Faltam poucos dias para os 513 deputados federais escolherem quem irá presidir a “Casa do Povo”, como muitos deles costumam chamar a Câmara dos Deputados, pelos próximos dois anos. A disputa está polarizada entre os deputados Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP). Na noite de ontem (25), o programa Roda Viva, da TV Cultura, iria promover um debate entre os dois postulantes, mas Arthur Lira fugiu da raia não comparecendo e Baleia Rossi mostrou porque pode se tornar o próximo presidente da Câmara no dia 1º de fevereiro, data prevista para ocorrer a votação.
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Baleia Rossi, que é presidente nacional do MDB, aproveitou a ocasião para apresentar suas ideias e deixar claro quais são suas intenções e objetivos caso se eleja. Para chegar à presidência da Câmara, o parlamentar não hesitou em buscar apoio de partidos de esquerda, do centro e da direita, o que pode viabilizar a sua vitória. Entre as propostas que garantiu a construção desse grupo está a de analisar os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro que aguardam posição de quem está no comando da casa, nesse caso, do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) que manifestou que deixará o impasse para o próximo presidente decidir.
Durante o programa, os jornalistas questionaram insistentemente se Baleia Rossi vai ou não dar início a análise desses pedidos de impedimento do presidente. Ele respondeu que essa “não era sua bandeira”, mas que seria sua obrigação analisá-los. A postura do deputado deixa claro que estamos na iminência de ter mais um caso de impeachment na República Federativa do Brasil, se for a vontade da maioria dos parlamentares. Segundo ele, um processo dessa natureza requer que se cumpram os pré-requisitos. E pelo sorriso de canto de boca, tudo leva a crer que o processo pode ser aberto.
Já em relação aos trabalhos da Câmara dos Deputados, Baleia prometeu, se eleito for, dar início a análise da Reforma Tributária, que aliás uma das propostas legislativas é de sua autoria. O presidente do MDB fez críticas a atuação do governo Bolsonaro argumentando que o Executivo não tem um projeto de país e que não sabe elencar as prioridades para a pauta de votação no Congresso. “O governo precisa saber o que vai votar”, afirmou ao citar o fracasso da tentativa de privatizar algumas estatais brasileiras que ocasionaram inclusive na saída de nomes importantes do governo federal. Ele ainda lembrou que Arthur Lira defende a volta da CPMF.
O parlamentar ainda foi incitado a se posicionar sobre a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que é alvo de críticas do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O deputado se esquivou da resposta e demonstrou que não terá problemas para instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre a crise na rede pública de saúde no Amazonas.
O candidato Baleia Rossi acusou o presidente Jair Bolsonaro de estar comprando o apoio de alguns parlamentares para o deputado Arthur Lira por meio da destinação de emendas extra orçamentária. Com o apoio de grandes partidos, Baleia Rossi sabe que pode ganhar de Lira e tentar abrir uma nova mesa de negociações e conversas com o Executivo, já que são eles que dependem mais do Congresso do que o parlamento deles.
Por José Fernando Vilela
Foto: Reprodução Google Imagens