• 22 de novembro de 2024

Entrevista Cacá Silva (PRP), pré-candidato a deputado distrital

“Cansei de depositar e de transferir para terceiros o desejo de ver a classe artística respeitada, valorizada”, Cacá Silva (PRP), pré-candidato a deputado distrital.

Perfil

35159198_10211380195167143_2050480102222856192_nUma das figuras mais carimbadas e tarimbadas do mundo da música e da cultura do DF resolveu se candidatar a deputado distrital. Essa pessoa é o Cacá Silva. Quem gosta de ir em festa junina ou assistir shows ou participar de eventos culturais pelo DF, com certeza, já ouviu ou viu ou se deparou com o brasiliense, o músico, o produtor e o apresentador cultural, Cacá Silva. Antes de viver da música, Cacá, já foi office-boy, balconista, cinegrafista, garçom, gerente de restaurante e assistente administrativo. Porém, a música falou mais alto e Cacá Silva é destaque nos palcos brasilienses desde os anos 80 e 90 com a sua banda Imagem, que já foi eleita a melhor banda de baile de Brasília. Atualmente, o músico deu lugar ao produtor e ao apresentador cultural. E que agora poderá dar lugar ao futuro deputado distrital. Entre as suas propostas estão a defesa incondicional pela cultura do DF e a geração de trabalho e renda por meio do setor de entretenimento.

Confira a entrevista exclusiva que o músico, produtor e apresentador cultural, Cacá Silva, pré-candidato a deputado distrital pelo PRP, concedeu ao Expressão Brasiliense, na segunda-feira (11), falando sobre sua trajetória e de suas intenções e propostas como político.

Expressão Brasiliense: Quem é o Cacá Silva? O que já fez? Tem filho? O que já fez antes de ser músico e produtor cultural? Enfim, nos fale quem é você?

Cacá Silva: Eu nasci no Hospital Regional da Asa Sul, no dia 29 de junho de 1971. Morei na 713 sul, na 109 sul, na 411 sul, na 314 norte, passei por Taguatinga e, enfim, cheguei em Ceilândia onde moro faz 17 anos. Eu digo que sou Pãe. Sou pai, mãe e, também, avô. Antes da música, trabalhei como office-boy, fui balconista, cinegrafista, garçom, gerente de restaurante e assistente administrativo. Atualmente, sou músico, produtor e apresentador cultural.

EB: O que a música e a cultura significam para você?

CS: A música faz parte da minha vida, assim como de milhares de pessoas no DF, no Brasil e no mundo. Com a música realizei sonhos como ter uma casa própria e momentos inesquecíveis na minha vida e consequentemente na vida de milhares de pessoas. Um povo sem cultura, não tem DNA! A forma como nos vestimos, falamos, nos alimentamos e convivemos é o resultado da cultura que herdamos e da cultura que estamos criando no DF. Um pouco diferente de quem vive em outras cidades e estados brasileiros, pois aqui agregamos valores culturais de todos. E falo isso com convicção, pois representei o Distrito Federal nas duas últimas Conferências Nacionais de Cultura, das três únicas já realizadas em 518 anos de existência do Brasil. Digo que ainda há muito a ser feito, estamos caminhando a passos lentos. Infelizmente, hoje, sinto algo estranho acontecendo entre nós brasileiros. Nos falta a cultura do patriotismo, do civismo, da ética, da moral, do respeito ao próximo. A falta de cultura, nos leva a não dar valor a nada e a ninguém, se o problema não for especificamente seu. Um povo sem cultura, não pode ser chamado de nação. Temos que resgatar estes valores para sermos uma nação forte e isso deve começar por nós da capital federal.

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Atualmente, a cultura do DF está focada em atender as demandas dos amigos do governo de Brasília.

EB: Quais os projetos na cultura e fora desse segmento que já desenvolveu?

CS: Entre outras dezenas de eventos que já produzi, destaco as domingueiras baianas, no Trem do Lago e da AABR, shows semanais no “Aerobar”, o pagodão da galera nos clubes “CASSAB” e “CSSE” (ROCHA). Sou um dos fundadores da Liga das Bandas e Blocos Tradicionais do Distrito Federal. Lancei o bloco Pega Pega, no antigo circuito Eixão Norte – carnaval de rua de Brasília. Criei projetos socioculturais como a caravana da paz e cidadania, as formaturas sociais, o bloco da Solidariedade, na antiga Micarecandanga. Participo dos projetos Show Pela Paz – Dia do Estudante e Baile das Debutantes Carentes. Há anos faço vídeos e fotos de fatos relevantes para a cultura produzida na capital federal, nada profissional, apenas registro o momento. Eu posto centenas de vídeos de músicos e/ou artistas no Youtube e fotos no PicasaWeb com o intuito de ajudar a divulgar o trabalho deles. Por conta das constantes e ininterruptas atividades, já recebi certificados de mérito cultural, fui homenageado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e pela Câmara dos Deputados. Também já recebi moções de louvor pelos serviços prestados à música no Distrito Federal.

