Em um cenário conturbado, ao menos três nomes disputam nos bastidores a cadeira abandonada por Jofran Frejat (PR) na corrida pelo Palácio do Buriti. O médico se retirou da disputa na última terça-feira (24/7) e deixou uma lacuna de força política.
Desde então, reuniões acaloradas, conversas intermináveis e costuras têm sido realizadas a fim de consolidar um novo postulante. Entre os nomes cogitados, estão os dos deputados federais Rogério Rosso (PSD) e Izalci Lucas (PSDB), além do advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF Ibaneis Rocha (MDB).
Nos encontros da noite dessa quarta-feira (25), a coalizão órfã de Frejat tentava firmar a majoritária com Izalci na cabeça, Ibaneis como vice, Alberto Fraga (DEM) e um segundo nome a ser definido para o Senado. Assim, a chapa teria DEM, MDB, PR, PP, Avante e PSDB.
Na queda de braço, no entanto, os articuladores parecem terem se esquecido de que Izalci está em outro grupo, chamado terceira via. Este é coordenado pelo senador Cristovam Buarque (PPS) e Rogério Rosso (PSD). Embora aliados de Rosso tenham anunciado o declínio dele na disputa pelo Buriti, o deputado tenta se manter no páreo.
Dentro dessa coalizão, estão PSD, PPS, PRB, PSC, DC e PSDB apoiando Geraldo Alckmin (PSDB) como presidenciável. Nessa quarta, encontraram-se com o pré-candidato ao Palácio do Planalto para debater o cenário local. “Se o Frejat exorcizou os demônios dele, por que os traremos para cá?”, questionou Cristovam Buarque.
Ao falar em “demônios”, o senador se referia ao ex-governador José Roberto Arruda (PR) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB). Ambos têm agido nos bastidores para as pré-candidaturas, respectivamente, de Izalci e Ibaneis, e evitam os holofotes devido ao desgaste perante a opinião pública.
O ex-governador, que teve o mandato cassado em 2010, foi preso duas vezes: naquele mesmo ano, por envolvimento na Caixa de Pandora; e em 2017, no âmbito da Operação Panatenaico. Nessa mesma ação, que investiga desvios no Mané Garrincha e em outras grandes obras do DF, Filippelli também parou atrás das grades.
Chapão x Chapinha
Políticos desses diferentes grupos defendem a criação de uma grande chapa que una todos. O problema em questão seria a falta de afinidade política ou de ideais de nomes como Cristovam e Fraga, por exemplo. Ibaneis está entre os que desejam a união. O grupo de Rosso também quer se manter coeso, com a composição inicial.
Em busca de se consolidar na disputa pelo Buriti, Ibaneis Rocha chegou cedo a uma reunião nessa quarta (25). Durante toda a manhã, passaram pela residência no Lago Sul, sede do encontro, membros de partidos que apoiavam Frejat. Estiveram por lá o deputado federal e presidente do PP-DF, Rôney Nemer, e o presidente do Avante, Paco Britto.
A costura incluiria até uma possível aliança com o PDT, com o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, ocupando o posto de vice. Opção longe de se tornar realidade. O advogado, no entanto, não esconde a ansiedade por uma definição. “A população está esperando por uma resposta”, afirmou Ibaneis.
Juntas, as coalizões contariam com 11 partidos: da terceira via, viriam PSDB, PRB, PSD, DC, PPS e PSC. Eles se somariam a PR, MDB, Avante, DEM e PP.
Também com o nome ventilado para assumir o papel de protagonismo nas eleições de outubro, Alberto Fraga afirmou ao Metrópoles que prefere permanecer no Congresso Nacional e concorrer ao Senado. O congressista teme prejudicar a própria candidatura se estiver em um grupo rachado. Ainda assim, não está descartado pelos próprios pares como cabeça de chapa na briga pelo GDF.
O que diz Frejat?
Enquanto políticos tentam se colocar na disputa e angariar parte do espólio de Jofran Frejat, o ex-secretário de Saúde assiste de longe e questiona a possível união dos grupos.
“Se agora querem conciliar é porque eu era o problema. Enquanto a população me via como solução, eu era um empecilho para alguns”, afirmou. O médico completou: “Mesmo com uma vantagem enorme, liderando as intenções de voto, não consegui conciliação”.
Rogério Rosso segue a linha de que a construção inicial da terceira via será mantida. “Estamos construindo uma coligação há meses com PSDB, PPS, PRB, PSC, PSD, DC e outros partidos”, disse.
Enquanto uns brigam…
Diante de toda a instabilidade gerada em torno da desistência de Frejat, Eliana Pedrosa (Pros) e Alírio Neto (PTB) tentam ocupar os espaços deixados pelos adversários. A dupla lançou oficialmente a chapa majoritária no último sábado (21) e tem promovido encontros para conquistar mais aliados. Espera, inclusive, uma negociação com os apoiadores de Frejat.
E, enquanto os dois grupos pulavam de reunião em reunião, três coordenadores de mobilização da campanha do ex-secretário de Saúde declararam apoio à chapa composta dos ex-deputados distritais. Eliana – que carrega a bênção da família Roriz – e Alírio ainda têm mantido conversas com o presidente do PDT, Carlos Lupi, e Alberto Fraga.
Alexandre Guerra e Erickson Blun, ambos do Novo, mantêm a disputa ao Buriti em conjunto com Paulo Roque para o Senado. O chefe do Executivo local, Rodrigo Rollemberg (PSB), segue no projeto de reeleição e ganhou, nessa quarta (25), o apoio definitivo da Rede no DF. Assim, o deputado distrital Chico Leite estará na chapa do governador e tentará vaga no Senado.
Pelo PSol, a professora da Universidade de Brasília (UnB) Fátima Sousa está praticamente confirmada na corrida pelo GDF. O general Paulo Chagas (PRP) também. Peniel Pacheco ainda se mantém na representação do PDT como pré-candidato ao Palácio do Buriti. O partido fundado por Leonel Brizola tenta articular com PCdoB e PPL.
O PT deve decidir entre os nomes dos economistas Júlio Miragaya e Afonso Magalhães no encontro da legenda, marcado para sábado (27) e domingo (28).
Matéria do portal Metrópoles
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