O uso das ferramentas tecnológicas está sendo cada vez mais incorporado pelas polícias Civil e Militar do Distrito Federal. Das complexas às mais simples – como o WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens instantâneas com 120 milhões de usuários no Brasil. As facilidades do sistema da empresa fundada em 2009 nos Estados Unidos por Brian Acton e Jan Koum auxiliam de várias formas as forças de segurança locais.
Dados da Divisão de Controle de Denúncias (Dicoe) da PCDF mostram que, das denúncias recebidas, 15% são por meio do WhatsApp. “Desde 2016 a quantidade mensagens encaminhadas pelo aplicativo dobrou”, explica o diretor da Dicoe, Josafá Ribeiro. “E continua a crescer”, reforça.
O uso do WhatsApp como auxiliar na segurança nasceu com o propósito de coletar denúncias. Foi integrado à corporação em 2014, ano da Copa do Mundo de futebol, e teve sua importância reforçada nos anos seguintes. A popularidade e a facilidade no uso levaram a Polícia Civil a investir na ferramenta como mais um canal oficial.
Anote
Há quatro canais seguros para se denunciar um fato ou alguém
197 – Denúncia online, no site
197 – Telefone
[email protected] – E-mail
WhatsApp – 98626-1197
Até outubro deste ano, mais de 17 mil denúncias foram feitas pelos canais – sendo que 2.566 por meio do WhatsApp. Diariamente, a Dicoe recebe aproximadamente 90 denúncias – que são avaliadas, tipificadas, categorizadas e encaminhadas às delegacias circunscricionais e/ou especiais, que ficam responsáveis pelas investigações.
Ao final do processo, o número cai para 50. É atualmente é o segundo canal que mais recebe denúncias. É importante ressaltar: os trabalhos da Dicoe respeitam o sigilo da fonte.
O conteúdo das denúncias se concentra no tráfico de drogas (27%), maus tratos a animais (13%) e roubo (3%). O horário com maior ocorrência é das 12h às 23h – apesar de o funcionamento ser ininterrupto.
Josafá Ribeiro, diretor da Dicoe, explica que a grande vantagem no uso do WhatsApp são as fotos e vídeos encaminhados. Na maioria das vezes, com precisão nas informações – facilitando a identificação de criminosos, locais e fatos. E, em alguns casos, em tempo real. “Essa informações são fundamentais na evolução das investigações e solução.”
Na PM, também
Apesar de a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não usar a ferramenta de forma oficial nos 25 batalhões, o aplicativo também está presente na rotina do trabalho da corporação. E por meio de grupos – que surgiram por iniciativa da comunidade, carente da necessidade de estar mais próxima da PM e de um canal direto e segmentado.
O 10º Batalhão da Ceilândia é um exemplo de sucesso no uso do aplicativo. Os militares fazem parte de vários grupos – entre eles, o do Conselho Comunitário de Segurança da região e o dos rodoviários (motoristas e cobradores de ônibus).
O feedback é bem positivo. Os rodoviários, pedem, por exemplo, ajuda dos policiais quando vêem alguém em atitudes suspeitas e a PM consegue diminuir o tempo de resposta. “Desde a implementação, os índices mostram uma redução na taxa da criminalidade na região”, garante o tenente Mata.
O prefeito comunitário do trecho 3 do Sol Nascente, José Valmir dos Santos, relata que a segurança (ou pelo menos a sensação) depois da criação dos grupos aumentou. “A comunidade percebe mais a presença da PM. As demandas, quando colocadas nos grupos, são vistas por todos – e atendidas ou repassadas ao comando, que prontamente direcionam viaturas para cá”, diz ele.
Guardião Rural
O Batalhão de Policiamento Rural implantou o programa Guardião Rural, desenvolvido para aumentar a segurança nas áreas mais distantes dos centros urbanos do DF – geralmente, localidades de difícil acesso, sem sinal de telefonia e precárias condições de iluminação. E o programa já possui 35 grupos de WhatsApp cadastrados por região.
A PM trabalha na sensibilização das comunidades rurais, por meio de palestras; em seguida, cria grupos no WhatsApp ou insere os moradores nos grupos já existentes na localidade. Os PMs visitam as chácaras e fazendas, cadastram os moradores e funcionários e então fazem o levantamento dos insumos e ferramentas agrícolas.
Os chacareiros incluídos no grupo do batalhão e a propriedade recebe uma placa de identificação, com QR Code, onde a PM acessa todas as informações que foram coletadas. O capitão Rafael Cunha, do 1º Batalhão de Policiamento Rural, explica que as principais dificuldades dos moradores da zona rural em acionar a PM pelo 190 era a dificuldade na realização das ligações.
“O WhatsApp serve como auxílio, principalmente no endereço, na descrição de uma pessoas ou de carros – que são facilmente repassadas por fotos,vídeos e localização GPS, além de áudios”, diz ele.
(Agência Brasília)