A Executiva Nacional do PSL estuda expulsar deputados que votaram contra a Proposta de Emenda à Constituição que tornou o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) um programa permanente. Entre eles, Bia Kicis (DF), destituída pelo presidente Jair Bolsonaro da vice-liderança do governo no Congresso. A informação é do deputado Junior Bozella, presidente da legenda em São Paulo.
“Se o próprio Bolsonaro retaliou os bolsonaristas, não é o PSL que vai passar a mão na cabeça. O partido nunca foi omisso com aqueles que depõem contra os interesses da nação”, afirmou Bozella. O Fundeb é o principal mecanismo de financiamento da educação básica no País. A PEC foi aprovada na Câmara e agora precisa ser analisada pelo Senado.
Bia Kicis é uma das mais ferrenhas apoiadoras do presidente e foi surpreendida com a dispensa da vice-liderança na quarta-feira, 22. Além dela, outros seis deputados do PSL votaram contra a mudança no Fundeb no primeiro turno da votação na Câmara: Chris Tonietto (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG), Paulo Martins (PSC-PR), Luiz Philippe (PSL-RJ) e Marcio Labre (PSL-RJ). No segundo turno, no entanto, Luiz Philippe votou a favor da proposta e Labre se absteve.
a retirada de Bia Kicis da função foi mais um movimento do presidente para se afastar da ala radical do bolsonarismo nesta fase em que precisa ampliar sua base de sustentação. A intenção do governo é reorganizar a articulação no Congresso após a derrota na votação da PEC do Fundeb.
Na prática, a gota d’água para a saída de Bia Kicis ocorreu após ela ter passado recibo da derrota do Planalto na votação do Fundeb, segundo apurou o Broadcast. O governo articulou uma manobra para “vender” a imagem de que havia saído vitorioso em plenário. Chegou mesmo a mudar de posição na última hora, quando percebeu que perderia. Mesmo assim, a então vice-líder do governo fez questão de manter o voto contra a proposta que prorrogou o Fundeb, escancarando o racha.
Bia Kicis disse, depois, que votou de acordo com sua consciência, como sempre fez o próprio Bolsonaro quando era deputado. Na avaliação de aliados bolsonaristas, o presidente tenta se distanciar de políticos que vivem em atrito com o Supremo Tribunal Federal (STF). Alvo de inquérito das fake news na Corte, a deputada ficou magoada com Bolsonaro, que ainda busca um nome para substituí-la. Procurada para comentar a possibilidade de expulsão, Bia Kicis não respondeu.
(Agência Estadão Conteúdo)