O ex-ministro da Justiça Anderson Torres é o interrogado desta terça-feira, 8, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília.
Durante seu depoimento, Torres reiterou que a “minuta do golpe” encontrada em seu apartamento é um documento “fantasioso” e uma “aberração” sem qualquer “validade jurídica”. Ele repetiu a estratégia utilizada em seu depoimento anterior à Polícia Federal, inclusive com os mesmos adjetivos empregados.
A minuta foi descoberta durante uma ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na residência de Torres, que está sob investigação por suspeita de negligência na segurança do Distrito Federal em 8 de janeiro, quando manifestantes bolsonaristas vandalizaram os edifícios dos três poderes da República.
A CPMI dos Atos Golpistas já tinha obtido acesso a mensagens de e-mail que sugeriam que Mauro Cid havia negociado no Brasil um relógio Rolex, avaliado em aproximadamente R$ 300 mil. Esse relógio havia sido presenteado ao ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019 pelo governo da Arábia Saudita.
Entenda o motivo de Torres está sendo investigado
Um dos aliados mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Torres era Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando criminosos romperam uma barreira de proteção à Praça dos Três Poderes e depredaram o Palácio do Planalto, além das sedes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele virou um dos principais investigados pela PF sobre as articulações políticas para tentativa de golpe. Torres viajou para os Estados Unidos no dia 5 de janeiro, com a justificativa de que sairia de férias apesar dos alertas de inteligência para os riscos de tumulto nos atos convocados para Brasília no dia 8 de janeiro.
As férias de Torres só estavam marcadas para o dia 9 de janeiro e nos Estados Unidos ele ainda se encontrou com Bolsonaro, que estava lá desde o penúltimo dia do seu mandato.
Ouvido na condição de testemunha
Na manhã desta terça-feira, o ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu que Torres será ouvido na condição de testemunha, “tendo o dever legal de manifestar-se sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da investigação”.
Moraes, contudo, assegurou o direito do ex-ministro de Bolsonaro de se manter em silêncio quando for questionado sobre fatos que possam incriminá-lo. A liminar garante ao depoente a mesma condição dada ao ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, que optou pelo silêncio absoluto durante todo o seu depoimento à comissão no mês de julho.
A decisão de Moraes ainda impõe a Torres a proibição de contato pessoal e individual com os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES) por também figurarem como alvos de investigações que miram a atuação do ex-ministro da Justiça.
Chegou na CPMI na última quinta-feira, 3, um relatório da Polícia Civil do Distrito Federal que analisa a movimentação financeira de Torres e outros investigados. De acordo com o documento, o ex-ministro repassou R$ 220 mil para sua irmã, R$ 40 mil para sua mãe e R$ 30 mil para sua esposa no ano passado.
Com informações do portal Terra
Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado
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