EB: E como o Cacá Silva vê o atual cenário da cultura no DF? O que pode melhorar?

CS: Atualmente, a cultura do DF está focada em atender as demandas dos amigos do governo de Brasília. Quase todas centralizadas no Plano Piloto e em algumas cidades de maior expressão no DF. O carnaval e o réveillon, por exemplo, estão centralizados no Plano Piloto, poucas cidades do DF recebem programação de qualidade. É explicito a falta de prioridade com a periferia do DF. Deixamos de ter grandes eventos nos aniversários das cidades do DF. Não existe projeto circulando nas cidades, levando literatura, teatro, dança, música, cinema, circo, como foi o projeto Arte Por toda Parte e a Caravana da Solidariedade, nos governos Roriz. Toda atividade cultural, gera trabalho e renda para profissionais que não são da cultura, como ambulantes, barraqueiros, seguranças privados, brigadistas, profissionais de propaganda, arte finalistas, gráficas, profissionais de limpeza, auxiliares de produção, carregadores, enfim, muitos profissionais trabalham e tem oportunidade de ter uma renda. Fora os impostos arrecadados com a venda de tudo que é consumido em um evento. Temos que ter atividades culturais em todas as cidades, principalmente, nas que possuem menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), dar oportunidade às pessoas realmente carentes para que tenham acesso à cultura de qualidade e tenham a oportunidade de ser cidadão.

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Não posso continuar a esperar que alguém faça por nós, algo que posso fazer e vou fazer.

EB: Como acabou se envolvendo com a política? O que te fez querer entrar para a política?

CS: Comecei realizando showmícios no estado de Goiás em 1988 e continuei até a proibição dos showmícios no Brasil. No Distrito Federal, participei dos showmícios das campanhas do Valmir Campelo, Joaquim Roriz, Osório Adriano e Paulo Octávio. Com a proibição dos showmícios, continuei participando das campanhas do Arruda, Jaqueline Roriz, Milton Barbosa e Celina Leão. Mesmo não querendo, a política faz parte da vida do povo brasileiro e nós, moradores do Distrito Federal, com fácil acesso aos políticos, temos a obrigação de cobrar das excelências resultados. Enfim, é quase inevitável eu vivo protocolando ofícios e falando tanto sobre política cultural, bem como sobre direitos e deveres. Isso é fazer política, mesmo que sem cargo e sem remuneração.

EB: Já foi filiado a algum partido político?

CS: Faz anos que tentam me filiar a algum partido. Eu nunca quis. Neste ano, somente no último dia permitido por lei, decidir me filiar ao Partido Republicano Progressista, o PRP.

EB: E por que decidiu se candidatar a deputado distrital?

CS: Por causa da minha indignação como cidadão! Cansei de depositar e de transferir para terceiros o desejo de ver a classe artística respeitada, valorizada. Há muitos desmandos, muitos achismos nos poderes executivo, legislativo e judiciário. Por fazer fortes críticas, fui sectarizado (pessoa com ideologia considerada intransigente por quem está no poder) no governo Agnelo e no atual também. Sou fundador da Associação dos Músicos e Artistas Populares do Distrito Federal e Entorno, a Asmap/DF-E. Na Asmap, recebemos por e-mail a demanda dos músicos e artistas, e encaminhamos a demanda a quem de direito. Já protocolamos demanda no Palácio do Buriti, Secretaria de Cultura do DF, Administrações Regionais e Tribunal de Contas, ou seja, há anos defendo o coletivo da cultura, os ofícios protocolados são a prova do meu trabalho. Há algum tempo optamos em encaminhar a demanda ao Sindicato dos Músicos, para que o mesmo cobre respostas. Dos atuais parlamentares, quantos destinaram algum recurso para as atividades culturais? E quantos conferiram se houve a correta aplicação dos recursos? Por meio das atividades do legislativo, quantos se preocuparam em melhorar a vida, o trabalho, a renda dos profissionais que atuam na cultura? Quantas leis votadas existem em prol dos profissionais de cultura? Quantos parlamentares solicitaram alguma explicação ao atual secretário de Cultura por não executar o orçamento? Quantos verificaram se houve transparência dos resultados dos editais de chamamento público ou os pregões eletrônicos realizados? Estamos falando de investimentos realizados com o dinheiro público. Não posso continuar a esperar que alguém faça por nós, algo que posso fazer e vou fazer, principalmente, pela experiência que adquiri ao longo dos 31 anos de serviços prestados à sociedade e a cultura.

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A saúde pública, a segurança, a educação, a mobilidade urbana, a infraestrutura, entre outras áreas, são o básico para qualquer sociedade.

EB: Como vê o atual cenário político do DF?

