Com a chegada do período chuvoso, a Vigilância Ambiental alerta para a possibilidade de que os barbeiros (triatomíneos) – insetos que podem transmitir a Doença de Chagas – apareçam na área urbana, principalmente em residências próximas a locais arborizados, motivados pela procura de alimentos e atraídos pela luz artificial das moradias.
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O protozoário (parasita) causador da doença é o Trypanosoma cruzi e está presente nas fezes do barbeiro. Não há casos autóctones da Doença de Chagas registrados no Distrito Federal. Em 2020 foram encontrados 536 barbeiros em todo o DF, sendo 99,2% em áreas rurais.
“A invasão dos insetos dentro das residências de área urbana, principalmente em apartamentos, é rara e pode ser explicada porque os voos dos barbeiros são auxiliados por correntes de ventos ou se alojam em penas dos pássaros, provenientes de matas próximas’, informa a bióloga da Vigilância Ambiental, Vilma Ramos.
A bióloga destaca que “não é porque o barbeiro está com o parasita que ele vai infectar uma pessoa”. Entre a infecção chagásica e a possibilidade de adoecer com a doença de Chagas vários fatores devem estar relacionados, como tempo de evacuação do vetor após se alimentar; do prurido (coceira) causado no local da picada; da quantidade de parasitas tripanosomas introduzidos na picada, fator de grande importância para o desenvolvimento da doença; entre outros.
“O barbeiro pica a pessoa, que sentirá uma coceira, arranha a pele e é aí que pode haver o contato do parasita presente nas fezes com a pele lesionada, contaminando a corrente sanguínea. É um processo complexo e não tão simples de acontecer”, destaca Vilma.
O Programa de Vigilância Entomológica dos Triatomíneos, da Vigilância Ambiental, tem como objetivo atuar no domicílio para interromper a infestação e/ou reinfestação dos barbeiros. A partir disso, são adotadas medidas operacionais para o controle, que incluem barreiras físicas nos locais que possam ser esconderijos deles e a intervenção com aplicação de produto químico, quando assim o exigir.
A orientação é de que os insetos suspeitos de serem barbeiros sejam capturados em um vidro ou sacola, sem colocar em álcool ou água, e enviados à Vigilância Ambiental para confirmação da espécie e contaminação. A Vigilância pode ser acionada pelo telefone 2017-1344 ou diretamente nos Núcleos Regionais de Vigilância Ambiental (veja aqui os endereços).
“A amostra seguirá para laboratório para identificação. Se for confirmado que trata-se do barbeiro, o agente da Vigilância agendará uma inspeção na casa do morador e, se necessário, aplicará as medidas indicadas para o controle”, reforça Vilma.
Recomendações
- A coleta do inseto suspeito deve ser precedida de cuidados para não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto, protegendo bem a mão com luva ou saco plástico.
- É preciso ter o cuidado de não tocar diretamente o inseto ou acondicioná-los em recipientes plásticos ou de vidro, com tampa de rosca para evitar a fuga.
- As amostras coletadas de barbeiros em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou quintal) deverão ser acondicionadas separadamente, com os recipientes rotulados: data, endereço completo e nome do responsável pela coleta, local de captura, se dentro da casa (qual o cômodo) ou fora dela.
- Nas residências as recomendações são de instalar telas apropriadas nas janelas, a fim de criar uma barreira mecânica ao ingresso de barbeiros e outros insetos ou animais indesejados.
- Os locais com potencial de se tornar esconderijos de barbeiros deverão ser tampados/vedados.
- Na limpeza do domicílio devem ser inspecionados atrás dos quadros nas paredes e embaixo dos colchões e travesseiros, para verificação sistemática de possíveis esconderijos dos insetos pela proximidade com a fonte alimentar (pessoas dormindo).
- Também devem ser observadas frestas em paredes e, ainda, evitar amontoados de pertences que sirvam de esconderijos.
(Agência Brasília)