Os últimos conflitos entre os Estados Unidos e o Irã fez com que surgissem teorias conspiratórias de que uma 3ª guerra mundial estaria prestes a acontecer. Alguns especialistas já davam como certo um possível embate entre os norte-americanos e seus aliados contra os iranianos e apoiadores do regime islâmico. Era esperado que tanto Donald Trump quanto o aiatolá Khamenei fizessem pronunciamentos mais efusivos e subissem o tom após os ataques recentes realizados de um país contra o outro.
Muitos estão se perguntando: por que houve recuo de ambas as partes? A resposta é simples. Os interesses comerciais falaram mais alto. Trump, com certeza, foi alertado de que não teria o apoio maciço daqueles que “a América” consideram como fieis aliados. E Khamenei também deve ter sido orientado a ir com calma já que enfrentaria um adversário com poderio militar bem superior. Com isso, os dois líderes baixaram as armas e entrou em cena o diálogo. Não se sabe ao certo até quando.
No frigir dos ovos quem pode sair perdendo é o Brasil. As relações comerciais entre o país e o Irã movimentam mais de US$ 2 bilhões por ano, o que pode parecer pouco, mas é uma bela quantia para uma nação que ainda está se recuperando dos últimos baques econômicos. O governo brasileiro agiu rápido para minimizar as possíveis desavenças. Bolsonaro optou em não participar do Fórum Econômico Mundial na Suíça alegando questões de segurança, mas, na verdade, o que ele quis foi evitar ser cobrado por aqueles que tem um peso maior na balança comercial brasileira, como a China e a Rússia, que são próximos do regime dos aiatolás.
Já que não haverá mais a tal 3ª guerra mundial, é hora do Brasil repensar as suas estratégias e não meter a colher aonde não foi chamado. Quanto a Trump e Khamenei, é bem provável que tão logo estejam fumando o cachimbo da paz, nem que seja aceso por outro líder mundial.
*José Fernando Vilela é jornalista com especialização em Marketing Político, blogueiro e botafoguense.