DF. A sigla que reúne a maioria das igrejas e congregações é o Republicanos, porém partidos como MDB, PSD, Progressistas e PSC também são dirigidos por políticos ou parlamentares evangélicos.
Próximos dos católicos também
Além dos evangélicos, Ibaneis Rocha também tem muita afinidade com o segmento católico. Neste domingo (30/1), o único evento público do governador era uma missa campal na Região Administrativa do Sol Nascente. A igreja católica permite que os padres e bispos exerçam a sua cidadania de votar e possam opinar sobre política, mas impede que eles se envolvam diretamente com siglas partidárias.
De acordo com o direito canônico de algumas igrejas católicas, como um todo, os sacerdotes não podem participar de partidos políticos e sindicatos. Mas há exceções. Em algumas cidades brasileiras existem prefeitos e vereadores padres, mas esses tiveram que pedir licença ao bispo de sua diocese e se afastar dos trabalhos da paróquia durante o período de exercício do mandato. Portanto, padre vota e pode pedir voto. Daí a importância deles na construção de um projeto político.
Vaga de vice não definida
Apesar do desejo dos evangélicos em querer integrar a chapa de Ibaneis Rocha como vice, a vaga para o cargo ainda não está definida. O atual vice-governador, Paco Britto, do Avante, está no páreo para continuar, pois não costuma fazer sombra ao trabalho de Ibaneis e nem o atrapalha em suas articulações. As chances de Paco continuar são grandes, mas se surgir alguém que seja capaz de aglutinar novos apoiadores (e votos) onde Ibaneis não tem tanta influência, é possível que ele não venha a ser o ‘02’ do GDF numa eventual reeleição do atual chefe do Buriti.
CLDF de volta
Os trabalhos da Câmara Legislativa do DF voltam agora no próximo dia 1º de fevereiro. A sessão de abertura está marcada para às 15h. Por estarmos num ano eleitoral, os distritais devem concentrar esforços para realizar as votações nas sessões de terça e quarta.
* José Fernando Vilela é editor-chefe e colunista deste portal. A coluna O Fino da Política é publicada todos os domingos.