• 21 de novembro de 2024

SUBIU CINCO POSIÇÕES | Brasil lidera ranking de inovação na América Latina e é o 3º entre os países do Brics

Brasil ganhou cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com o ranking de 2022 e agora ocupa o 49º lugar entre 132 países, passando a ser o primeiro colocado da América Latina. No ano passado, o Chile estava à frente do Brasil. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27), data de abertura do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Sebrae, no São Paulo Expo.

Mesmo com os ganhos de posições, sustentado pelo terceiro ano consecutivo, a colocação brasileira ainda é considerada aquém do potencial do país, que hoje tem a 10ª maior economia do mundo. A melhor posição do Brasil no IGI foi em 2011, em que chegou ao 47 º lugar.

Os dez países mais bem colocados no índice são: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul. A classificação é divulgada anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI – WIPO, na sigla em inglês), em parceria com o Instituto Portulans e o apoio de parceiros internacionais – no caso do Brasil, a CNI e a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), parceiras na produção e divulgação do IGI desde 2017.

CNI defende investimentos e políticas públicas para inovação

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que o Brasil tem condições de crescer a cada ano no ranking, por meio de investimentos e políticas direcionadas à ciência, tecnologia e inovação (CT&I). “A posição do Brasil no Índice Global de Inovação vem melhorando nos últimos anos. No entanto, temos um potencial muito inexplorado para melhorar o nosso ecossistema de inovação, atingir o objetivo de integrar os setores científico e empresarial e, consequentemente, promover maior inovação”, afirma.

“Precisamos de políticas públicas modernas e atualizadas e, para isso, o IGI tem o papel fundamental de auxiliar na compreensão dos pontos fortes e fracos do Brasil. A CNI e a MEI estão conscientes da importância de medir a inovação para viabilizar políticas eficazes, alcançar resultados sólidos em atividades de CT&I e promover o desenvolvimento social e econômico”, acrescenta Robson Andrade.

Criado em 2007, o IGI tornou-se uma referência na avaliação da inovação e um pilar na formulação de políticas de CT&I, levando um número cada vez maior de governos a realizar análises sistemáticas de seus resultados anuais em matéria de inovação e elaborar políticas voltadas para melhorar seu desempenho no Índice. O ranking também obteve o reconhecimento do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, que em sua resolução de 2019 sobre CT&I para o desenvolvimento o define como um instrumento de referência para avaliar a inovação em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Brasil lidera na América Latina e é terceiro entre os Brics

Os dados mostram o Brasil na liderança da América Latina e Caribe, depois de 12 anos fora do recorte das 50 economias mais bem classificadas no IGI. Depois de um crescimento contínuo nos últimos anos, o país ultrapassa pela primeira vez o Chile (52ª) e garante o posto de economia mais inovadora da região. O México (58ª) aparece em seguida, ocupando a terceira posição regional.

Entre os cinco países do BRICS – a formação antes do anúncio de novos integrantes feito há algumas semans – o Brasil está na terceira colocação, à frente da Rússia (51º lugar) e da África do Sul (59º). A China é a 12º colocada e Índia ocupa o 40º lugar.

As cinco posições conquistadas pelo Brasil no ranking de 2023 colocam o país entre as economias que mais melhoraram o desempenho no IGI nos últimos quatro anos. O Brasil apresenta pontuações elevadas em indicadores como serviços governamentais online (14ª posição) e participação eletrônica (11ª). Além disso, destaca-se pelo valor de seus 16 unicórnios (22ª), representando 1,9% do PIB nacional em 2023, e por seus ativos intangíveis (31ª), obtendo bons resultados mundiais por suas marcas registradas (13ª) e pelo valor global de suas marcas (39ª).

Entenda como é feito o cálculo do Índice Global de Inovação

A posição global dos países no índice é resultado de um cálculo complexo que divide os indicadores em “insumos de inovação” (inputs) e “resultados de inovação” (outputs), em que há pesos diferentes para cada indicador.

A primeira das categorias de indicadores – a de insumos – se refere às condições e elementos disponíveis para apoiar atividades de inovação. 
Educação, ambiente de negócios e recursos humanos especializados são elementos que compõem a categoria de insumos.

A segunda categoria – de resultados – indica o desempenho dos países quanto à inovação produzida. Produção científica, patentes, novos produtos, serviços e processos, entre outros indicadores compõem essa categoria.

Na edição anterior do IGI, o Brasil teve melhor desempenho com o grupo de indicadores de “resultados de inovação”. Isso se repetiu na edição de 2023, tendo aumentado a diferença entre as performances em insumos e resultados de inovação, 59ª para a primeira categoria e 49ª para a segunda. Isso aponta que, em 2023, os agentes do ecossistema de inovação brasileiro (pesquisadores, empresas e governo) conseguiram inovar mais, mesmo tendo menos condições para isso em relação ao ano anterior.

Em análise comparativa com os demais países em desenvolvimento que compõem o índice, o Brasil se destaca por ter um desempenho em inovação acima da média em relação ao PIB. Os destaques gerais do Brasil no IGI são o grupo de indicadores de sofisticação de negócios, em que o país ocupa a 39ª posição geral, e resultados de criatividade – 46ª posição geral.

Comparado com o grupo de países de renda média alta que integram o índice, o Brasil tem desempenho acima da média nos indicadores de resultados de conhecimento e tecnologia, resultados de criatividade, sofisticação de negócios, sofisticação de mercados, capital humano e pesquisa e infraestrutura.

A análise desses indicadores deve levar em conta que os dados para a construção dos IGI são referentes ao ano de 2022 (ou o mais recente possível). Considerando que o país ainda se recupera de um período de drástica redução de investimentos públicos em CT&I, a piora nos indicadores de insumos de inovação pode ser uma consequência do contexto recente.

Na avaliação da diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, a fragilidade e a deterioração de universidades e infraestruturas de pesquisa brasileiras impactam não só a formação de recursos humanos para inovação, mas a oferta de conhecimento científico e de estruturas laboratoriais para viabilizar a inovação nas empresas.

“A brusca queda no orçamento público de investimento em CT&I inviabiliza o fomento à projetos de P&D para novas demandas da sociedade e, ainda mais grave, interrompeu inúmeros projetos de pesquisa científica e tecnológica, inclusive de empresas brasileiras, que dependem de financiamento regular e previsível para fornecerem os resultados esperados”, destaca Gianna Sagazio.

(CNI)

Foto: Divulgação/CNI

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