• 26 de abril de 2024

Brasília pode ser ideal para os carros, mas pode ser perfeita para as bicicletas

*Luciano Lima

Hoje, 15 de abril, é o Dia Internacional do Ciclista, e não tenho dúvida que certamente há motivos para comemorações em alguns países do mundo. E em Brasília e no Brasil: há motivos para a data ser lembrada com festividade?

O Dia Internacional do Ciclista (15 de abril) e o Dia Nacional do Ciclista (19 de agosto) são datas que deveriam servir para conscientizar o poder público e a população sobre a importância do ciclista e da bicicleta. São datas que deveriam lembrar que a bicicleta poderia ser um meio de transporte eficiente, viável e sustentável. É preciso entender que a bicicleta é um modal que poderia facilmente ser adotado para que milhões de pessoas possam ir ao trabalho, à escola, ou melhor, aonde elas quisessem.

Infelizmente, a boa convivência que deveria acontecer entre ciclistas, motoristas e poder público é ignorada. Brasília, por exemplo, é uma cidade que, ainda, está bem distante de ser “Amiga do Ciclista”. Nossa malha cicloviária liga algum lugar a lugar nenhum, ou seja, não há conexões entre ciclovias, ciclofaixas e vias. O número de acidentes envolvendo ciclistas na “capital de todos os brasileiros” ainda é considerado alto, apesar da redução do número de vítimas fatais nos últimos anos.

Só para se ter ideia, houve tempos de verdadeiras chacinas em Brasília. Entre 2000 e 2013, o trânsito da nossa cidade tirou a vida de 639 ciclistas. Só em 2009, 42 ciclistas foram mortos.

Precisamos mudar comportamentos e atitudes. Temos que ter coragem para romper com o monopólio prejudicial da indústria automobilística. E para isso não precisamos implantar uma ditadura radical contra os carros. É bobagem! Só é preciso apoiar, respeitar, implantar e estruturar os diferentes modais para que a população tenha a opção de escolha.

E o que poderia ser feito? Um vagão do Metrô só para as bikes; implantação e ampliação dos bicicletários, inclusive nos prédios públicos; suportes para as bikes nos ônibus do transporte público; instalação de banheiros em prédios públicos para que os ciclistas possam chegar, tomar banho e trocar de roupa; mais campanhas educativas; a obrigatoriedade de cursos para quem está tirando a primeira Carteira Nacional de Habilitação sobre respeito aos diferentes modais… Enfim, é preciso ter coragem para implantar uma nova cultura. É implantando pequenas políticas que vamos alcançar grandes resultados.

VOCÊ SABIA QUE A BICICLETA É UM VEÍCULO?

Segundo o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), o ciclista deve respeitar sinais de trânsito e sinalização. O ciclista também deve circular na mão correta da via, além, é claro, dos equipamentos de segurança, como capacete, luvas, óculos, campainha, sinalização (dianteira, traseira, lateral e nos pedais) e retrovisor do lado esquerdo.

E para terminar meu desabafo, que alguns podem chamar de artigo, só queria deixar dois recados. Aliás, um é sonho. O sonho é não ver mais no rosto da minha esposa Mônica Lima a felicidade, por medo, quando digo que “hoje” não vou pedalar. E o recado é que Brasília pode até ser ideal para os carros. Mas pode ser perfeita e um exemplo de políticas públicas para as bicicletas.

*Luciano Lima é historiador, jornalista, radialista e um amante das Bikes

Expressão Brasiliense

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