• 22 de novembro de 2024

RETALIAÇÃO A JORNALISTA | EBC quer demitir servidora que atua no Consad por ter denunciado práticas de assédio moral e censura no órgão

A atual gestão da EBC, empresa de comunicação governamental, quer demitir a jornalista Kariane Costa por ela ter pedido a apuração de denúncias de assédio e censura à Ouvidora da empresa.

Servidora da EBC há 10 anos, Kariane integra o Conselho de Administração (Consad) da empresa. Ela foi eleita pelos trabalhadores da EBC para representá-los no Consad.

A recomendação de demissão por justa causa foi encaminhado nesta quinta-feira, dia 8 de setembro, um dia após a empresa pública ser alvo de críticas por ter sido usada como aparelho de campanhda do candidado à reeleição Jair Bolsonaro.

O processo que resultou no pedido de demissão de Kariane teve início em junho de 2021, após a conselheira registrar um pedido na Ouvidoria para apurar denúncias de casos de assédio moral na diretoria de Jornalismo da empresa.

O pedido – que deveria ser sigiloso – foi vazado para coordenadores e gerentes da empresa que inverteram os papéis e passaram a denunciar que o assédio viria da conselheira.

A servidora aponta que o processo de demissão é cercado de irregularidades. Ela apresenta uma lista com supostos erros cometidos no processo. Veja abaixo:

– A denúncia de assédio por parte dos gestores não foi investigada;
– Não foi apurado como o pedido registrado pela Conselheira na ouvidoria vazou e chegou até os denunciados dando margem para retaliações por parte dos gestores;
– Kariane só foi informada de que o pedido de apuração que ela havia aberto se tornou um processo contra ela própria em julho deste ano, menos de dois meses antes do relatório final ser concluído.
– Os dois depoimentos que a Conselheira prestou à comissão de sindicância foram como testemunha.
– Durante o processo – que supostamente deveria investigar o assédio por parte dos gestores – Kariane apresentou o nome de 35 testemunhas. apenas uma foi ouvida.
– Das 16 pessoas ouvidas ao longo do processo, nove foram os chefes que deveriam ser investigados pelas denúncias de assédio.

A denúncia contra a conselheira não foi o primeiro relato de assédio no âmbito da EBC. A empresa já foi condenada pelo TST a pagar R$ 200 mil por assédio moral coletivo. Essa semana o MPT (Ministério Público do Trabalho) suspendeu a mediação do processo.

Ao tentar impor o pedido de demissão por justa causa de uma representante dos trabalhadores, a gestão da EBC demonstra que não vê problemas em agir com retaliação contra o trabalhador que ousar questionar o aparelhamento ao qual foi submetido a EBC.

Nesta sexta-feira (9), às 13h, trabalhadores da EBC farão um ato em apoio à Conselheira nas sedes da empresa em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Foto: Divulgação

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