CS: Não há uma oposição forte. O governo de Brasília é ineficiente e a maioria das “Excelências” na Câmara Legislativa compactuam com o caos. Os atuais deputados federais pelo DF pouco fazem, e o senadores são uma vergonha, não me representam. As pessoas estão morrendo por falta de atendimento médico e o governador e o secretário de Saúde deveriam ser responsabilizados por isso. Cadê as “Excelências” da CLDF? O Ministério Público? A segurança pública vive um caos. É explicita a falta de policiais e viaturas, necessitamos ter segurança 24 horas por dia, 365 dias por ano. Os professores e diretores das escolas públicas tentam, inutilmente, ajudar na formação de cidadãos, mas como garantir a presença dos alunos nas escolas com a falta de transporte público, falta de salas e, até mesmo, o básico como a merenda escolar. Não é novidade que o transporte público segue o modelo do governo de Brasília, ineficiente e nas mãos de poucas empresas e que ignoram o sofrimento do trabalhador que necessita usar este serviço. O que funciona é a indústria das multas do Detran, a Agefis que também trabalha de forma eficiente. Há algo mais que funcione bem neste governo?

EB: Quais seriam as suas propostas para o DF e para a cultura?

CS: A minha proposta principal é gerar trabalho e renda priorizando os profissionais de cultura, mas os que realmente são responsáveis pelas ações. Observe o que acontece com a verba destinada aos blocos carnavalescos. Os músicos que fazem o carnaval acontecer, recebem migalhas. Temos que priorizar os verdadeiros profissionais do carnaval que é quem leva o folião para as ruas. Solicitar investigação sobre os resultados do FAC, as atas de registro de preços e os resultados dos editais de chamamento público. Tudo isso, realizado pela Secretaria de Cultura. Realmente, precisamos democratizar o acesso ao FAC e a LIC. Oficializar o calendário de eventos culturais de cada região administrativa, como aniversário da cidade, festejos juninos, réveillon, carnaval, encontros de cultura, festivais de novos talentos, agenda gospel, entre outros. Fazer cumprir a lei que assegura a participação (por meio de cota) de bandas ou grupos com integrantes com deficiência nas contratações artísticas junto a Administração Pública. A acessibilidade visível para os eventos culturais. Criar um certificado de qualidade referente ao respeito e a inclusão cultural das pessoas com deficiência. Aprimorar a legenda e a áudio descrição em informes, eventos e editais com áudio e libras (favorecendo os deficientes sensoriais), bem como favorecer o acesso sem barreiras arquitetônicas para os deficientes físicos. Alterar a Lei Orgânica do Distrito Federal. Corrigir o ato falho do parágrafo 3º do artigo 72 que ao inserir nova exceção da renúncia autorizada a um beneficiário, individualmente considerado, não é superior a 5% do montante previsto no caput, excetuando-se planos anuais e plurianuais e hipóteses de doação incentivada ao FAC. Foi excluído do texto projetos culturais de preservação do patrimônio cultural imaterial. Revogar a Lei Distrital nº 34.577 de 2013 que criou o SisCult. Revogar o Parecer Normativo nº 393/2008 – PROCAD/PGDF e construir outro para a contratação de “artistas” ou “músicos” no Distrito Federal. Normatizar os “editais de chamamentos públicos” no Distrito Federal para a contratação de músicos, artistas, Dj’s e apresentadores. Tornar esses “editais” claros, objetivos e sucintos, mudar o esdrúxulo formato utilizado. Do total das emendas parlamentares destinadas para atividades culturais, que no mínimo 30% do valor total, sejam destinados a contratação de estrutura (som, palco, luz, gerador, banheiros químicos, alambrados). Criar uma portaria para que a Rádio Cultura, execute 50% da programação musical com músicas de músicos ou artistas residentes no Distrito Federal e com gravações realizadas em estúdios do DF. Regulamentar o prazo do repasse de verba para as agremiações carnavalescas do DF. No carnaval, garantir a contratação de músicos ou artistas para atender a demanda dos blocos carnavalescos cadastrados pela Secretaria de Cultura ou Administrações Regionais. Esse é o meu pensamento. Essas são as minhas propostas.

EB: E qual mensagem o pré-candidato a deputado distrital, Cacá Silva deixa para o eleitor brasiliense?

CS: A saúde pública, a segurança, a educação, a mobilidade urbana, a infraestrutura, entre outras áreas, são o básico para qualquer sociedade. Isso é fundamental, eu não abro mão e ninguém pode abrir mão disso, mas o DF não pode parar! Em nenhuma área e investir em cultura não é crime! Pretendo, também, apresentar propostas para os demais segmentos que se beneficiam da música, como os profissionais dos foods trucks, os profissionais dos bares, casas noturnas, boates. Também vou defender a demanda dos tatuadores e das demais profissões subjugadas pela sociedade. Recentemente, vimos que os caminhoneiros são de extrema importância para a economia brasileira, temos que ouvir estes profissionais e ver o que pode ser feito aqui no DF. Sou a favor do trabalho, da renda, do respeito e da dignidade para todos os profissionais. É melhor gerar trabalho e renda que criar e manter bolsa isso, auxílio aquilo, vale voto. Isso cria uma sociedade vagabunda, que aprende a depender de esmolas, de trocas de favores, não há dignidade nisso. Veja não estou falando em acabar com os benefícios ofertados pelo governo, mas em gerar trabalho e renda. É isso que o DF e o que o Brasil precisam.

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Da Redação

Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

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