Hoje a capital federal faz 58 anos. Por ironia do destino não nasci nesta cidade, mas aqui fui feito, segundo minha avó Elba. Cheguei aqui com dois anos e alguns meses. Depois fui embora aos sete anos e voltei com nove. Desde então, nunca mais vivi em outra cidade. Sou louco por Brasília. O sentimento que sinto por esta terra é inexplicável.
As lembranças são tantas. Aqui estudei na Escola Normal de Brasília, no Caseb, no CIL da Asa Sul, no Setor Oeste, no Projeção, na Uneb, no Unicesp e em mais alguns locais. Lembro-me da Brasília onde as casas das 700 não tinham grades, podia se deixar a porta destrancada, brincar até a meia noite sem se preocupa com um possível assalto ou qualquer tipo de violência.
Sinto muita saudade do antigo Parque Rogério Pithon Farias (hoje Parque da Cidade Sarah Kubitschek) com sua Piscina de Ondas, Praça das Fontes, Pedalinho, Pesque e Pague, o parquinho Castelinho, o parque Ana Lídia (com infraestrutura adequada), como era bom. Tudo funcionava perfeitamente.
Às vezes me vem à cabeça a EPTG cercada com os eucaliptos, a W3 Sul aos domingos praticamente vazia, o trajeto entre o Caseb e o CIL, os poucos carros que circulavam à noite, as idas até Sobradinho com direito a parada no posto Colorado (gostava de comer moela e salsicha ao molho) quando acompanhava meu pai que ia buscar minha mãe no hospital daquela cidade. O longo caminho até Brazlândia ou Santo Antônio do Descoberto quando ia visitar meus avós paternos. A pescaria de lambari na Lagoa Veredinha, em Brazlândia. O futsal ou vôlei no ginásio de Esportes do Núcleo Bandeirante.
A Brasília que só tinha o Conjunto Nacional e o Venâncio 2000 como os únicos shoppings. A UnB com suas inúmeras salas solitárias e o Ceub com seu campo de futebol, locais que costumava brincar enquanto esperava minha genitora estudar. O antigo estádio Mané Garrincha. O teatro da Escola Parque. Quem viveu e conheceu essa Brasília, cheia de esperança, com certeza, sente saudade.
A minha Brasília mudou muito. Alguns dizem que foi maltratada porque cresceu desordenadamente. Eu me lembro de Brasília quando era só Cruzeiro, Gama, Guará, Candangolândia, Brazlândia, Ceilândia, Taguatinga, Núcleo Bandeirante, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Lago Sul, Lago Norte, Asa Sul e Asa Norte. Como diria o poeta: o tempo foi, ficou pra trás. O tempo passa e não volta nunca mais.
Que em 2018, o criador do Universo, que dizem que é brasileiro, que olhe para o seu povo, para a sua gente e que nos ajude a escolher governantes que tenham comprometimento com o resgate que tanto se fala. Precisamos ter de volta a Brasília que era referência em saúde, educação, segurança, transporte e muitas outras coisas. Não podemos ser mais a Brasília que abriga aqueles que mancham a sua história. Que a minha Brasília, capital da esperança, de volta. E você?
Por José Fernando Vilela
Foto: Montagem Expressão Brasiliense