Com a decisão tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de indeferir o registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, o PT pretende anunciar somente na segunda-feira (3/9) qualquer medida em relação à chapa que concorrerá às eleições, apenas após Lula emitir sua opinião sobre o assunto.
Na qualidade de presidente do partido e advogada, Gleisi Hoffmann está encarregada de ouvir o líder petista, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, antes da reunião da coordenação geral da campanha, que ocorre todas as segundas-feiras, em São Paulo.
“Nesta circunstância, quem tem a palavra é o Lula. Não há por que decidirmos nada no fim de semana. Ele é o senhor deste processo por razões históricas. Ele pauta a política nacional desde 1980”, destacou o coordenador financeiro da campanha petista, o ex-ministro Ricardo Berzoini, após o julgamento.
Dessa forma, o possível anúncio do nome do ex-prefeito Fernando Haddad, hoje vice na chapa, como titular da candidatura, tendo Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) como vice, só ocorreria depois da consulta a Lula e após a reunião da coordenação da campanha.
Vice
O candidato a vice Fernando Haddad também defendeu a mesma posição de ouvir Lula antes da definição da estratégia. Haddad precisa do aval do líder petista para conseguir angariar o maior número de votos como titular da chapa, e o PT pretende explorar ao máximo esse poder de transferência. “Estarei com ele na próxima segunda-feira [3/9] e vou levar ao seu conhecimento o resultado do TSE, e lá vamos discutir o que fazer”, disse.
“Eu queria manifestar uma certa desolação com a Justiça no sentido de prejudicar o direito de defesa do presidente Lula em apresentar as alegações finais. O que está em jogo é o direito de o povo eleger o seu presidente. Não estamos falando de uma coisa qualquer, estamos falando de um elemento da democracia atropelado, sobretudo após a manifestação da ONU”, ressaltou.
Julgamento
O TSE decidiu nessa sexta-feira (31/8) negar o direito de Lula ser candidato, devido à Lei da Ficha Limpa, que torna inelegível todos os condenados em segunda instância. O ex-presidente está preso, após ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no processo do apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo.
Para os petistas, a condenação ocorreu sem provas de sua culpa. Eles destacam que o julgamento demonstrou a fragilidade dos argumentos utilizados para tirar Lula das eleições.
“Da forma como foi feito, com todo este drama e com toda esta narrativa, o TSE deixou claro que julgou se submetendo a uma grande pressão, inclusive da mídia, para tirar Lula da disputa. O julgamento ainda demonstrou o quanto é frágil tudo que se usou até agora no Poder Judiciário para tirar Lula da campanha”, ponderou Berzoini.
“Todo voto do relator foi dedicado a responder aos questionamentos que estavam colocados, sabendo que ele tinha pouca jurisprudência para isso e que até iria se opor a entendimentos do Supremo Tribunal Federal em relação aos tratados internacionais”, avaliou, referindo-se à posição do ministro Luís Roberto Barroso, o qual entendeu não ser vinculante a recomendação do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) de garantir a candidatura de Lula.
Matéria do portal Metrópoles
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