Agora é oficial: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) o decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entram no mercado norte-americano. A medida começa a valer em sete dias, contados a partir da publicação. O texto completo do decreto já está disponível.
O tarifaço não pegou ninguém exatamente de surpresa. A medida já havia sido antecipada em 9 de julho, quando Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticando decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando o Judiciário brasileiro de perseguição política e mencionando uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde então, o governo brasileiro tentou, sem sucesso, abrir um canal de diálogo com a Casa Branca. Ignorado solenemente.
Em nota oficial, o governo americano justificou a taxação como forma de proteger os interesses das empresas dos EUA e acusou o Brasil de adotar políticas que ameaçam a liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos. O documento cita nominalmente Bolsonaro, apontando que ele e seus apoiadores estariam sendo perseguidos politicamente pelo Estado brasileiro.
“Estabelece uma tarifa adicional de 40% para lidar com as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas dos EUA, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos dos EUA, a política externa dos EUA e a economia dos EUA”, diz o decreto.
“A Ordem considera que a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivados pelo Governo do Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores são graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil”, completa o texto.
Apesar da retórica em defesa de Bolsonaro, o pano de fundo do tarifaço é bem mais complexo. Washington está de olho em movimentos do Brasil no comércio internacional, como o esforço para diminuir a dependência do dólar, as críticas abertas à política externa norte-americana — especialmente nas guerras de Israel com Palestina e Irã — e até a tentativa brasileira de emplacar uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, onde os EUA têm poder de veto.
Outro ponto de atrito é o debate sobre a regulamentação das big techs no Brasil. A possibilidade de o Congresso aprovar regras que afetem diretamente empresas como Google, Meta e X (ex-Twitter) é vista por Washington como ameaça à atuação das gigantes norte-americanas. O STF também entrou no radar, com decisões consideradas intervencionistas demais pelos americanos.
E não para por aí: o Pix virou alvo de investigação nos EUA. Autoridades locais suspeitam de prática desleal de mercado, o que poderia prejudicar empresas como Visa, Mastercard e o WhatsApp Pay. O sistema brasileiro de pagamentos instantâneos é considerado concorrência incômoda demais.
Brasil tenta, mas fica falando sozinho
Nos bastidores, o governo Lula se mexeu. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, assumiu as rédeas das tentativas de negociação com os americanos. Teve reunião com empresários, contatos com representantes da Casa Branca e até jogou na mesa a regulamentação das redes sociais como moeda de troca.
A última conversa oficial foi no dia 29, terça-feira, num encontro com representantes das big techs. Mas, até agora, nada mudou na prática.
O Itamaraty chegou a cogitar retaliar os EUA com uma tarifa equivalente, mas a pressão do setor empresarial esfriou a ideia. Empresários querem cautela, com medo de transformar uma crise comercial em guerra declarada. O chanceler Mauro Vieira chegou a viajar aos EUA, mas voltou sem sequer conseguir uma audiência formal com o governo de Trump.
Enquanto isso, o tarifaço bate à porta e o governo brasileiro tenta, sem muito sucesso, conter a sangria diplomática e comercial.
Com informações Istoé
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