Um dos mais esperados depoimentos da CPI da Covid no Senado, ainda terá mais um capítulo nesta quinta (20). O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, compareceu a CPI na condição de testemunha, nesta quarta-feira (19), para prestar esclarecimentos aos senadores, porém, após sentir um mal-estar por volta das 16h e ser atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), a reunião foi suspensa.
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Ao anunciar a suspensão da reunião de hoje, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), já deixou marcado para amanhã a continuação do depoimento do militar, que foi o ministro que mais esteve no cargo nesse período de pandemia.
Durante o depoimento do ex-ministro, a falta de oxigênio em Manaus (AM) no mês de janeiro gerou controvérsia na CPI da Pandemia. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ter em mãos um documento oficial do Ministério da Saúde que contraria a versão dada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello em seu depoimento.
Aziz disse que o documento menciona que o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), teria alertado o Ministério da Saúde no dia 7 de janeiro a respeito da falta de oxigênio.
“Esse documento que foi uma resposta do Ministério da Saúde a um deputado federal. Não sou eu que estou inventando”, afirmou Aziz.
Pazuello disse que o socorro do governo federal a Manaus foi a “maior operação logística da história” e começou a agir tão logo o problema surgiu. Além disso, insistiu só ter tomado conhecimento dos riscos de desabastecimento de oxigênio em Manaus na noite de 10 de janeiro e que a falta de cilindros no estado teria apenas durado três dias.
Ele foi contestado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), o qual lembrou que a falta de oxigênio perdurou por mais de 20 dias. Braga lamentou a crise em Manaus e os 440 mil mortos por covid-19 no país.
“É preciso dizer ao povo brasileiro: não faltou oxigênio no Amazonas apenas três dias, pelo amor de Deus. Ministro Pazuello, pelo amor de Deus. Faltou oxigênio na cidade de Manaus por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos. É só ver o desespero das pessoas tentando chegar ao oxigênio. Nós tivemos pico de morte no dia 30 de janeiro. Sabe quando chegou a carga de oxigênio que o senhor mandou do Ministério da Saúde para Manaus? Do dia 24 para o dia 25”, disse Eduardo Braga.
Avião
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida, declarou em uma entrevista que a tese da imunidade do rebanho levou Manaus ao colapso. Em resposta à senadora, o ex-ministro disse não concordar com a “imunidade de rebanho” pela transmissão do vírus.
Pazuello afirmou que teve uma conversa com o governo do estado no dia 7 de janeiro, mas negou que a falta de oxigênio tenha sido tratada na ocasião. Somente no dia 10, acrescentou o ex-ministro, o governo do Amazonas o informou da falta de oxigênio.
Ao responder Eliziane, ele ainda negou que tenha chegado ao Ministério uma oferta oficial de oxigênio por parte dos Estados Unidos.
“Nós não mandamos apenas medicamentos para Manaus. Nós mandamos respiradores, nós mandamos concentradores de oxigênio, mandamos fábricas de oxigênio e mandamos medicamentos, mandamos vacinas”, continuou Pazuello.
Ao ouvir o ex-ministro dizer que também não teria recebido oficialmente informação sobre o avião colocado à disposição pelo governo dos Estados Unidos para transportar cilindros de oxigênio até Manaus, Eliziane Gama apresentou documento do próprio Ministério da Saúde tratando a oferta do uso do avião norte-americano.
Em seguida, Pazuello, depondo com um habeas corpus preventivo, recebeu orientação do representante da Advocacia-Geral da União (AGU) para que mantivesse silêncio sobre o assunto, que é objeto de inquérito.
Mais cedo, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse ser fundamental que o governador do Amazonas, Wilson Lima, também seja convocado para prestar esclarecimentos à CPI.
Da Redação com informações da Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado