A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), a Operação Korban contra a Associação Moriá, uma organização da sociedade civil (OSC), para apurar o suposto desvio de recursos públicos oriundos de emendas parlamentares do DF destinadas à realização de eventos de jogos digitais.
A operação cumpre determinação do ministro do STF, Flávio Dino, conforme antecipado pela nossa coluna O Fino da Política, na edição do dia 20 de julho.
A Moriá é o principal alvo da Operação Korban. A entidade recebeu R$ 53 milhões em emendas parlamentares de deputados e senadores do DF para a promoção de eventos relacionados a jogos digitais na capital federal.
Desse montante, o parlamentar que mais destinou recursos à ONG investigada foi o deputado Fred Linhares (Republicanos), com R$ 27,6 milhões.
Em seguida, aparecem:
- O senador Izalci Lucas (PL), com R$ 15,5 milhões;
- A deputada federal Bia Kicis (PL), com R$ 1,5 milhão;
- O deputado federal Júlio César Ribeiro (Republicanos), com R$ 800 mil;
- E a distrital Paula Belmonte (Cidadania), com R$ 500 mil.
Após a repercussão do caso, os parlamentares anunciaram a suspensão das emendas destinadas à Moriá até a conclusão das investigações.
Na operação desta terça-feira, os parlamentares não estão entre os alvos dos 16 mandados de busca e apreensão, que estão sendo cumpridos no DF e em outros três estados: Acre, Paraná e Goiás. Todos foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, já que envolvem recursos federais.
Segundo a CGU, uma auditoria nas contas da Moriá revelou que a entidade comprou computadores por quase o dobro do preço de mercado. Os equipamentos seriam utilizados nos Jogos Estudantis de Esportes Digitais (JEDIS) entre 2023 e 2024.
Com a operação de hoje, os agentes da PF e da CGU esperam colher mais provas que confirmem o desvio de verbas públicas por meio de emendas parlamentares.
Ainda de acordo com a CGU, foram autorizados o sequestro de bens, como veículos e imóveis, além do bloqueio de contas bancárias de empresas investigadas. As medidas de indisponibilidade patrimonial podem atingir até R$ 25 milhões.
Ações contra a dengue e cursinho do Enem
Além dos R$ 53 milhões para eventos de e-games, a Associação Moriá também foi beneficiada com emendas para ações de combate à dengue no DF e para a promoção de cursos preparatórios para o Enem.
A ONG recebeu mais de R$ 6,9 milhões dos deputados Fred Linhares e Gilvan Máximo (ambos do Republicanos) para instalar “armadilhas de captura” do mosquito da dengue. Alguém viu ao menos uma delas por aí?
Já o deputado federal Reginaldo Veras (PV) destinou R$ 400 mil à Moriá. Foram R$ 250 mil para shows em feiras e R$ 150 mil para um cursinho preparatório do Enem. Detalhe: o próprio deputado ministra aulas e palestras nesse tipo de cursinho.
Essas outras emendas devem também passar pelo pente fino da PF e da CGU.
Seguiremos acompanhando o desenrolar das investigações para saber até onde vai o rombo da Moriá nos cofres públicos e, claro, quem são os supostos beneficiários desse esquema de desvio de verba por meio das emendas parlamentares.
Posição de Gilvan Máximo
O deputado federal, Gilvan Máximo, do Republicanos, entrou em contato com o Expressão Brasiliense, via telefone, às 13h30, e informou que solicitou a suspensão da emenda diante das denúncias contra a Moriá.
“Quando souber das supostas irregularidades, eu encaminhei ofício solicitando a suspensão da emenda”, afirmou Gilvan.
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