• 23 de abril de 2024

OPINIÃO | Não existe Cloroquina do mal ou do bem, existe a Cloroquina

*Por Luciano Lima

Por que a Cloroquina virou alvo de intensos, agressivos e acalorados debates políticos nas redes sociais?

Antes de chegar a esta resposta, precisamos entender primeiramente o que é a cloroquina. O remédio é a versão sintética da quina, uma árvore usada pelos índios para curar suas dores e febres. A Cloroquina existe há mais de 70 anos e é usada contra a malária, casos de artrite reumatóide, amebíase extraintestinal e lúpus.

Desde a descoberta do COVID-19, a cloroquina é apenas um dos muitos medicamentos que estão sendo usados de forma experimental pela urgência de combater o novo coronavírus, enquanto não surge um remédio ou vacina mais eficientes para conter o avanço da doença.

Muitos desses debates acalorados giram em torno dos efeitos colaterais do remédio. E eles, de fato, existem e podem ser graves. A hidroxicloroquina não pode ser administrada indiscriminadamente e sem supervisão médica. Aliás, nenhum remédio pode ser tomado sem a devida indicação ou prescrição de um médico responsável.

Remédios aparentemente inofensivos e que para a maioria da população são medicamentos banais, ou seja, usados sem muitos critérios, podem ser tão fatais quanto a Cloroquina.

O AAS, a Aspirina, o Paracetamol, a Dipirona, anticoncepcionais e antibióticos, por exemplo, são remédios muito populares e que muitas vezes são usados sem nenhum acompanhamento ou prescrição por milhões de brasileiros. E você sabia que esses remédios podem trazer danos irreversíveis?

A Dipirona pode causar uma doença aguda do sangue chamada agranulocitose. A Aspirina pode causar hemorragias e processos alérgicos que podem comprometer a saúde. O AAS pode ser mortal para hemofílicos e pacientes com insuficiência hepática ou lesões gástricas graves. O simples comprimido de Paracetamol, que pode ser vendido como “balinha” em qualquer farmácia, pode causar graves danos ao fígado e ao cérebro.

Então, porque a Cloroquina teve sua imagem tão arranhada no Brasil nos últimos meses? A resposta é fácil: briga política. Depois que o presidente Jair Bolsonaro resolveu defender o uso do medicamento, seus adversários políticos tentam transformar o remédio em inimigo público número 1 do Brasil. É uma violenta desconstrução da imagem do remédio. E não estou dizendo que o presidente Bolsonaro está certo e nem errado. Mas o que teria acontecido se Bolsonaro tivesse dito que o remédio é uma porcaria e não serve para nada? Deixo essa pergunta para reflexões pessoais.

Não seria a ciência a cultura da dúvida ou da divergência de opiniões? A matemática não seria a única ciência exata? Por que a Cloroquina agora não serve para nada?

Entendo, como leigo, que a divergência envolvendo a cloroquina é completamente compreensível e diria até democrática. No entanto, não considero justo marginalizar e ignorar um medicamento que tem seu uso defendido por cientistas renomados mundialmente, como os médicos Paolo Zanotto, Didier Raoult, Philip Carlucci e Vladimir Zelenko. Ou seja, é Fake News afirmar que não existem estudos que defendem o uso e que o remédio não pode ajudar. Assim como é justo afirmar que existem cientistas que são contra a indicação da hidroxicloroquina.

A hidroxicloroquina já é administrada em vários estados brasileiros e em vários países do mundo. É fato que pacientes reagiram positivamente com o uso do medicamento, apesar de não haver certeza científica que a hidroxicloroquina pode ser eficiente contra o COVID-19. O certo é que o uso ou não do remédio não pode ser definido por debates políticos que beiram a insensatez e o ridículo. Se há relatos de que o remédio foi eficiente, porque condená-lo ao eterno vale da escuridão?

Quero deixar bem claro que a iniciativa de escrever este modesto artigo, que se baseia em tudo que tenho lido contra e a favor, é para que possamos fazer uma reflexão sobre o inoportuno, oportunista, covarde e provinciano debate em que está submetida a saúde pública no Brasil. Chega a ser nojento o uso político que está sendo efeito. Lembrando que este ano tem eleições municipais.

Posso até não concordar com o remédio que você toma, mas se ele pode ajudar, defenderei até a morte o seu direito de poder tomá-lo. O que não posso aceitar é que você morra sem ter tido a esperança ou oportunidade de tentar ou tomar.

*Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista

Expressão Brasiliense

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